Aisha Andris @AishandoBooks 24/04/2019
Não consegui largar, viciante demais. Entrou pra lista dos melhores romances de época que eu já li
Eu já tinha colocado este romance na minha lista de leitura há certo tempo, mas, por um motivo ou outro, sempre acabei adiando. Desta vez, porém, tomei vergonha na cara e finalmente comecei a lê-lo. E gente do céu, que surpresa deliciosa, que livro maravilhoso, que história incrível e que personagens cativantes!
Promessas de uma Vida consegue o feito raro que é prender desde as primeiras linhas. É tão viciante que me fez passar a noite em claro e ir pra cama apenas às oito da manhã, quando já não aguentava mais manter os olhos abertos. Eu devorei as páginas, não há meio de descrever com maior precisão. A história de Victoria e Damian é linda demais, super redondinha, sem aquela pressa que muitos autores parecem ter para findar, mas sem que seja arrastada ou enrolada também. Todos os acontecimentos têm importância e são muito bem descritos, prendendo a atenção. A química do casal é enorme, e a escrita da Aline Galeote é um primor, gostosa demais de ler.
O livro começa contando a triste história da mãe de Damian, Caroline Hunt, uma mulher jovem e sensível que se casou com um conde. Um homem horrível, que via nela apenas um ventre para seus futuros herdeiros. O casamento até parecia bom – embora não apaixonado – no começo e, mais ainda, quando ela engravida, no entanto, logo que a criança completa oito anos, o conde separa mãe e filho insensivelmente e torna a condessa prisioneira em sua própria casa no campo enquanto segue sua vida em Londres como se ela não existisse. Numa volta para casa, acaba exigindo seus “direitos” de marido e a dama se vê novamente grávida, porém o conde retorna à capital e, quando toma conhecimento do estado da esposa, não acredita que o filho, Damian, seja seu. Para evitar que seja separada de seu segundo filho, Caroline decide fugir com o bebê. E assim se passam seis anos, quando a condessa adoece e acaba por falecer. Isso coincide com o momento em que o conde descobre o paradeiro do filho e, devido à enorme semelhança que possui consigo, não pode mais negar que seja realmente seu.
Damian é levado pelo pai para tomar posse da vida que de fato lhe pertence como filho de um nobre, porém é colocado em segundo plano, já que não é o herdeiro, e não recebe de seu progenitor a atenção e o carinho que uma criança, especialmente uma que acabou de perder a mãe, necessita. Sua sorte é a presença de sua tia, Jane, que faz o possível para suprir essa falta em sua vida, embora, é claro, não consiga obter 100% de êxito na tarefa. E isso ajuda a moldar o caráter de nosso mocinho, que cresce rebelde e, quando tem idade suficiente para entender as coisas e toma conhecimento de tudo o que a mãe passou nas mãos do seu pai, rompe com ele e toma um rumo solitário em sua vida.
Caroline havia feito Damian prometer em seu leito de morte que encontraria o irmão e diria que ela jamais o havia abandonado e que não era louca, como o pai o havia feito pensar. Entretanto, o rapaz morre antes que ele cumpra sua promessa, tornando-o herdeiro do conde. Em um novo ato de rebeldia, Damian compra uma patente no exército e se junta à cavalaria durante a guerra contra Napoleão, decidido a morrer para frustrar os planos do pai, que não quer deixar seu título para um primo em vez de para alguém de sua própria descendência. Isso não dá certo, obviamente, e, quando o lorde morre, Damian se torna o novo conde de Harrington.
Nesse ponto, nos voltamos para a história de nossa mocinha. Victoria é uma bela jovem criada pelos tios, já que seus pais haviam morrido em um acidente de carruagem quando ela era só um bebê. Ou ao menos era o que ela acreditava até o dia em que comete uma indiscrição, sendo flagrada beijando um amigo e, numa atitude impulsiva, acaba rejeitando seu pedido de casamento. Para não ficar com má fama e atrapalhar as chances de suas primas, prestes a fazer sua primeira temporada, de arrumar um matrimônio vantajoso, tenta voltar atrás, mas é tarde demais. É quando surge um repulsivo senhor na porta de seus tios para pedir sua mão e, ao ser rejeitado, informa que já obteve a permissão de seu pai para concretizar tal enlace, o que supostamente deveria ser impossível, mas não é, já que o bendito aparece em carne e osso depois de quase 20 anos de ausência. Victoria passa então de órfã à filha de um conde bem vivo – e noiva de um homem que só lhe provoca calafrios. Contudo, ela não é Caroline e, em vez de aceitar passivamente que lhe imponham um casamento indesejado, decide fugir. E, com a ajuda de Olivia, sua melhor amiga, consegue um trabalho como dama de companhia de, ninguém mais ninguém menos, do que Jane, a tia que criou Damian, o nosso mocinho. Quando o caminho desses dois se cruza, é fogo puro.
Damian é um verdadeiro libertino, que adora as mulheres, sejam solteiras, casadas ou viúvas, mas não tem interesse algum em se prender a apenas uma delas. Após todas as perdas que sofreu em sua vida, acredita que a melhor maneira de não voltar a sofrer é simplesmente não amar. No entanto, um anjo de cabelos dourados e olhos tão azuis quanto os seus começa a testar sua resistência ao máximo. Damian nunca levou uma criada para a cama, já que faz questão de seduzir em vez de se impor às mulheres, mas para tudo tem uma primeira vez, não é mesmo? E, sendo bem consciente do efeito que causa nas mulheres, sabe que não é difícil fazer a jovem em questão desejar isso tanto quanto ele. Só não imagina que Victoria tem seus próprios segredos e, quando estes vêm à tona, um acordo mútuo pode ser a solução perfeita para ambos. Só é difícil manter seu coração fora da jogada, e nem os demônios que carrega consigo podem ser capazes de impedi-lo de se apaixonar.
Ah sim, não posso deixar de falar de Bendington, secretário e um dos amigos mais queridos de Damian, que é um personagem misterioso e que desperta nossa curiosidade, especialmente a respeito da história que aparentemente compartilha com Olivia e da qual não sabemos nada. Estou louca pelo livro dele, que deve ser o segundo dessa série.
Quem ama romances de época leves e bem escritos, mas nunca deu chance a um autor nacional, precisa conhecer Promessas de uma Vida. É certeza que, depois de lê-lo, vai querer devorar todas as obras incríveis desse gênero que são produzidas por aqui.
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