Talita.Lopes 18/10/2022
Vox
Estamos vivendo em uma sociedade cada vez mais machista, e isso parece só piorar.
|Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.|
Em Vox, vemos um futuro distópico nos Estados Unidos, onde após as eleições, o país é governado pela extrema-direita.
Uma ideia de governo totalmente patriarcal, em que as mulheres servem para cuidar de casa, dos filhos e dos maridos, somente. Não existe mais mão de obra feminina. A mulher agora, é a escória da sociedade, com o direito de apenas 100 palavras por dia. E claro, qualquer outro que venha discordar, perde todos os seus direitos igualmente.
Os acontecimentos da história são narrados por Jean, ou melhor, Dra. Jean McClellan, esposa e mãe de quatro filhos, um deles, Sonia.
A personagem é dona de casa, e seus anos de estudos e qualificações são oprimidos por homens puros. Aliás, devido ao Movimento Puro, o país está nessas condições.
Jean, Sonia e todas as mulheres do país, vivem seus dias com contadores em seus pulsos, aparelhos que contabilizam cada palavra dita, e que ao ultrapassar o número 100, é emitido um choque, a cada palavra.
De repente, Jean encontra-se em uma nova perspectiva. Está sendo convocada para um projeto. É uma das únicas profissionais capacitada para o trabalho. Se vê resistente no primeiro momento, mas logo percebe que é uma chance para lutar por todas as outras mulheres.
O livro te prende de uma forma assustadora. A narração em primeira pessoa nos faz sentir-se na pele de Jean, pensar como ela, e se perguntar: O que eu faria se fosse comigo?
Isso é um facilitador para podermos compreender atitudes e pensamentos das personagens.
A autora tenta trazer ao leitor essa sensação de semelhança com a própria realidade, mesmo sendo o extremo onde uma sociedade pode chegar.
Ao contar como é a situação atual do país nesta história, talvez a ideia de impossível seja plausível, mas quando refletimos sobre o Movimento Puro dentro do livro e, de como se sucedeu este governo, podemos mudar para possível e talvez próximo à realidade.
Este movimento é proveniente da religião, e se torna um estilo de vida, seguindo uma linha de família tradicional heteronormativa. Dito isso, já entendemos que estão ??livres?? apenas casais heterossexuais, e qualquer escolha diferente é rejeitada e punida.
Obviamente que em uma história com tantos detalhes, a autora vai se prender em alguns deles, por conta disso, não é comentado sobre economia, por exemplo, e como o país sobrevive sem metade da força de trabalho. No entanto, vemos mais o olhar sentimental e real da situação, sentimos o dia a dia das personagens e suas dores.
Uma leitura necessária.
Vox me encantou devido a essa semelhança citada acima, e a urgência de se manter falando sobre os direitos da mulher na sociedade. Suas temáticas e problemas me fizeram passar raiva e me encantar ao mesmo tempo. Uma história cativante e triste.