A guerra

A guerra Bruno Paes Manso




Resenhas - A Guerra


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Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil, de Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias – Nota 9/10
Escrita por uma socióloga e por um jornalista, essa obra é muito mais que uma reportagem jornalística sobre uma facção criminosa, o PCC. Os autores conseguiram tecer o retrato da violência organizada do Brasil, passando por temas importantíssimos como os problemas de nosso sistema prisional e o papel do tráfico de drogas como fonte de sustento para as facções. E esse retrato apresentado ao longo da obra é assustador, pois deixa clara para o leitor a real dimensão do poder que as facções criminosas detêm fora e dentro dos presídios brasileiros. Sua relevância é tamanha, que o livro revela a dificuldade do Estado em conseguir lidar, conter e até mesmo se comunicar com essas organizações.

Na verdade, não são meras organizações criminosas. Por meio de relatos dos próprios integrantes das facções, percebemos um claro processo de institucionalização. Hoje, eles contam com uma sólida pirâmide hierárquica, “tribunais” próprios e uma estrutura administrativa ramificada e complexa para conseguir gerenciar as cifras milionárias que passam pela cúpula do poder – e que têm como fonte principal o tráfico de drogas. É quase um “Estado” à parte, em que cada indivíduo que passa a integrar a facção – por meio do “batismo” – deve se submeter a regras extremamente rígidas, as quais, caso descumpridas, podem levar à sua morte.

O texto também aborda diversas passagens históricas e mostra como elas estão relacionadas, criando um cenário propício para a ascensão das facções ao poder.
É realmente um livro que abre nossos olhos. Não há como terminar a leitura sem ter consciência de como o problema da violência é complexo e envolve diversos setores políticos e sociais. E mais que isso: apenas confirma que a “solução” de prender e isolar o criminoso é, na verdade, um verdadeiro tiro no pé, uma vez que é das prisões que nascem as facções e é das prisões que o seu comando é exercido.

De aspecto negativo, senti que algumas passagens continham detalhes em excesso que poderiam cansar o leitor comum, que não busca uma pesquisa acadêmica sobre o assunto.

Enfim, uma leitura obrigatória!

site: https://www.instagram.com/book.ster/
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Caroline.Lafayette 04/09/2020

Ótimo 'documentário'
O tema me interessa muito e o livro traz detalhes muito interessantes sobre o PCC e o mundo do crime no Brasil. O excesso de personagens (necessários) e a falta de uma cronologia dificultam um pouco a leitura. Vale a pena!
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Alicia Garcia 24/03/2023

Um livre que traz muita informação e que nos mostra como as facções se organizam e quão grande elas são e se transformaram ao longo dos anos.
Achei a leitura interessante e fiquei impressionada com o nível de organização dos criminosos, e percebi, que de fato, não é a toa que essas organizações chamam de Crime Organizado.
Fiquei pensativa quanto ao perfil dos presos que mudou ao longo dos anos e de como o consumo da maconha/cocaína cresceu e se tornou uma praga não só no Brasil, mas em todo o mundo.
É um mercado gigantesco, que envolve muita gente e muito dinheiro. É assustador!
Gostei da leitura e recomendo, acho que o livro nos dá uma perspectiva que não encontramos facilmente sobre as penitenciarias e de como o sistema está todo corrompido. As prisões à muito tempo deixaram de ser um ambiente de regeneração (se é que um dia foram) e tornaram-se um ambiente hostil e de agravamento da violência. Trata-se de um caminho sem volta para a grande maioria.
A única coisa que não gostei na leitura foi a organização dos fatos. A narrativa ia e vinha no tempo e me senti um pouco perdida em alguns momento.
O final nos dá esperança de um norte, porém ao mesmo tempo sinaliza a existência de tantas correntes contrárias que é quase impossível conseguir visualizar que um dia tudo isso possa mudar.
Aborda a morte de Mariele Franco e de como sua luta por efetivar políticas públicas poderia ter impulsionado algo transformador, mas ao mesmo tempo a pressão contrária é tanta que ela foi assinada e até hoje não foram encontrados os reais culpados.
Frustrante e desanimados.
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Jess.Carmo 21/02/2021

As prisões não diminuem as taxas de criminalidade
A obra não é apenas uma descrição restrita ao surgimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao seu desenvolvimento. Os autores retomam aqui o velho tema do fracasso da justiça penal. Quando digo que é um velho tema, não é à toa, já que nos acompanha desde o século XIX. Segundo Moreau-Christophe (1839), "onde houver uma prisão, há uma associação de outros tantos clubes antissociais" (p. 7), ou seja, a prisão "favorece a organização de um meio de delinquentes, solidários entre si, hierarquizados, prontos para todas as cumplicidades futuras" (FOUCAULT, 1975, p. 261). O PCC é reflexo desse fracasso histórico que é a justiça penal.

