Mimi 09/01/2022Num mundo alternativo, onde uma 3ª Guerra Mundial chegou de fato a acontecer, a Inglaterra conseguiu se salvar da destruição ao tomar medidas conservadoras e não participar da guerra. Agora a África e a Europa não existem mais e a Inglaterra sobrevive graças à uma ditadura fascista, onde a liberdade é uma luxúria. No meio dessa cena, somos apresentados à V, um anti herói que quer se vingar daqueles que lhe infligiram dor no passado, assim como também libertar a população das mãos da ditadura, tomando ações violentas e sagazes.
Ai daqueles que dizem que a literatura e HQs não são políticas. A própria existência deles e de toda arte, em geral, é um ato político. Alguns apenas apresentam, expõem e desenvolvem seus lados de maneira mais claras que outros. Essa é a graça de toda o expectro cinza da moralidade. E esse é o porquê desta HQ existir.
No começo achei que não estava gostando da obra tanto quanto eu queria. Mas aí percebi que não era só pelas minhas altas expectativas, mas também estar me apegando, de algum jeito aos atores da adaptação cinematográfica, que deram vida aos personagens. Filme esse, inclusive, ao qual eu só assisti trechos, cenas, gifs. E exatamente eles me criaram a expectativa alta da leitura.
Acho que consegui me libertar dessas amarras no processo da leitura, no decorrer do meu entendimento da trama, do que ela me fazia questionar. E o quão perto dela a realidade pode estar. A minha realidade, a nossa realidade. Sem a guerra nuclear, é claro, com outros novos elementos. Mas o teor político é o mesmo e é o que torna tudo tão real.
Acredito que essa será a primeira leitura de muitas, assim como acontece e aconteceu com alguns livros clássicos para mim: são leituras para serem revisitados, para exercer o que aprendemos com eles, para nos lembrarmos de seus ensinamentos.
Um clássico é sempre um clássico. Não importa sua forma, não importa quando veio ao mundo.