Jeffrodrigues 17/04/2018Resenha publicada no Leitor Compulsivo.com.brDoze competidores bem distintos testando sua resistência, seu emocional, e seus limites físicos em um reality show de sobrevivência em provas realizadas em uma floresta é o tipo de ideia que faz um livro soar bastante promissor. Agora, se pensarmos que a isso se soma uma catástrofe apocalíptica no mundo ao redor, a história ganha contornos para ser eletrizante. É mais ou menos isso que a estreante Alexandra Oliva se propôs a contar em O que Restou. Entre altos e baixos, ela conseguiu entregar um livro correto, mas que não explorou todo o potencial da ideia que tinha em mãos.
Com um começo fantástico e super envolvente, O que Restou não faz rodeios e já joga o leitor dentro do reality show. A narração varia, mostrando o ponto de vista de cada competidor e como cada um encara seus concorrentes e o jogo em si. Um narrador vai situando o leitor nos meandros da produção e nas manipulações de câmeras e cenas para levar ao público somente a versão exata que interessa aos diretores. E o clima de reality, do jeitinho que estamos acostumados a assistir, exala de cada página. A autora soube dar a cara e o jeitão dos programas televisivos de reality com personagens carismáticos, suas disputas pessoais, os grupos que se formam, os momentos de estresse, tensão, desânimo, atração sexual, paranoia, e etc. sem fim.
A partir de determinado momento, a trama passa a centrar em uma competidora, Zoo. É através dela que acompanharemos mais da metade do jogo até o desfecho. Seus desafios, motivações pessoais e traumas emocionais que a levaram topar se inscrever para o programa vão se intercalando com o avançar das provas. É com ela, também, que vamos acompanhar a principal mudança na história, quando por trás das câmeras o mundo entra em colapso.
Apesar de seu começo empolgante, à medida que O que Restou avança, a história começa a perder o fôlego caindo numa narração normal, sem surpresas, percalços ou ação. Passamos a acompanhar a personagem Zoo e ponto. Sua rotina rapidamente nos dá tédio. Sua falta de percepção para tudo de estranho que a rodeia a princípio pode até ser aceitável, mas depois soa inocente e inverossímil demais. E não há mais nada no livro. O suspense que poderia segurar o leitor é desfeito no primeiro capítulo, e incrivelmente a autora não criou mais nada que prendesse atenção. Em resumo, as trezentas páginas acabam se tornando um teste de sobrevivência e a reta final deixa uma sensação de que faltou algo que desse mais sustância para a trama.
Por se tratar de um livro de estreia, O que Restou deixa evidente o talento da autora. É um bom livro que distrai e que vale a pena ser lido. Apenas não esperem encontrar uma grande história.
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