ImNotTzuyuki 06/01/2023
"são eles, pela sua loucura, que sofrem mais do que deviam!"
A Odisseia narra os vários acontecimentos posteriores ao fim da guerra de Troia e, principalmente, as dificuldades sofridas por Ulisses (o Odisseu) ao tentar retornar para sua terra, Ítaca. Ademais, está inclusa no poema a chamada "Telemaquia", na qual contemplamos o amadurecimento do filho do feérico Ulisses de mil ardis, Telêmaco, guiado numa empreitada pela deusa de olhos esverdeados, Palas Atena ? também mentora de seu pai.
Quanto ao enredo todo, é possível afirmar, junto ao professor José Monir Nasser, que esta é uma obra quase que cinematográfica, hollywoodiana, uma vez que nos imerge completamente na história e dá asas à imaginação, desenhando em nossas mentes todos os cenários criados pela pena de Homero. Cada canto gera uma diversidade de sentimentos, porém, não imaginei que a alegria predominasse durante grande parte da leitura; houve momentos em que gargalhei com as peripécias e astúcia do Laertíada. Malditos sejam os "intelectuais" pedantes que transformam livros como este em grandes tratados filosóficos com interpretações absurdamente complexas, quando, na verdade, são apenas estórias imbuídas de divertimento, tradições e costumes ? obviamente, também repletas de beleza e qualidades literárias superiores à totalidade dos best sellers contemporâneos.
Quanto à forma narrativa, como bem destaca Erich Auerbach em "Mimesis", é magnificamente feita em primeiro plano; mesmo em meio às inúmeras digressões apresentadas, o poeta não traz as reminiscências do passado tratando-as como tal, todavia, faz com que as enxerguemos ocorrendo no presente momento, como se todo relato fosse um acontecido contemporâneo. Ademais, o estilo homérico não deixa espaço para lacunas: todos os personagens (aos quais não faltam patronímicos e epítetos), acontecimentos e locais são detalhados de maneira bela e precisa; não há elemento insignificante o bastante para não merecer ser mencionado com maestria.
Sem sombra de dúvidas, a leitura da Odisseia, uma estupenda comédia (no sentido original da palavra, a saber, quando as coisas saem como o esperado), mostrou-se como sendo demasiadamente mais simples que a da trágica e magnífica Ilíada. Ainda, posso afirmar que minha admiração pelos épicos cresce exponencialmente a cada livro. Portanto, me vejo na obrigação de adicionar a segunda epopeia do extraordinário aedo à minha lista de favoritos... Fundamental e essencial.