Maria - Blog Pétalas de Liberdade 04/10/2019Resenha para o blog Pétalas de Liberdade Sebastião voltava para casa quando se deparou com um homem desacordado na estrada. Sendo o coveiro da região, se o rapaz estivesse morto, Sebastião mais cedo ou mais tarde teria que levá-lo para enterrar. Felizmente, o rapaz estava vivo, mas desmemoriado, não se lembrava do nome nem de onde tinha vindo. Sebastião precisava de alguém que lhe ajudasse no cemitério que funcionava em seu terreno e que servia à população da vila Coronel Rodrigues. Então, com a condição de que o rapaz lhe ajudasse naquele dia, ele acompanharia o desmemoriado (que passou a se chamar Carlos) no dia seguinte até Coronel Rodrigues, de onde poderiam ir até a cidade e saber se alguém podia identificá-lo ou estava procurando por ele.
Mas coisas estranhas aconteceriam naquela noite, começando pelo que Sebastião e Rosa, sua esposa, sentiriam com a presença de Carlos na casa. Quem seria ele? Como sua presença afetaria a vida em Coronel Rodrigues, a vila dividida ao meio por duas facções, uma comandada pelo traficante JB e a outra comandada por Chico e a milícia?
A obra é divida em 27 capítulos. Nos primeiros, vemos a chegada de Carlos na casa do coveiro, depois temos uma carta de um jovem que era viciado em drogas e até perdeu um dedo por não conseguir pagar sua dívida com JB, mas que decidiu procurar tratamento após um encontro com o desmemoriado. Nos capítulos seguintes, o autor irá pouco a pouco nos contando a história de Coronel Rodriges: o motivo de os dois irmãos terem se tornado rivais, como a divisão da vila ocorreu, qual foi o papel da mãe de JB e Chico nessa divisão, além de mostrar as semelhanças e diferenças da vida nas duas comunidades e as estranhas sensações que Carlos tem e provoca nas pessoas.
Ainda que o livro não tenha me cativado e apesar do fato de que terá uma continuação e por isso não tem resposta para a principal questão da trama, eu achei interessante como o autor foi contando as histórias de Coronel Rodrigues, histórias com muitas semelhanças com a realidade de inúmeras pessoas que vivem em favelas ou regiões dominadas pelo tráfico e pelas milícias.
Fica o aviso de que há cenas bem pesadas, de violência, mortes, torturas, estupros, pois estamos numa área onde a lei é feita pelos líderes das facções e a liberdade de ir e vir e os direitos são limitados. O autor mescla o uso de palavras mais formais com gírias e "caipirês", partes reflexivas com cenas de ação.
A edição tem uma capa um pouco abstrata, mas gosto da combinação de branco, vermelho, preto e cinza. As páginas são brancas. As margens, as letras e o espaçamento entre uma linha e outra tem um bom tamanho, e a revisão poderia estar melhor.
Enfim, fica a sugestão para quem procura um livro que mostre parte da dura realidade brasileira e que também tenha um toque de ficção relacionada às habilidades especiais do personagem principal.
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