Paulo Silas 07/03/2016Mais uma grande obra de Nietzsche na qual o filósofo tece considerações sobre diversas questões que ganharam pontuais reflexões.
Sendo um dos primeiros livros de Nietzsche, constata-se a antecipação de suas ideias que ganhariam moldes mais estruturados e maduros com o passar do tempo. Alguns de seus pensamentos clássicos ainda estão no berço dando os primeiros respiros, de modo que o leitor que possui ao menos um mínimo de conhecimento da filosofia Nietzschiana não encontrará neste livro os seus mais famosos conceitos. Nada de super-homem, eterno retorno, vontade de poder ou moral de senhor e moral de escravo. Pode se dizer inclusive que em "Humano, Demasiado Humano" existe um Nietzsche um pouco diferente daquele clássico. Não que haja uma ruptura de seus pensamentos primevos com a filosofia à martelada que viria mais além, tanto é que temas como a impossibilidade de alcance da verdade, visão das coisas pela psicologia e críticas à moral e especificamente ao cristianismo já estão presentes nesta obra. Há apenas a percepção da desenvoltura nas ideias no filósofo que com o tempo foram se tornando mais radicais, o que se torna notório com a comparação dos escritos de diferentes épocas.
"Humano, Demasiado Humano" é "um livro para espíritos livres", os quais, para Nietzsche, não existiam nem nunca existiram quando escreveu o livro, mas teriam sido criados pelo autor por necessidade de uma companhia a sua altura. São os que se tornam senhores de si mesmos, criadores e controladores das próprias virtudes. São aqueles que possuem o domínio do seu eu. É um livro, portanto, que apresenta um prelúdio de libertação.
A abrangência de temas tratados por Nietzsche é bastante grande. A obra conta com 638 aforismos, desde os singelos até os extensos, abordando questões como a amizade, o casamento, as questões do Estado, a religião, a arte, a cultura e muitas outras.
É um livro denso, escrito ao estilo de Nietzsche - quiçá num tom um pouco mais ameno. Abordagens interessantes que merecem a leitura.
Recomendo!