O PCC não encontrou grandes dificuldades para que sua ascensão fosse bem sucedida. A falta de vontade dos políticos brasileiros em aderir propostas de políticas públicas pautadas em estudos na área de segurança pública facilitou o crescimento do grupo paulista. Sempre foi mais fácil usar o velho discurso de que as prisões devem ser um depósito dos tipos indesejáveis que a polícia captura. Por essa lógica, com o criminoso fora de circulação, o crime se dispersaria. Triste engano. A vida insalubre do sistema penitenciário brasileiro, o esquecimento e desprezo da sociedade brasileira fabricaram um dos maiores grupos de crime organizado da América-latina. Afinal, se o Estado e a sociedade me esqueceram, o que me resta é sobreviver. Além disso, mesmo em liberdade, as condições dos ex-detentos permanecem precárias, já que estão sob constante vigilância; o estigma do crime nunca os abandona.

Sem ter nada a perder, a população penitenciária aderiu ao discurso revolucionário do PCC. Segundo eles, os "crimes eram praticados em nome 'dos oprimidos pelo sistema' e não em defesa dos próprios interesses" (p. 12), o que os diferenciavam do grupo de traficantes cariocas Comando Vermelho (CV). Nesse sentido, o crime era uma forma de sustentar um projeto inicialmente revolucionário. O objetivo não era mais crescer individualmente dentro do mundo do crime, mas procurar uma forma de sobreviver ao sistema através de uma organização grupal. Daí o lema "o crime fortalece o crime".

Apesar dos salves sempre finalizarem com os lemas de "Justiça, Paz, Liberdade, Igualdade e União", esses ideias perderam o sentido nas últimas décadas. O grupo passou a ser uma empresa. Alguns poucos se beneficiam com o lucro do tráfico.

A guerra declarada ao grupo se confunde também com uma guerra declarada a toda população das comunidades. Não importa se a comunidade do Alemão tenha 100 mil habitantes e apenas 0,5% da população pertença ao grupo, todos os moradores sofrem com a violência policial. Dessa forma, o Estado, responsável pela ação covarde, passa a ser visto como um inimigo por toda favela. O que resta é a convivência com os traficantes.

A solução que os autores apresentam é atacar financeiramente o grupo. Como se trata de uma lógica empresarial, seu calcanhar de Aquiles é justamente o capital financeiro. Portanto, é necessário investimento em inteligência policial, desmilitarização da polícia e a descriminalização das drogas. Além disso, é preciso atrair a população para outros projetos que prometam melhorias para a comunidade. Trata-se, acima de tudo, de uma disputa por almas. Os benefícios que o tráfico oferece são sedutores, a saber, dinheiro, carros, fama, mulheres. A vitória contra o tráfico também depende "da capacidade de atrais pessoas em torno de projetos voltados para o bem comum" (p. 327).

site: https://www.instagram.com/carmojess/
Douglas 22/03/2022minha estante
Excelente resenha, Jess. Consegui o livro hoje, através do Plus.




Luiza 06/10/2023

Complexo
Dados chocantes, é o encarceramento em massa que viabiliza essas facções e estamos errando nesse aspecto há decádas. Precisamos repensar estratégias para ter uma chance de melhora nesse cenário. Muito bom.
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Haislan 14/07/2020

Livro muito bom de se entender mais sobre as facções criminosas
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Izaynil 09/06/2021

Organizaçao...
Leitura obrigatória sim!

O livro é uma pesquisa a fundo sobre o surgimento e a construção da hegemonia do PCC. Os relatos originais e os salves (cartas dos líderes para a facçao) mostram o quão importante é esse debate. Uma leitura fluída, que me prendeu a todo tempo. Ao final do livro, os autores fecham com maestria, estabelecendo uma possivel saída para as autoridade que insistem em manter o ostensivo tratamento ao sistema. Esse livro é necssario pois desmistifica muitos gargalos presente na estrutura social brasileira.

