Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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Ana Ira! 04/03/2019

Terminei há alguns dias o livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e gente, tô muito impactada e emocionada com esse livro! Ainda não pegay mais nada pra ler, não consigo parar de pensar nesses personagens tão ricos em suas emoções e labutas, e tão pobres e sedentos em suas vidas diárias.

Foi um livro que me emocionou, me fez rir, chorar, e pensar na vida difícil do Fabiano, dos meninos (ri com eles kkk), na tristeza e luta da Sinhá Vitória... Chorei e senti por Baleia, enfim, muitas emoções.

Um livro curtinho, mas que nos faz questionar e refletir mais sobre a vida....
É triste, é cruel, é dolorido ler sobre a seca e demais problemas do nordeste brasileiro. Dói na alma...

Com certeza um livro que precisa ser lido por todos!
Kkkk 05/03/2019minha estante
Olá , sou nova por aqui rsrs, pode me ajudar ? Como eu faço para ler um livro aqui !!


Ana Ira! 06/03/2019minha estante
Olá, tudo bem?
Por aqui no skoob não tem como ler livros. Mas dá pra você adicionar no seu perfil os livros que você já leu e resenhá-los; os que gostaria de ler; os que tem sem ter lido e os que abandonou.
Dá pra fazer trocas de livros com os usuários também.




Lerinha80 20/02/2022

Vidas secas
Clássico da literatura nacional. Graciliano Ramos narra a história do sertanejo Fabiano, homem simples, e sua família. As adversidades e incertezas que assolam esses personagens pela falta de perspectivas de transformação da realidade dentro da sociedade em que vivem é extremamente desoladora. Fabiano passa por conflitos internos em razão de situações que vivencia, sofre pela miséria e por sonhos que dificilmente serão concretizados. Forte crítica social e incrivelmente atual.
Carolina.Gomes 27/02/2022minha estante
????????


Marcos 27/02/2022minha estante
Quero ler em breve




Caesar 07/04/2022

Lindo e ao mesmo tempo doloroso. Vidas secas apresenta a vida de uma família que busca fugir da dura vida causada pelas secas no sertão do nordeste.
Alane.Sthefany 07/04/2022minha estante
Se você gostou dele, quem sabe você goste também de "Morte e Vida Severina", é muito bom. Super indico (se ainda não leu)

Também tem a ilustração de toda a história, no canal TV Cultura.


Caesar 10/04/2022minha estante
Pretendo ler sim! ??




Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 17/11/2017

Uma obra excepcional
Publicado pela primeira vez em 1938 pela editora José Olympio, Vidas Secas é a obra-prima do escritor alagoano Graciliano Ramos, um dos principais representantes da segunda fase modernista da nossa literatura. De caráter regionalista, o livro de Graciliano, bem como as de seus contemporâneos do regionalismo de 30, se difere enormemente do regionalismo da escola romântica do século XIX, pelo seu caráter realista e denunciativo, preocupado com as questões sociais e políticas da época no Brasil.

Um romance de pequena extensão, mas que expõe como nenhum outro o analfabetismo, a pobreza e a estrutura social e fundiária excludente pouco visíveis ao restante do país que enxerga o Nordeste apenas como a Região das Secas. Indo além da seca que dá nome ao romance esta é uma obra que fala da Vida, vidas que secam e se perdem na poeira da estrada. É, pois, uma denúncia das condições degradantes de miséria a que são submetidos os trabalhadores do campo, forçados a migrarem em busca de trabalho e melhores condições de sobrevivência.

O enredo de Vidas Secas é do mais simples, apesar de trazer em seu bojo uma reflexão profunda da vida do trabalhador sertanejo que com sua família se retiram fugidos dos efeitos da seca.

O romance é composto em grande parte por pequenos momentos cotidianos dos personagens distribuídos em pequenos capítulos marcados pela falta de linearidade – o que permite a leitura de cada um possa ser feita quase que de forma independente.

