Kalyne @oreinodaspaginas 17/01/2019ResenhaRecentemente eu li O Conto da Aia e me encantei profundamente pela história. Quando a Arqueiro anunciou o lançamento de Vox como um reconto amedrontador dessa história, mas nos dias atuais, eu fiquei extremamente ansiosa para ter esse livro em mãos logo. Trazendo em voga a luta do feminismo contemporâneo, e o poder que as palavras possuem, a história toca em um dos pontos mais fortes da nossa sociedade: a igualdade de gêneros.
Igualdade de gêneros significa que homens e mulheres devem ter os mesmos direitos e deveres. Em teoria isso é maravilhoso correto? Mas na pratica infelizmente ainda é algo utópico. E no livro vemos claramente a subordinação obrigatória das mulheres aos homens.
Em Vox as mulheres sofrem quase o mesmo destino das do Conto da Aia, não podem mais trabalhar fora, ter conta em bancos, contato com livros, celulares e afins e possuírem autonomia sobre si próprias. Essa realidade descrita no livro me gera uma revolta enorme, mesmo a história sendo fictícia e se passando nos Estados Unidos, eu me perguntava o tempo inteiro: o que seria de nós mulheres aqui no Brasil vivendo algo assim?
Jean, a personagem principal, é maravilhosa. Amei sua ironia ao longo da narrativa e a força dela em lutar por aquilo que acredita, mesmo que seja da sua maneira. Confesso que em algumas partes da história eu quis sacudir a Jean para ela deixar de ser passional e agir mais, porem compreendi que a situação das mulheres no livro, não abria brechas para que nenhuma delas, nem mesmo Jean, conseguisse fazer algo maior do que queriam.
Esse é um livro forte, a ideia de contadores de palavras me aterrorizou profundamente. Eu que falo o dia inteiro, converso sozinha, com o peixe, os cachorros e canto minhas versões das musicas que amo, não suportaria ter apenas 100 palavras diárias para falar.
Os plot twists que acontecem na história me deixaram de queixo caído, afinal, quem não ama uma boa reviravolta? Mas eu jamais esperaria as coisas que aconteceram, isso sim foi um ponto extremamente positivo na narrativa.
E por falar em narrativa, me encantei pela escrita da Christina Dalcher e pela ousadia dela em recriar uma versão contemporânea de um dos maiores clássicos da literatura. Recomendo esse livro com o coração aberto e livre. E obrigada a Editora Arqueiro por investir nessa história, vocês arrasaram.
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