Clara T 03/08/2023PartidaSe tem muitas coisas que são relíquias, pensar que esta obra, ainda que parcial, se salvou do século I, está entre as mais importantes. Inaugura o que se passou a ser conhecido com Sátira e é um texto em prosa.
São desventuras de jovens, narrados do ponto de vista de Encólpio, com inúmeros discursos.
A obra mostra um estilo cômico e bastante realista, expondo de forma exagerada a devassidão e corrupção dos cidadãos romanos. Aproveita a oportunidade para expor críticas aos novos ricos, aos estudiosos pedantes e seus discursos, aos ex-escravos.
Encólpio começa percorrendo as ruas de uma cidade, entre um golpe e outro, as aulas da universidade, as casas de devassidão e os opulentos banquetes. Cada momento do Banquete, que poderiam durar vários dias, são descritos. E tantos interesses fazem Encólpio brigar com seu melhor amigo Ascilto, dividir o butim e partir desanimado sem destino para o próximo golpe. Consegue contar com a proteção de Eumolpo mas acaba fugindo do forno para cair na frigideira.
Perseguido em tantos cantos, Encólpio naufraga em Crotona e inicia uma nova farsa, mas é vingado pelos Deuses naquilo que lhe é mais valoroso.
Infelizmente não tem exatamente um início e muito menos um fim. As partes que sobreviveram ao tempo desenvolvem uma história que é divertida por si só sem chegar a conectar o começo, meio e fim. A parte final traz trechos incompletos que indicam a necessidade de partida para a próxima aventura destes cidadãos errantes.