Logo no primeiro deles somos apresentados a situação lastimável da família de Fabiano que famintos e exaustos da viagem interminável caminhavam sob o sol abrasador. Neste momento, Graciliano, com sua narrativa seca e objetiva, busca ressaltar o farrapo humano no qual os cinco “viventes” se encontravam reduzidos. Tudo ali, seja na descrição dos “infelizes”, no seu caminhar arrastado em busca de alguma sombra, ou na atitude violenta de Fabiano com o filho que já não aguentava prosseguir com a caminhada, intencionalmente, o autor busca frisar o cansaço, a desgraça e o embrutecimento ao qual aquelas pessoas estavam submetidas ao longo de uma viagem fatigante e cruel pela caatinga ressequida.

Mas é após a chegada da família na fazenda abandonada, onde se instalam, que a narrativa prossegue apresentando as perspectivas, anseios e conflitos internos de cada um dos seus personagens, revelando seus dramas e conflitos pessoais à jusante da realidade de miséria, ignorância e exploração vivida pelos mesmos. Desta forma, a cada novo capitulo vamos nos aprofundando na visão que estes tinham de si, dos outros e do mundo. É, pois, nessa descrição dos pensamentos, anseios e reflexões que se encontra o valor intrínseco da obra. Narrador e personagem se fundem em uma só voz, o que chamamos de discurso indireto livre, dando vazão às frustrações, sonhos e medos que acometem aquelas pessoas simplórias e submissas aos desmandos da natureza e dos homens.

Por fim, foi gritante para mim, principalmente no primeiro capítulo, que a secura de que fala o título não está só na vida ou no período da estiagem, como também nas pessoas embrutecidas pelo sofrimento. Nos tornamos secos quando submetidos a hostilidade de um mundo opressor e indiferente ao sofrimento alheio.

Enfim, Vidas Secas é uma obra excepcional. Gosto dela pela sua crítica social pertinente pelo seu gosto pela linguagem regional, pela cadelinha Baleia, pelo menino mais velho. Vivo no sertão, e me interesso profundamente pelo Semiárido Brasileiro, pela sua estrutura político-social e por sua história marcada pela injustiça. Pela luta de milhares de Fabianos que construíram a fortuna dos latifundiários, dos coronéis. Pessoas simples, mas dignas. Que conhecem a fome, a penúria e sabem valorizar o pouco, o mínimo. Que sonham com um sertão diferente, de fartura e liberdade.

Eric Silva, resenhista do blog Conhecer Tudo
Resenha original: http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/11/vidas-secas-graciliano-ramos-resenha.html
Nesse ano, a campanha anual de literatura do nosso blog homenageia a literatura do Brasil. Venha nos Conhecer!

site: http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/11/vidas-secas-graciliano-ramos-resenha.html
Marcelle Reis 28/01/2018minha estante
Parabéns pela incrível resenha.


Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 28/01/2018minha estante
Muito obrigado! :)




marconevb 27/02/2020

Como eu amei esse livro
Graciliano me levou de volta para o sertão, para as recordações de meus avós e suas histórias de antigamente.
O cenário de Vidas Secas me fez lembrar como essa é a realidade de muitos, que sobrevivem apesar das situações tão adversas e que mantém a fé e a esperança de dias melhores.
De forma poética, ao mesmo tempo, triste e bela, o autor retrata coisas que são tão nossas. Nos faz ver as cenas e enxergar a vida sob sua perspectiva.
A realidade da seca, da pobreza, as dificuldades. A falta de acesso à educação, à moradia, a condições de vida. Uma realidade tão sofrida e que ainda está presente em tantas famílias.
O autor consegue preservar a esperança, mesmo falando de uma realidade tão sem perspectivas. E faz críticas ao abuso de autoridade, ao governo, a religião, a sociedade, e até mesmo a linguagem.
Nos faz refletir sobre sonhos, prioridades, necessidades. Nos faz refletir sobre a vida.
A dor, o sofrimento, a morte... são tão bem representados por Graciliano. Ele transforma a tristeza em poesia.
O autor relata um mundo de opressão, de negação de direitos, de condições precárias de vida, mas tudo isso de uma forma que preserva os sonhos e esperanças de um futuro melhor.
Os capítulos do livro são independentes e o autor coloca, em algum momento, os principais personagens da estória como protagonistas. O que nos possibilita ver diversos pontos de vista, nos mostrando a percepção da mulher, das crianças, dos bichos... Esse olhar para várias percepções de uma mesma realidade amplia nossa compreensão e é um dos pontos que mais gostei no livro.
Everton Vidal 28/02/2020minha estante
Demais!!!


