Lethycia Dias 23/11/2022Não teve novidade pra mimFazia tempo que eu tinha vontade de ler esse livro, mas talvez tenha deixado passar muito tempo desde a primeira vez que ouvi falar dele até a leitura. Não é que tenha achado ruim, é só que não apresentou muita novidade pra mim.
"Quem tem medo do feminismo negro?" é composto por um ensaio autobiográfico de Djamila Ribeiro, intitulado "A máscara do silêncio", e por uma série de artigos da autora publicados em jornais e revistas brasileiros, especialmente na revista Carta Capital, entre os anos de 2014 e 2017. O ensaio inicial relata o processo da autora de tomada de consciência sobre negritude e sobre o lugar dado pela nossa sociedade às pessoas negras, narrando desde a infância até a vida adulta de Dijamila, e como a leitura de autoras negras e o contato afetuoso com pessoas negras foi importante para amenizar os efeitos do racismo sobre sua autoestima e suas perspectivas de vida. Ler esse ensaio foi uma experiência incrível e me fez querer ler muito mais autoras negras, inclusive as que são citadas no texto.
Já os artigos... Não são uma experiência tão interessante assim. Não é que sejam ruins, porque não são. Todos apresentam uma linguagem simples e direta. O problema é que eu já conhecia quase todos eles, já tinha pensado bastante sobre os assuntos de que se tratam ou tinha acompanhado as discussões sobre alguns dos assuntos que os motivaram.
Isso porque os artigos selecionados para este livro são comentários da autora sobre algumas das notícias mais polêmicas da mídia brasileira durante o período em que foram publicados, tocando sempre em assuntos como racismo, machismo, liberdade de expressão, cultura e política, entre outros. Um bom exemplo é a matéria de jornal elogiando a esposa do então vice-presidente Michel Temer, Marcela Temer, qualificando-a como "bela, recatada e do lar".
Eu me lembro que, na época em que esses artigos foram escritos, eu usava bastante o Facebook e acompanhava alguns debates de temas afins. Links das colunas de Djamila Ribeiro na Carta Capital apareciam com frequência entre as publicações compartilhadas pelos meus amigos e pelas páginas que eu seguia, e eu me lembro da aparência visual da coluna e é possível que possa ter lido várias edições. É por isso que, enquanto lia os textos replicados no livro, tinha a impressão de que já conhecia todos os assuntos e já tinha lido vários deles.
São textos em geral curtos, com tempo médio de leitura indo de 3 a 5 minutos, e podem ser interessantes para quem nunca teve contato com os temas anteriormente, mas para quem já está mais adiantado em leituras sobre racismo, machismo, feminismo e já leu livros teóricos de autoras e autores negros, pode não conter muita novidade. Pra mim, não teve. É uma pena, porque eu tinha expectativas altas pra esse livro.
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