Vitor 08/07/2024
Neste livro, organizado pelos historiadores Eric Hobsbawm e Terence Ranger, nos é apresentada a tese de que a maioria (ou todas) as tradições que conhecemos como ancestrais são, na verdade, bastante recentes. Na verdade, essas tradições, oficiais ou não, são inventadas em algum momento, sobretudo para perpetuar os ideais nacionalistas de algum país ou Império, afirmando símbolos que os representem.
Hobsbawm, como sempre, dá um show nos capítulos que escreve (primeiro e último), teorizando e apresentando exemplos práticos de como as tradições nascem e morrem, bem como sublinhando a importância do estudo da invenção das mesmas. Os demais capítulos são ensaios sobre como a invenção das tradições aconteceram e foram fundamentais para a construção da história de algumas nações ao longo do mundo (Escócia e sua gaita de foles e seu kilt, País de Gales e seu passado de bardos e druídas, a Índia vitoriana e seus símbolos, as procissões e jubileus da Inglaterra vitoriana, e a inserção dos valores ingleses na África do Sul).
O livro é, de certa maneira, acessível. Achei ele um pouco chato em algumas partes, quando lia sobre lugares que, sinceramente, não eram de meu interesse. Mas aí o culpado não é a obra, e sim o leitor. Todavia, apesar disso, os exemplos são fundamentais para a melhor compreensão do conceito.
As Tradições Inventadas são, sobretudo, uma maneira de afirmar o poder dominante através da imposição de uma noção ou ritual que se baseia em algum evento pretérito mas que não necessariamente (na maioria das vezes) possui validade empírica. É um conceito-chave para analisarmos nacionalismo, imperialismo ou mesmo para se estudar enquanto membro de uma Nação.
Um exemplo de tradição inventada sobre o Brasil é a de que nós somos um povo pacífico, quando nossa história e nosso presente diz o contrário. Outro é de que somos o país do futebol, do samba... entre outros. Recomendo a leitura!