Denise.Marreiros 11/06/2020Com uma linguagem clara e cativante a autora nos mostra um mundo possível, onde os homens estão no poder, aliás eles são o poder, até aí nada de novo, mas o problema é que não sobrou nada para as mulheres. Elas são tão insignificantes que não possuem seu papel mais básico, o de educar seus filhos. A elas sobrou apenas os deveres de dona de casa e o de satisfazer seus maridos. Elas tem uma quantidade limitada de palavras por dia e a cada palavra extra é punida com severidade e muita dor.
O livro me lembrou em muitos momentos dois clássicos distópicos, 1984 e O Conto da Aia, com uma visão mais moderna e uma escrita mais dinâmica.
Jean McCellan é uma mulher casada, mãe de quatro filhos, sendo três meninos e uma menininha de seis anos que teve que aprender muito cedo a se calar. Ela vê seus filhos mais velhos sendo engolidos pelas novas regras governamentais regidas pelo fundamentalismo religioso ditado na escola, enquanto sua pequena garotinha é cada vez mais diminuída em sua existência silenciosa.
Jean sabe que tudo isso está errado, ela lembra de como era antes, de como era ter voz. Mas lembra também do quanto foi omissa e de que não fez nada para mudar o futuro tenebroso que a esperava. Ela jamais acreditou que algo assim fosse de fato acontecer.
Mas o inesperado acontece e agora ela tem nas mãos a chave para mudar o destino de seu país, ela só precisa ser forte e aguentar
Somente com seu final rápido e cheio de reviravoltas óbvias demais é que o livro me perdeu um pouco. Ele foi bem construído e por isso merecia um final menos acelerado e mais digno. Ainda assim, valeu muito pela reflexão que trouxe. Uma leitura rápida e incomoda para nos lembrar que a apatia e o desinteresse na política de nosso país e nos rumos que ele está tomando, podem trazer consequências avassaladoras para todos nós.