Brena 01/01/2020Ano de 1755, três pessoas que terão destinos entrelaçados em Versalhes nascem em distintas nações europeias: Hans Fersen na Suécia, Maria Antonieta na Áustria, Oscar François na França.
Após cinco filhas, o capitão da Guarda Real, General Augustin de Jarjayes, decide que não vai mais esperar um filho homem e decide dar um nome masculino à sexta filha: Oscar. Assim, ele também cria Oscar como se fosse homem e lhe educada para ser um militar, posto na época ocupado apenas pelo sexo masculino.
Aos 14 anos, Oscar François é designada para acompanhar a chegada, e posteriormente cuidar da segurança, de Maria Antonieta, a delfina da França, futura rainha. Antonieta foi enviada como delfina para que no futuro houvesse um acordo de paz entre França e Áustria, mas apesar de todas as tentativas da mãe Maria Teresa, imperatriz da Áustria, ela não era disciplinada e partiu sem a educação necessária para protagonizar um futuro reinado.
Oscar e Antonieta tornam-se próximos, e em um dos bailes para os quais Antonieta fugia, elas conhecem o conde sueco Fersen. A paixão entre Antonieta e Fersen foi inevitável, porém, se não fosse complicado o bastante ela ser a delfina, logo depois o rei Luís XV falece: Antonieta e Luís XVI tornam-se rainha e rei. Os dois vivem um amor proibido, não consumido, enquanto Paris se enche de esperança com o novo governo. Oscar também se apaixona por Fersen, mas retém os sentimentos, infelizmente visíveis aos olhos de seu fiel escudeiro, e neto de sua ama, André Grandier.
Parece apenas mais um romance, e dito isso, afirmo: Rosa de Versalhes é uma ficção histórica, um mangá que extrapola os romances shoujos e insere questões sociais de uma iminente Revolução Francesa. A mangaka, Riyoko Ikeda, utilizou personagens e fatos reais (integrantes da monarquia, Madame Du Barry, Rosálie, Fersen, Robespierre, etc) e se deu a liberdade de criar as intrigas e relações do imaginário popular na época e Oscar, que é a personagem-guia da história, para conduzir uma história envolvente que também ensina sobre a história da França.
Ao contrário de diversas obras, Rosa de Versalhes nos apresenta a controversa figura de Maria Antonieta de forma humanizada. Acompanhamos a negligência dela como rainha, a solidão perigosa, a corte venenosa e, inclusive, o caso do colar de diamantes que fora o estopim para o declínio da monarquia francesa.
Oscar não vivia restrita a Versalhes, tornando-se assim conhecedora da miséria fora da corte. E apesar do amor que sentia pela rainha, pediu para fazer parte da guarda francesa, misturando-se aos pobres e conhecendo cada vez mais as ruas de Paris e os futuros protagonistas da assembleia nacional. E sobre esses eu não vou falar mais, pois pode ser spoiler para os que cabularam as aulas de história rsrs, os desdobramentos da revolução são fiéis aos fatos.
Escrito em 1972, Rosa de Versalhes foi um sucesso no Japão – e ainda é, a obra tem frequentes republicações, peças de teatro, anime, filme, etc. O sucesso também foi estrondoso na França, e angariou o prêmio Ordre National de la Légion d’honneur à mangaka, concedido a mérito de sua contribuição para o conhecimento da história francesa no Japão.
Eu assisti ao anime há uns 15 anos e certamente tinha esse mangá como um dos mais esperados da minha vida! A JBC tardou, mas trouxe essa obra icônica em 2019. Eu gostaria de dizer que a editora não falhou, mas, infelizmente, as páginas dos extras no último volume são transparentes. Crítica exposta, ainda assim eu recomendo o mangá a todo mundo. São apenas cinco volumes, com cerca de 400 páginas cada..
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