marconevb 28/02/2020minha estante
Gratidão! Esse livro foi pra lista dos favoritos :)




samuca 07/05/2022

Baleia me comoveu
Fabiano, Sinha Vitória, sua esposa, seus dois filhos, Baleia, a cachorra e a seca do sertão. Vidas secas, sem grandes sonhos ou expectativas, essa família que vive na triste miséria, em busca de liberdade que mais parece uma utopia.
Carolina.Gomes 07/05/2022minha estante
Nunca esqueci ?


samuca 08/05/2022minha estante
Toca profundo




Camila.Souza 24/10/2021

Uau
Comecei a ler "Vidas Secas" de Graciliano Ramos por causa do seu peso em vestibulares e Enem, mas sinceramente essa obra se tornou algo muito além de uma "obrigação" para mim. Uma história extremamente triste sobre uma família que tenta sobreviver no sertão, e são tratados como animais (até por eles próprios, pois eles sempre se comparam à animais). O livro é uma crítica social super forte e explícita, representando a desigualdade, pois em diversos momentos aparecem personagens tentando passar a perna nessa família e tratando eles como inferiores. Como meu objetivo não é dar spoileres apenas vou dizer que esse livro tem um capítulo em específico que foi uma das cenas mais dolorosas e tristes que eu já li.
gabriel 24/10/2021minha estante
Sim! "Aquele" capítulo. Uma das coisas mais dolorosas de se ler.


Camila.Souza 24/10/2021minha estante
Acho que nunca chorei tanto na minha vida kkk




NatAlia.Sousa 24/01/2022

Vidas secas é reconhecidamente o mais importante livro de Graciliano Ramos e um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Graciliano Ramos nasceu em 1892, no interior de Alagoas, e cresceu na fazenda do pai antes de se mudar para a capital do estado e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar na imprensa. Em 1937, foi preso sob vagas acusações de defender ideologias comunistas. Ao deixar a prisão, procurou trabalho como jornalista em um jornal do Rio de Janeiro. O editor então lhe permitiu publicar um texto curto, e Graciliano escreveu um conto chamado ?Baleia?, sobre o sofrimento e a morte da cachorrinha de uma família de retirantes sertanejos. O conto fez sucesso e o jornal encomendou outros no mesmo estilo. Graciliano produziu então um conto para cada membro da família: o pai, a mãe e os dois filhos. Nascia assim Vidas secas, narrado em terceira pessoa, com treze capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos fora de ordem, como contos.Lançado originalmente em 1938, Vidas secas retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. O pai, Fabiano, caminha pela paisagem árida da caatinga do Nordeste brasileiro com a sua mulher, Sinha Vitória, e os dois filhos, que não têm nome, sendo chamados apenas de ?filho mais velho? e ?filho mais novo?. São também acompanhados pela cachorrinha da família, Baleia, cujo nome é irônico, pois a falta de comida a fez muito magra.Vidas secas pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como ?regionalista? ou ?romance de 30?. Denuncia fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro.
Wendel 24/01/2022minha estante
Esse livro é tudo pra mim ?


NatAlia.Sousa 24/01/2022minha estante
Eu também amo esse livro ??




