Kath 29/08/2015
Um clássico que merece ser lido e relido!
Todo mundo conhece Alice. Quem nunca passou uma hora tentando entender as imagens do desenho da Disney ou amando o Jonny Depp dando uma de chapeleiro maluco? Bem, eu não era a maior fã do clássico, mesmo tendo assistido aos dois filmes, mas nunca havia tido a oportunidade de ler o clássico de Carroll até uma amiga comprar e me emprestar (Obrigada, Sandy!!!). A edição que ela tem (e que eu já comprei um pra mim na maravilhosa promoção do Submarido (seu lindo!) que ainda me deu um cupom de 20% de desconto (aí eu apaixono) ) tem as duas histórias, As aventuras no país das maravilhas e Através do Espelho que é o que eu comecei a ler agora. Então, eu decidi dividir a resenha em duas partes, essa falando sobre o primeiro livro e a segunda sobre o segundo.
Ao contrário do que podem pensar, o livro não é tão confuso quanto o filme da Disney, embora haja algumas partes que sejam tão loucas quanto. Mas, como sempre, o livro é infinitamente melhor que todas as adaptações que fizeram dele. É um livro bem difícil de entender porque, como explica na própria sinopse, está cheios de mensagens e enigmas sobre a sociedade de Carroll e críticas ao governo da rainha Vitória expressas na rainha de Copas e seu bordão "Cortem-lhe a cabeça". Por essa razão, não posso dizer que compreendi a fundo os dois lados da história, até porque só temos um período de literatura inglesa na faculdade e, infelizmente, não conseguimos "analisar" as obras pelo seu perfil social ou histórico. Então, li o "livro pra crianças", e me diverti muito com a história dessa menina cheia de inocência e com seus pensamentos de dama inglesa. Em vários pontos a trama fica tão sem noção que você começa a pensar que eram os momentos em que Carroll estava "dorgado" com o ópio, ha momentos divertidíssimos e é uma história que conta as aventuras de uma garotinha que precisa passar por várias fases diferentes e, em certo momento, acaba ficando confusa com quem, de fato, realmente é. Isso pode explicar até certo ponto as transições da vida infantil para a adolescência, com um jeito até meio filosófico em perguntas como "Quem é você?" e nessa busca pela curiosidade e pelo caminho que lhe levará de volta para casa, Alice vai passar por muitas confusões, coisas sem o mínimo sentido, momentos hilariantes e, principalmente, a busca por si mesma.
A mensagem que fica quando você termina o livro é que a realidade é insípida e triste, o mundo dos sonhos, onírico e moldado tal qual a nossa vontade, é um lugar melhor para se viver. Talvez fosse a mensagem que Carroll buscava passar quando recorria ao ópio para fugir da realidade que ele odiava, para mergulhar de uma maneira mais profunda no seu mundo irreal. Além disso, também sentimos o apreço dele pela infância, pelo mundo da inocência e a confusão que Alice sente em suas constantes transformações no país das maravilhas pode ser retratada como as transições da infância para a adolescência e, consequentemente vida adulta. É um livro muito gostoso de ler, segue um ritmo de entendimento fácil, uma linguagem leve e, apesar de todas as críticas sociais e satíricas implícitas no texto, você consegue viajar com Alice e suas trapalhadas pelo mundo dos sonhos malucos de Lewis Carroll.
Continuando com a saga de Alice, agora falemos sobre o segundo livro que veio nessa mesma edição, Através do Espelho é uma história tão louca quanto a primeira, se não mais, em que a pequena heroína de Carroll está tranquila no sofá da sala consertando a bagunça de Kitty, uma das crias de sua gata Dinah, quando, de repente, contemplando o espelho envolve-se em uma fantasia que vai comentando com sua gatinha travessa, então somos arremessados para o "mundo ao contrário" do espelho, onde flores metidas falam, onde ovos se transformam em seres animados e resmungões, onde ovelhas cuidam de lojinhas e onde as peças do xadrez tem vida e se movimentam no mundo ainda mais maluco que o país das maravilhas. Na busca de se tornar uma rainha, Alice tem que passar pelas oito casas e vencer os desafios do mundo de ponta cabeça cheio de criaturas com ainda menos juízo que sua primeira aventura e cheio de poesias e músicas.
Particularmente, eu gostei do livro, mas achei o primeiro muito mais engraçado, e esse foi ainda mais sem noção que o outro. De fato, Alice é uma obra muito curiosa e passiva de diversas informações, a mensagem sobre a pureza da infância e a importância da imaginação continuam fortes nesse livro desde o seu início. Não ouve nenhuma quote que realmente me prendesse como aconteceu (até demais) no primeiro livro, embora eu tenha gostado muito de viajar através do espelho. Percebi também que o desenho da Disney é uma mescla entre as duas histórias, há acontecimentos e personagens do primeiro e do segundo livro e que o live action lançado em 2010 tem maior influencia da segunda história, mas com uma fantasia que não está presente no livro e que foge muito do enredo de Carrol.
Alice foi um livro fascinante, cheio de ensinamentos sem sentido que fazem sentido, um mundo de possibilidades da mente de um homem apaixonado pelo onírico que tinha devoção grande pela infância da qual não fazia mais parte, mas cujo coração de menino ainda conseguia viajar tão longe quanto a inocência e a imaginação infante lhe permitiam. Foram duas viagens realmente maravilhosas e encantadoras e, se você ainda não conhece, eu super recomendo! A edição da Zahar é um luxo! Linda, cheia de ilustrações e com capa dura.