Karen Silva 13/10/2018Em A Promessa, o ex-comandante, e narrador-personagem, Doutor H. encontra em uma conferência literária um escritor de romance policial. Após uma palestra do mesmo, decide fazer críticas à sua escrita. E, em meio à conversa, Doutor H. conta a intrigante trajetória de Matthäi para o escritor.
Em um pequeno povoado da Suíça, Matthäi, um comissário de polícia se vê frustrado diante de um assassinato não resolvido, cuja vítima é uma menina de oito anos. Depois desse caso, sua vida muda completamente, girando em torno da promessa que foi feita para os pais da garota.
Em A Promessa, Friendrich Dürrenmatt satiriza e reverencia o gênero policial de forma simultânea. Ao intercalar passado e presente, o autor apresenta uma narrativa dinâmica e consegue firmar uma atmosfera de suspense do início ao fim.
A escrita leve de Friendich surpreende e deixa o leitor preso à história . Somos diretamente afetados pelos sentimentos de Matthäi e, assim como o personagem, nos vemos procurando desesperadamente uma resolução para o crime investigado.
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A Promessa é uma leitura indispensável para quem é fã do gênero policial. O livro apresenta todos os componentes que um bom livro do gênero deve ter, mas sem as deduções fáceis e metodológicas que eram costumes da época. E o autor ainda entrega um final nada óbvio e muito reflexivo. ⠀⠀
Eu, particularmente, achei a forma como o autor ligou todos os pontos e o desfecho geniais. O que tornou o livro um dos meus romances policiais favoritos.
Já em A Pane, Alfredo Traps, um caixeira-viajante, sofre uma pane mecânica em seu carro e é obrigado a passar uma noite em uma cidade desconhecida. Ele acaba hóspede de um juiz aposentado, que o para jantar com mais três amigos.
Todos aposentados e da área jurídica, levam o resto dos seus dias encenando julgamentos. Sendo eles o juiz, o promotor e o advogado de defesa, cabe a Traps, como convidado, ser o acusado.
Réu em um tribunal fictício, Traps tem uma condenação que vai além das leis humanas. ⠀⠀ A Pane que aborda a força da manipulação e nos faz questionar todo o tempo o quanto conhecemos a nós mesmo e temos consciência de nossos atos.
Apesar de ter gostado muito da reflexão que o livro deixa, não consegui me envolver com a história. Ela funciona bem como um conto e a narrativa é fluida, mas fica rápida demais e confusa em determinados pontos.
O livro tem um tom trágico, mas sabe brincar com isso nos momentos certos. O autor nos confronta o tempo todo com aquela velha questão: uma mentira contada mil vezes é capaz de se tornar uma verdade? Você terá que ler para descobrir.
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