Mirzão 22/02/2018

A desumanização que a seca promove
A história é narrada em terceira pessoa do discurso – direto livre, pois a falas das personagens se misturam com a do narrador; a narrativa é não linear – uma característica da escola modernista; nota-se pela narrativa de Ramos o predomínio do monólogo interior – prosa seca e precisa –, visto que Graciliano criou uma história que buscasse e ainda busca refletir a condição humana por meio dos pensamentos de Fabiano.
“Vidas Secas” é a história de uma família de nordestinos que são explorados pelos “poderosos”. Lendo “Vidas Secas” lembrei, em alguns trechos, do Romance Os Miseráveis – por Victor Hugo, pois este último romance também visa chamar atenção para questões sociais (miséria). Em resumo, pode-se, portanto, inferir que o romance “Vidas Secas” é uma denúncia da miséria que os sertanejos passavam devido o descaso dos poderosos daquela região que história é ambientada.
Gabriel 23/02/2018minha estante
É de tirar o chapéu.


Mirzão 18/04/2018minha estante
Concordo!




Taah 23/11/2016

Sobre VIDAS SECAS
Sempre ouvi falar desse livro por ser uma obra considerada um clássico nacional. E inclusive estudei um trecho dele na escola, coisa que me deixou curiosa sobre o livro, mas devo dizer que me decepcionei um pouco com ele. Achei um pouco parado demais.
Jairbelmino 25/11/2016minha estante
Esse livro, é simplesmente uma.obra prima. Quem viveu no Brasil nos 60,70,80 e noventa sabe muita.bem.a realidade que o escritor descreve com tanta precisão.


Jairbelmino 25/11/2016minha estante
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luizfsricardo 11/08/2022

Clássico
Vidas secas é o retrato da família nordestina que assolada pela seca sai pelo sertão em busca de algo melhor, mas que no final o ciclo reinicia. A história é marcada pela morte da cachorra baleia que acompanha a família na primeira viagem, mas por conta de uma doença é sacrificada pelo Fabiano.
José Redson Sena Vital 15/08/2022minha estante
O que lhe impediu de dar 5?? Esse escritor é um dos nacionais não tenho interesse em ler.


luizfsricardo 29/08/2022minha estante
José, não foi um livro que me conectei muito. É um livro bom, mas a linguagem não é tão simples assim. Por ser um clássico de linguagem antiga, requer um pouco de paciência pois a leitura não flui com facilidade. No entanto, reforço que é uma obra de muito peso.




Lavinia 01/02/2022

sede
Extramamente necessário. Graciliano é único, apresenta diversas críticas em sua obra, não somente sobre a conjuntura do sertão brasileiro e da própria sociedade, critica, também, a forma de escrita. Usando liberdade para mostrar os vários pontos de vista.

Baleia é apaixonante e extremamente sensível, a personificação de humanidade. Magníficas metáforas utilizadas pelo narrador para dar representações dos seres e suas atitudes.

Leitura rápida e reflexiva, muito válida.

Gostaria que todas crianças pudessem crescer em sonhos, cheias de vida e liberdade, a arte é liberdade, que os filhos mais velhos e novos possam disfrutar da vida.
A geógrafa 07/02/2022minha estante
Que lindo! Muito boa a sua resenha. Amei o livro tbm


Lavinia 07/02/2022minha estante
?




Baterna 30/11/2022

Me fez chorar
Esse foi o primeiro livro que me fez chorar em toda a minha vida.
É uma história difícil de se ler, tanto pelo conteúdo, que é muito triste e sofrido, quanto pela forma da escrita do autor, que me trouxe um pouco de confusão em algumas partes.
As dificuldades que a família passa realmente fazem doer. Desde a insegurança alimentar e as dificuldades da seca, que os levavam a ser praticamente nômades, até o desejo de Fabiano de simplesmente querer um vocabulário melhor, mas não ter o acesso e não se achar "gente" o suficiente pra isso, assim, consequentemente, o livro apresenta pouquíssimos diálogos, e a maioria deles são grunhidos dos personagens.
Penso que Graciliano tratou muito bem o padrão de vida e situações que retratam desde questões econômicas até o sofrimento psicológico que famílias nessas condições viveram e ainda vivem, infelizmente.
Queria fazer uma menção honrosa a cachorrinha Baleia, que foi o motivo do meu primeiro (grande) choro literário. E mesmo no seu maior momento de sofrimento, ela nunca feriu nem traiu nenhum de seus companheiros da família.

