livmchdo 18/07/2022Aonde quer que esteja, Freud está muito orgulhoso.Freud would have been so proud!
Vai ter uns spoilers, cuidado.
Nessa história somos apresentados a Hudson e Rylie, dois irmãos que brigam bastante e não tem o costume de ser próximos. Os pais deles morrem em um acidente de carro e eles precisam superar o fato de que agora estão sozinhos no mundo enquanto lidam com os problemas da juventude. A proposta é que no meio disso eles vão encontrar amor no apoio um do outro e eventualmente esse sentimento vai ultrapassar as barreiras da irmandade, mas na real acontece de uma forma bem diferente.
Com o passar da narrativa, descobrimos duas informações importantes sobre a Rylie: ela tem Transtorno de Personalidade Limítrofe (AKA Borderline) e ela sempre foi apaixonada romanticamente pelo irmão dela. Sinceramente a doença é irrelevante pra história. Se ela tivesse apenas depressão ou PTSD faria mais sentido do que dar um diagnóstico completo de uma doença que vai ser preguiçosamente explorada. E um detalhe importante é que a mãe da Rylie é meio antivaxx doida dos óleos essenciais, então também descobrimos que a Rylie não fazia uso da medicação como deveria. Grave, preocupante e perigoso. Até porque Borderline precisa também de acompanhamento psicossocial e essa menina só vai no psicólogo quando tá morrendo (literalmente). Pelo que eu sei Borderline te faz ter mudanças bruscas e repentinas de humor e a Rylie não apresenta isso. Ela está depressiva com um motivo e fica feliz em situações específicas. Temos aqui um caso claro de quadro clínico sério for the sake of shock value. Pelo menos não é um est*pro.
A paixonite da Rylie veio do fato de que ela sempre adorou o irmão e queria que ele a notasse, mas ele sempre afastou ela e estava mais preocupado com a própria vida. Não teria nada de mais se a forma como o Hudson se apaixona por ela de volta não fosse completamente sem pé nem cabeça. Nem dá pra chamar bem de paixão. Ele é mais sexual do que romântico. Hudson tem uma namoradinha chamada Amy que é bem sem graça e não quer fazer nada de diferente, então qualquer kink já deixa o Hudson ligadão. Falou incesto ele já estava piscando.
E o plot é basicamente esse. Eles querendo desesperadamente fazer the devil's tango e não podendo porque nos EUA é crime. Eles ficam o tempo todo "ai vou ser preso porque te amo" e piriri pororo. Quando eles são denunciados o problema se resolve em um capítulo e esse é o climax do livro. Aí eles arranjam umas identidades falsas, mudam de nome, se casam, tem uns filhos e quem era contra o incesto aceita de boa no final. Nada acontece, feijoada.
Eu queria que essa história tivesse sido escrita pela Penelope Douglas. Aquela mulher sabe fazer você sentir um personagem dramático como ninguém. Essa escrita é tão rasa que sinceramente não impactou em nada. Um livro esquecível e que nada de muito interessante acontece. O livro inteiro é sobre incesto e como nos EUA, o país do liberalismo e da liberdade, tudo é crime.