Carol 02/02/2019O papel mata-moscas e outros textosColetânea de narrativas curtas, ensaios e aforismos, O papel mata-moscas e outros textos é uma boa porta de entrada à ficção de Robert Musil, um dos grandes nomes do modernismo europeu.
O texto que dá título ao livro é singular. Da descrição comercial de um papel mata-moscas à agonia das moscas presas nele, humanizadas. Escrito em 1913, é uma metáfora antecipatória do destino do homem nos anos que se seguiram.
Uma prosa elegante, clara, que quanto mais existencialista, mais me agradou. O melro; O gigante Agoag; Monólogo de um aristocrata do espírito; Para o conceito de gênio, foram meus prediletos.
O posfácio de Marcelo Backes é imperdível. Traz um panorama da obra de Musil e analisa cada texto da coletânea. Um dos melhores textos de apoio que já vi.
Meu único senão foi o "Ensaio sobre a Estupidez", que é a transcrição de uma palestra realizada em Viena, em 1937, na qual Musil discorre sobre o que seria a estupidez. Creio que ocorreu um desencontro entre a leitora que sou - que ansiava por algo ao estilo roterdaniano de Elogio da Loucura - e o texto em si, que é uma crítica velada ao fascismo. Bem escrito, mas não o que eu esperava.
Um bom livro, uma boa introdução à obra de um autor muito citado e pouco lido.
"A juventude superestima o que há de mais novo porque sente que tem sua idade. Por isso é uma dupla tragédia quando o que há de mais novo em seu tempo é ruim."