Gramatura Alta 03/06/2020
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O cinema é uma das artes mais amadas e populares que o mundo já viu. O cinema é relativamente novo e tem aproximadamente 130 anos de idade. E na trajetória, essa arte já viu diversos movimentos, dificuldades, avanços e sucessos. O livro A HISTÓRIA DO CINEMA PARA QUEM TEM PRESSA traz uma excelente narrativa que vai detalhar com perfeição o nascimento, queda e ápice dessa arte que nunca vai acabar.
Os fatos são apresentados no livro de maneira cronológica e logo no início o leitor é apresentado aos grandes inventores que possibilitaram o nascimento do cinema. Diversos inventores, humildes e famosos, carregam esse legado que começou em máquinas rudimentares que só mostravam uma seleção de fotos que, apresentadas em sequência, simulavam uma imagem real em movimento. Mas isso é apenas um conceito, um pontapé inicial, pois essas máquinas não eram viáveis comercialmente e alguma delas só podiam ser usadas por uma pessoa de cada vez.
E durante essa época de descobrimentos, o leitor se depara com uma autêntica guerra de patentes, com um inventor querendo mais dinheiro que o outro. O próprio Thomas Eddison, o inventor da lâmpada incandescente, foi um dos protagonistas dessa disputa. Esse arco do livro é recheado de avanços e informações interessantes para qualquer um que se interesse em descobrir as origens das coisas.
Mas isso não é relativamente cinema, cinema é uma sala, com uma tela grande e várias pessoas juntas. Isso começou com a população mais humilde, os cinemas conhecidos como poeira eram lugares sujos e baratos, onde a população encontrava uma diversão barata. No começo, os filmes eram apenas curtas, geralmente de comédia ou outros que só mostravam a vida cotidiana, como um bebê sendo alimentado. Parece simples, mas para a época, era incrível ver na telona imagens em movimento.
No começo todos os filmes eram mudos e a chegada do cinema falado mudou completamente a indústria, transformando grandes atores do cinema mudo em estrelas em queda. A adaptação não era fácil e para alguns era impossível. O livro traz uma visão muito interessante dessa época, algo que a gente não vê em outras mídias. Até para o amante do cinema, que conhece essa arte, as informações aqui são como ouro. A seleção de tópicos é muito bem organizada e sempre traz uma linguagem clara e objetiva. Não temos tempo para enrolação e é tudo muito acessível, para quem tem bagagem, a leitura enriquece bastante e para quem não tem, é um mar de descobertas.
Claro que o livro vai mais além e não fala só da criação do cinema como arte, ele fala também dos filmes e de como eles avançaram com o tempo. Começando com narrativas simples, para logo se tornarem algo mais complexo e refinado. Tivemos movimentos artísticos como expressionismo, surrealismo, novelle vague e vários outros. A prosa explica cada um deles e outros mais, dando para o leitor uma visão incrível de artes maravilhosas feitas em todos os lugares do mundo e com suas particularidades próprias. Em seguida a indústria amadureceu e cresceu, chegando nos dias de hoje, na era dos blockbusters, as grandes produções para grandes plateias que na maioria das vezes, arrecadam dezena de milhares de dólares, alguns até bilhões. O caminho até aqui não foi fácil e é muito legal ver os conceitos do que era um grande filme antigamente e o que é um grande filme hoje.
A leitura também caminha pelos grandes estúdios de cinema, nos contando como grandes empresas como Fox, Warner e MGM marcaram seu nome na história. Outra visão bem interessante do cinema, a parte dele mais voltada para os negócios. O livro ainda encontra tempo para falar de mais dois tópicos que não podem faltar: o primeiro se refere aos festivais e às premiações. Quem não gosta de acompanhar o seu filme favorito e seu ator predileto ganhando todos os prêmios? O gênesis desses prêmios também fazem parte da narrativa, junto com excelentes explicações sobre a importância, bem como de festivais para filmes pequenos que acabam sendo descobertos e apresentados para o mundo.
O livro se foca no cinema americano e europeu, mas no final a leitura nos apresenta o cinema mundial, passando pelos principais mercados e por um pouco do seu legado para com essa arte tão amada. Passamos pela China, Irã, Índia, Nigéria e claro, Brasil. O nosso cinema nacional é extremamente rico em diversidade e tem várias obras que fizeram história no nosso país. Mas é triste ver que toda essa riqueza não está totalmente firmada, já que o governo não investe em cultura como deveria e também o povo, às vezes sequer dá uma chance para os nossos artistas.
O livro tem mais qualidade que defeitos, porém senti falta de a leitura mencionar Ingmar Bergman, que foi um dos maiores diretores de todos os tempos. Ele fez história ao realizar mais de cinquenta filmes, grande parte deles memoráveis até hoje, como Persona e O Sétimo Selo. Seu trabalho lhe rendeu diversos prêmios, inclusive quatro Oscars, dentre doze indicações, e suas criações inspiram vários filmes amados e aclamados de outros diretores. Ingmar foi o maior diretor sueco, então faltou no livro a menção a toda importância do cinema da Suécia, na parte onde o livro apresenta o cinema de diversos países.
Outro pequeno deslize está no vício da leitura a generalizar as coisas, na parte onde é nos contada a crise do cinema com a chegada da TV, o texto acaba falando que vários filmes foram feitos com produções milionárias para atrair o povo para o cinema, pois lá eles iam encontrar um nível de qualidade que não existia na TV. Mas ao falar que todo esse novo movimento não deu certo, o livro dá a entender que o filme BEN-HUR, de 1959, foi um fracasso, quando isso não é verdade. BEN-HUR é um dos maiores clássicos do cinema e venceu onze Oscar, incluindo melhor filme, além de ser um sucesso de bilheteria sem precedentes.
A série A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA tem diversos temas e dentre várias opções eu tive a oportunidade de ler sobre futebol e agora sobre cinema. Ambos com uma ótima curadoria de histórias que entretém e enriquecem nosso conhecimento sobre determinado tema. Cinema é muito importante para mim e mesmo com um já conhecedor dessa arte, a experiência foi muito válida. Aquele tipo de leitura maravilhosa que pede um bloquinho de notas do lado, para você anotar todos os filmes incríveis que o texto indica, a gente acaba ficando com vontade de assistir todos. E acredite se quiser, é tudo isso em menos de duzentas páginas, uma leitura muito gostosa que faz valer todo o nosso tempo investido.
Resenha escrita pelo Rafael para o blog.
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