NatAlia.Chimenes 29/10/2018
Leia!
Com uma mistura ideal entre romance e ficção cientifica, temos essa história sobre um mundo pós terceira guerra mundial, entregue a antigos costumes, novos deuses e crenças, mergulhando novamente na idade das trevas. E de um lado temos a redescoberta da biogenética. O visual é ciberpunk, com lutas incríveis, e um romance que dividirá opiniões.
Sendo uma releitura de A Bela e a Fera, adaptada em um futuro distópico, pós-apocalíptico. O interessante, são as críticas sociais com temas atuais abordados, que nos fazem aprofundar nesse romance a cada parágrafo.
Um dos pontos que mais chamou a minha atenção foram os experimentos feitos pelo Dr. Gideon, em busca do ser ideal, fazendo que uma minoria se transforme em monstros odiados pela sociedade por serem diferentes. Esses acontecimentos me fizeram lembrar de Hitler e seus ideais durante a segunda guerra mundial.
As questões sociais são bem claras, e nos questionam, até que ponto o ser humano está disposto a chegar em busca da perfeição. O tema da intolerância por tudo o que é diferente, e a dificuldade em aceitar que somos todos pertencemos a mesma raça, aborto, estupro e machismo. A Fera de Montrack não é somente um livro, é um tapa na cara da sociedade, demonstrando que o poder e o conhecimento nas mãos de poucos, pode ser a destruição de tudo o que conhecemos.
Bem, sem deixar de lado as questões sociais fortemente presentes no livro, temos o romance, esqueça tudo o que viu até agora, e lembre dos nomes Sarah Monterrei e Connor Bailosh (mas, gosto de chama-lo de Kairos). A história não seria tão emocionante sem o nosso casal principal, que me cativou do princípio ao fim:
Sarah Monterrei, é um soldado, que trabalha para as instalações Montrack, tem uma personalidade forte, é uma personagem digna de respeito, com ideais feministas, que me orgulharam desde o início do livro. Fora abandonada quando jovem por Connor, depois de uma noite cheia de amor e juras que não foram cumpridas. E posso dizer com convicção que essas juras botariam inveja em Romeu e Julieta.
Connor Bailosh, abandonou Sarah indo para a ilha de Navos, onde se deitou com todas as mulheres, mas Sarah foi a única a tocar seu coração, transformara-se em um krector, mas nunca esquecera sua ninfa de cabelos dourados, agora o destino os unira novamente, porém seu grande amor apenas o vê como um monstro, ao qual ela como soldado treinada e suas crenças cegas; precisa destruir. Confesso que gostava mais dele como krector, afinal, quando ele volta a ter a beleza, como todo homem, fica vaidoso e egoísta, mas logo percebe que agiu errado, e como personagem principal o vi evoluir e isso é bom, ele não perde sua essência, evoluindo e melhorando como homem para sua Sarah.
Há muitos personagens marcantes no livro, porém destacarei mais dois além dos principais, as vezes os coadjuvantes também têm seu momento de estrela, e começarei por:
Aika Martel, mais conhecida como Quarentena, a soldado mais fiel de Dr. Gideon, uma Perfeita, com força e fator de cura, eximia lutadora, capaz de tudo para com sua causa e a de Gideon.
O que mais admirei e odiei nessa personagem foi, sua luta cega em busca dos krectors, em nenhum momento ela desobedeceu suas ordens, como uma máquina sem sentimentos e implacável, e admirei durante as lutas, ela era impecável em cada golpe, sem contar sua sede de vingança por Sarah, não darei spoilers.
O segundo personagem que me cativou foi o Dr. Eisenberg. O que tem de louco, tem de genial. Suas divagações sobre a vida, a morte, o universo e os avanços do mundo, apenas nos fazem refletir sobre o caminho por onde a humanidade está seguindo atualmente. Assombrado pelo passado assim como todos os personagens, ele vive beirando entre a maluquice, fazendo com que nossos personagens muitas vezes percam a paciência com ele, mas não se engane, ele tem mais segredos e planos na manga do que imaginam.
Em relação aos crossovers com o Relicário e Coração de Fogo, assim como no universo Marvel, pretendo ler para unir as pontas e participações mais que especiais.
Aprendi muito durante a leitura desse livro, e caso não goste de ficção cientifica, lhe recomendo que dê uma chance A Fera de Montrack, esse livro tem tudo o que um épico tem para o início de uma saga. Que venham as continuações e só posso dizer uma coisa a todos vocês:
Sejam bem-vindos a Montrack! Lugar onde tudo pode acontecer e geralmente, acontece!
Por Natália Chimenez, resenhista do Chá das Seis e autora de WEWO.