La Oliphant 18/07/2018
Não vou mentir, quando eu peguei Clube da Luta Feminista para ler, eu estava muito curiosa sobre o que seria a leitura, mas, ao mesmo tempo, eu não estava muito animada porque esse tipo de estrutura de texto normalmente não me prende. Mas, Jessica Bennet me conquistou com a sua escrita descontraída e desde o começo do livro, a sensação que eu tive foi de estar conversando com uma amiga. Além de conseguir identificar no meu dia a dia as coisas que ela estava narrando, eu ainda aprendi muito mais do que eu estava esperando.
Então, sobre o que é o Clube da Luta Feminista? Bem, ele é mais ou menos como um guia para ajudar mulheres a navegar pelo mercado de trabalho machista em que vivemos. Ele vai desde a te ensinar a identificar os tipos de machistas que provavelmente trabalham com você até a te ajudar a identificar certas posturas e comportamentos que podem acabar te prejudicando no trabalho sem que você perceba. E todas essas orientações são passadas pela autora com todo o bom humor de uma escrita descontraída.
O primeiro ponto positivo do livro, principalmente se você é uma pessoa que nunca sabe por qual livro começar, é que Jessica Bennett vem munida de todo o tipo de referência literária para quem quer começar a ler livros feministas para entender o movimento. Ela nos dá exemplos, trechos e nos conta muito da sua própria experiência profissional e como isso fez com que ela resolvesse escrever esse livro. Se você é mulher e trabalha num ambiente tipicamente masculino, esse livro é quase uma necessidade na sua vida.
As dicas profissionais e de comportamento são muito boas. Nós mulheres às vezes trabalhamos em ambientes hostis e para sobreviver nesse mercado de trabalho é preciso muito jogo de cintura e, com o Clube da Luta Feminista, você tem uma ideia muito melhor de como lidar com todo o tipo de situação e o melhor é que o livro não te ensina a se esconder, mas sim a brigar pelo seu espaço com a cabeça erguida, sem deixar os machos te intimidarem.
Os primeiros capítulos foram os mais divertidos, onde a autora conta algumas experiências reais e identifica os tipos de homem machista que nós vamos encontrar no mercado de trabalho. Eu amei essa parte porque eu já trabalhei em lugares muito machistas e já fui tratada como “secretária” ou “a menina do café”, mesmo que essa não fosse a minha função. Aliás, eu vou começar a queimar todos os cafés que eu fizer no trabalho agora, é meio que a minha meta de vida.
Uma coisa que eu percebi com esse livro é que é muito comum, no trabalho, as pessoas confundirem gentilizas com as nossas funções. Eu sempre pensei que se eu me oferecesse para ajudar um amigo ou algo do tipo, não seria um problema, mas depois que eu li esse livro, eu percebi que sempre que eu tentava ajudar alguém na sua função, eu acabava ficando com ela para mim, para sempre. O que era um saco porque a pessoa ficava com menos trabalho e eu praticamente dobrava a minha carga horária.
Uma coisa que me chamou atenção é que ela também conseguiu incluir os manos nessa luta. Tem um capítulo inteiro no livro sobre como os nossos colegas de trabalho podem contribuir para ajudar na nossa causa e eu achei isso muito importante. Acho que não é só ensinar as mulheres o que fazer e como fazer, mas ajudar os homens a perceberem como é importante que eles também respeitem o nosso espaço e nos deem aquela forcinha na causa sem desrespeitar e sem diminuir a nossa capacidade.
De verdade? Jessica Bennett foi uma heroína com esse livro. Primeiro porque tinha muita coisa sobre o ambiente de trabalho que eu ainda não tinha percebido e, segundo, porque me deu a chance de encontrar muitas formas de melhorar no meu trabalho e ajudar outras mulheres a melhorarem também. Eu acho que eu vou dar esse livro para absolutamente todo mundo que eu conheço, sério!
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