Lurdes 07/05/2023
A Caixa Preta é um romance epistolar, totalmente narrado através de cartas e telegramas trocados entre os personagens.
Alex Guideon e Ilana se divorciaram oito anos atrás de forma tempestuosa, após frequentes traições de Ilana.
Ele, professor e escritor renomado segue morando nos EUA, enquanto Ilana retorna a Israel, com o filho de ambos, Boaz e, depois de um período muito difícil, se casa novamente com Michel Sommo, com quem tem uma segunda filha, Yifat.
A primeira carta, de Ilana endereçada a Alex, pede ajuda em relação ao filho, que está afastado da família, com comportamento rebelde e autodestrutivo. Alec auxilia... enviando dinheiro.
Após este primeiro contato ainda bastante formal e cauteloso, vamos acompanhar uma enxurrada de correspondências, entre Ilana e Alex, Michel e Alec, o casal com o advogado de Alec, entre Alec e seu advogado, entre Boaz, o pai, a mãe e o padrasto.
E, à medida que os contatos se estreitam, as liberdades (e as verdades) naturalmente começam a vir à tona.
Críticas, xingamentos, julgamentos, acusações, perdões, pipocam de todos os lados.
O término do casamento, que deixou muitas questões mal resolvidas, causou muito mais danos ao casal e ao filho do que se supunha e este momento, de profunda crise do rapaz, que coincide com grave enfermidade de Alex, pode ser a última oportunidade para abrirem a Caixa Preta desta relação e tentar descobrir onde é que falharam.
Michel aparentemente orbita em torno desta relação, mas ele consegue manipular a todos e toma para si a função de administrar o dinheiro que Alec passa a enviar, usando estes recursos, não apenas para prover a família, mas para investir em suas ambições políticas.
O livro não se exime de abordar a situação política de Israel, nos anos 1970 e acompanha o crescimento do movimento de direita, que não aceita acordos com os Palestinos.
Aqui cada um é narrador da própria versão e como nenhum narrador é confiável...
Ótimo livro, e como diz Boaz... Não julgue, sinta pena de todos.