Enfim, apesar da linguagem ser um pouco complicada pra mim às vezes, o livro de fato traz inúmeras reflexões sobre realidades que (ainda) acontecem não tão longe de nós.
Clara Goldhar 03/12/2022minha estante
Ai que linda? me convenceu a ler


Baterna 03/12/2022minha estante
????




Luize51 14/06/2017

Vidas Secas foi uma obra que nasceu a partir de um conto entitulado "Baleia". Devido ao enorme sucesso, Graciliano Ramos escreveu outros contos para o restante da família e os transformou nesse pequeno romance. Percebemos que o romance não segue a ordem em que os contos foram escritos e, assim, também conseguimos compreender o protagonismo da cachorra Baleia, já que foi o conto que mais fez sucesso e que inspirou o autor, posteriormente, a escrever Vidas Secas. O livro, portanto, divide-se em capítulos/contos focados em cada membro da família : Fabiano, Vitória, o menino mais velho , o menino mais novo e a cachorra baleia. E segue uma sequência lógica tal que o leitor que desconhece a origem da obra sequer se apercebe que se trata de uma reunião de contos.

Acompanhamos o percurso dessa família de sertanejos em meio à seca, já calejados da vida de miséria e de opressão, mas sempre acalentando o sonho de um futuro melhor .
Fabiano sonha ser respeitado e falar bonito feito seu Tomás, pois o que ele mais deseja é ser compreendido, no entanto não sabe se expressar a tal ponto, vivendo explorado e humilhado, muito embora compreenda que não está direito o modo como é tratado pelos patrões e pelo Estado. Sentindo-se encolhido perante os outros, tolhido por sua falta de jeito com as palavras, Fabiano prefere os bichos às pessoas, pois ele próprio se sente como um bicho.
E em muitas passagens notamos que Graciliano animaliza o personagem, posto que só mesmo feito bicho, desumanizado, o homem sobrevive àquela existência árida. Essa desumanização chama ainda mais a atenção do leitor para a condição miserável do sertanejo:

"você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim, senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades"

"Duro, lerdo como tatu. Mas um dia sairia da toca, andaria com a cabeça levantada, seria homem (...) Não , provavelmente não seria homem: seria aquilo mesmo a vida inteira, cabra, governado pelos brancos, quase uma rês na fazenda alheia"

"Era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos?"

Por outro lado, os animais são humanizados , com o mesmo intuito: para que o leitor sinta mais a fundo o sofrimento daqueles bichos que também tanto sofrem em meio à seca. Até a cachorra Baleia, enquanto caminha para a triste sina de quem vive no sertão, sonha, ainda no último instante, com uma vida melhor:

"Coitado do cavalo. Estava magro, pelado, faminto. E arredondava uns olhos que pareciam de gente"

"Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia a mão de Fabiano"

Fabiano conforma-se com sua ignorância e com seu destino de sertanejo: " Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar a situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno e verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também".

Já Sinhá Vitória não deixa de sonhar com uma cama , igual a de seu Tomás,esse é o seu maior sonho, pois tudo o que ela queria era deixar de dormir em varas, vislumbrando um futuro melhor para si e para seus filhos. À primeira vista parece um sonho pequeno, de tão palpável que é, afinal ela só desejava uma cama, porém a cama, na verdade, representa tudo: ser gente e deixar de viver fugindo da seca, feito bicho, de fazenda em fazenda. A cama simboliza não apenas a dignidade, mas também o fixar-se à terra. Uma metáfora para o sonho de todo sertanejo.

"Por que não haveriam de ser gente, possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira? (...) por que haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo como bichos?"

O desfecho do livro muito me agrada, porque a narrativa findar como começou, escancara ao leitor a dura realidade: aquelas vidas sempre serão secas, porque o problema é cíclico.
Leonardo.H.Lopes 15/06/2017minha estante
Já tentei ler Graciliano algumas vezes e não rolou. Com essa resenha tive vontade de tentar de novo. Providenciarei meu exemplar.


Luize51 16/06/2017minha estante
Espero que dessa vez você goste! E que bom que a resenha serviu como um estímulo a mais :)




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