Obs: A estrela máxima nao veio por um pequeno detalhe. A escrita desse livro é muito vai e vem. Assuntos retrados no cap 1 voltam a tona em outros capítulos e por ser rico em detalhes a leitura pode ser cansativa pra alguns. Pra mim nao, mas ...
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tabatatucat 04/01/2024

Um livro que todo brasileiro deveria ler. Infelizmente só quem vive sob a influência de alguma facção compreende essa totalidade e o quão urgente é essa causa.
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Flavia.Machado 21/02/2020

Poderia ser melhor mas é bom !
A grandiosidade da pesquisa feita é evidente mas a falta de ordem cronológica, o excesso de acontecimentos em vai e vem, e um número enorme de personagens torna a leitura confusa e cansativa.
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leh.dias2 14/06/2020

Jornalístico
O livro inteiro é "uma grande matéria jornalística", ele aponta para reflexões sobre o sistema politico do combate a guerra das drogas (ps. para quem se interessa em dados legais - as informações sobre o RDD estão desatualizadas - já que sofreu alterações com o pacote anticrime de 2019 - sugiro uma consulta a lei de execução penal 7210/84 quando os autores mencionarem o RDD ou outros aspectos da execução da pena) . Difícil falar se é um livro bom ou ruim, é um livro jornalístico, e na minha humilde opinião todas as historias possuem lados (no mínimo três) , sinto que tem um tom tendencioso massssssss o livro ajuda a entender que a "base" do crime é muito mais profunda, que não devemos olhar de forma superficial...e claro tem um pezinho na legalização de drogas.
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Luiz Amaro 17/01/2020

QUANTOS MAIS VÃO PRECISAR MORRER PARA QUE ESSA GUERRA ACABE?
Um livro sobre jornalismo informativo, uma leitura essencial para todos os brasileiros.

Nele, teremos toda a história por detrás do PCC, desde o motivo que levou a sua fundação (1993), até o seu modelo atual, uma máquina empresarial que hoje ultrapassa fronteiras.

Um livro pesado, que explica o racha com o CV, aborda também os motivos por detrás da carnificina ocorrida mediante as rebeliões carcerárias que chocaram o Brasil recentemente, nos apresenta toda a relação do PCC com outras facções pelo Brasil, além de relatar as invasões do Estado aos morros que resultaram nas criações das UPPs. Por fim, não podemos deixar de falar sobre o caso Marielle Franco.

Por ser um livro jornalístico, os autores acabam nos metralhando com informações o tempo todo. São muitas histórias, muitos personagens, entrevistas, muitos dados através de números e índices. No fim das contas, todo esse aglomerado de informações foi se juntando e se transformou em um livro puramente informativo. Em certo ponto chega a ser maçante, e com certeza, não trará prazer na leitura para o leitor leigo, apenas curioso no assunto. Para estes, aconselho alternar essa leitura com outra mais leve. O importante é não abandonar essa leitura tão séria e significativa.
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Denis 26/01/2020

O PCC enquanto organização
Estudo de folego e profundidade, sem achismos sempre baseado em fatos verificáveis. Não se trata de apologia ao PCC e muito menos demonização gratuita.
Me chamou a atenção a sofisticação organizativa do PCC e a sagacidade política (não confundam com política partidária) dos seus estrategistas. Merece estudo aprofundado dos estudiosos da teoria das organizações.
Chama a atenção também a ética (não confundam com moralismo) que é legitimada pelos membros e permite o funcionamento estável, embora sempre tenso, da organização.
Por fim o livro prova por "A mais B" que a estratégia do encarceramento em massa, pilar das nossas políticas públicas de segurança, só serviu de espaço para a articulação e recrutamento de novos quadros para organizações criminosas.
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Fer Paimel 31/05/2020

Surpreendente
Eu adorei o livro. Me fez refletir sobre tantas coisas. Como estudante de Direito, me proporcionou reflexões sobre o mundo a parte das organizações criminosas e como elas podem, em muitos contextos, ?se justificar?. Vale a pena a leitura!!
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Maria.Jose 07/12/2020

Não foi tão envolvente como imaginei. Achei os capítulos mal organizados também.
Roneide.Braga 24/12/2020minha estante
Concordo plenamente, ainda não conseguir concluindo, mesmo sendo interessante a uma má organização na ordem cronológica.


Roneide.Braga 24/12/2020minha estante
Concluir*


Maria.Jose 31/12/2020minha estante
Sim, é bem problemático.




Juliana2496 27/10/2023

Interessante
Único papel que o Estado cumpre com esmero, é o de falhar com sua população, a desumanização cria monstros, ciclo vicioso da violência. O livro descreve bem a ascensão do pcc, trazendo falas de próprios integrantes. Eu nem sabia que eles tinham sua constituição (irregular, mas) própria, vale a pena conhecer já que é impossível acabar com as facções que cada vez mais crescem mundialmente.

Acho que poderiam ter adentrado melhor em alguns assuntos ou explicado melhor para nós leigos, por isso não dei 5 estrelas.
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