Reparação

Reparação Ian McEwan




Resenhas - Reparação


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Joana Masen 28/07/2012

Intenso
Desde as primeiras páginas esse livro prende o leitor com os detalhes da casa, das pessoas, de seus sentimentos, que o autor consegue descrever muito bem, sem ser monótono ou cansativo. Diferente de alguns livros que já li, esses detalhes ajudam a despertar o interesse de quem lê, pois ajudam a analisar profundamente cada personagem, permitindo a cada leitor criar (ou não) afinidade com ou outro. Enquanto o autor apresenta a personagem Briony, ele ainda dá detalhes de como é a cabeça de um escritor, como funciona sua lógica diante dos fatos, como ele enxerga o mundo e, principalmente, como ele reage aos acontecimentos, dos simples aos mais complexos. Essa garota é responsável por todo o desenrolar da trama ao afirmar com certeza que viu algo que nem ela mesmo tem certeza que viu, e com isso, condenar um jovem inocente (?), Robbie, à prisão e a viver distante de seu amor, Cecília. Ao longo da narrativa, vemos fragmentos desse acontecimento sendo contado sob a ótica dos três personagens, e temos a chance de analisar o caráter de cada um, a partir de seus atos e suas decisões tomadas com base no incidente, e que acabam por transformar suas vidas, desfazendo seus sonhos de realização pessoal e mudando para o futuro de todos. Ian McEwan consegue contar os fatos de apenas um dia por páginas e páginas, sem ser repetitivo, e enriquecendo esses fatos com inúmeros detalhes, dos lugares e das pessoas envolvidas nos eventos. Ao final, quando o leitor já está envolvido quase que pessoalmente com os personagens, acreditando na versão desse ou daquele, ou torcendo para um final feliz entre Cecília e Robbie, eis que o autor apresenta um desfecho surpreendente, assim como fez Machado de Assis em Dom Casmurro. O livro é muito interessante e de leitura fácil, vale a pena.
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CooltureNews 13/04/2012

Publicada no www.CooltureNews.com.br
Por: Luciana Assunção

O que muito brasileiro não fez foi ler o livro. Escrito pelo britânico Ian McIann, Reparação (Ed Cia das Letras) foi publicado há algum tempo, mas acaba de chegar ao Brasil em uma edição econômica para cativar um maior público que busca edições baratas.

O livro relata a história de amor de Cecília e Robbie. A primeira, filha de um funcionário público de alto escalão e o segundo o filho de uma empregada da casa. Apesar de fazer parte da criadagem, o jovem sempre foi bem tratado pela família Tallis (família de Cecília). O pai de Cecília pagou seus estudos e, graças a essa ajuda, Robbie conseguiu se formar em Cambridge entre os melhores da turma. Cecília e Robbie sempre foram amigos mas, ao entrarem em Cambridge a amizade mudou e desde então ambos têm se estranhado.

A história se desenrola em um verão na casa da família na década de 30. Após uma discussão entre os jovens, em que Cecília irada, tira a roupa e entra dentro de uma fonte para reaver uma peça quebrada. Após o incidente, Robbie decide escrever uma carta de desculpas para Cecília. Após muitas versões, Robbie sem querer acaba pegando uma versão mais picante da carta. Ele pede a Brionny (irmã mais nova de Cecília) que entregue a carta e só depois percebe o erro.

O que Robbie não previa também, é que Brionny presenciou a discussão dos dois. Como estava longe, apenas viu as ações dos dois, sem saber o motivo da discussão. Baseada nesse momento e após ler a carta de Robbie, a menina acaba tirando suas próprias conclusões.

Durante uma noite turbulenta onde duas crianças fogem da casa da família Tallis, uma jovem é atacada e, diante das conclusões tiradas anteriormente Brionny, a única testemunha, acusa Robbie de ser o autor do crime. Com isso o jovem acaba sendo preso e julgado culpado.

Alguns anos depois, Robbie tem a oportunidade de fazer reduzir sua pena se for combater na guerra. Para ele essa é a oportunidade de ficar junto a Cecília, que abandonou a família para ficar junto de Robbie. A luta pela sobrevivência de Robbie na guerra será narrado até o fim de sua jornada para reencontrar Cecília, intercalado pelos breves momentos e cartas trocadas entre os dois durante os anos de guerra.

No mesmo momento, reencontraremos Brionny. Agora mais velha, ciente do que fez e com a certeza de quem cometeu o ataque, a jovem tenta reparar o erro que cometeu ao acusar injustamente o jovem. Para tentar se penitenciar, a jovem rejeita sua vaga em Cambridge e se torna enfermeira. Ao mesmo tempo busca entrar em contato com a Irmã para tentar se desculpar do erro que cometeu. Basta saber agora se ainda é tempo para fazer uma reparação...

O texto de McIann é um texto rebuscado. Não é difícil, mas é necessário degustar cada frase. Suas sentenças não somente narram uma história, o autor consegue inserir nelas o que cada personagem sente naquele momento: dor, alegria, tristeza, tudo isso pode ser sentido nos parágrafos que fazem Reparação se tornar uma obra.

Brionny é uma jovem escritora, por isso durante todo o livro iremos presenciar o processo literário de um escritor. A busca constante de transmitir as emoções e manter uma narrativa constante, como instigar o leitor a manter a leitura etc.

Além de uma linda história de amor, essa com certeza é mais um motivo para lermos Reparação, pois além de boa leitura, nos permite entender como um autor constrói sua história.
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Psychobooks 28/01/2012

Resenha dupla =)
Alba:

Reparação conta a história de Briony, uma menina de apenas 13 anos, aspirante a romancista que busca por meio das palavras se expressar e brilhar.
Briony em seus devaneios cria uma rede de intrigas envolvendo sua irmã, Cecília e o filho de uma criada, Robbie.
Sua busca durante todo o livro é reverter o mal que causou numa noite regada a muito ódio e justificativas egoístas.
A narrativa é em terceira pessoa e durante o enredo acompanhamos Cecília, Robbie e Briony pelos caminhos trilhados antes e após a noite fatídica. A forma como Briony se descobre uma romancista está intrinsecamente ligada a todos os fatos que se desdobram no livro. Sua imaginação e a forma que lida com ela é a causa dos infortúnios e de sua busca por perdão.
O início do livro é bem parado, é necessária perseverança para seguir a leitura. Há um excesso de descrições, tanto de sentimentos quanto de locais, mas mais uma vez, isso é necessário para o melhor entendimento dos sentimentos de cada um dos protagonistas.
Robbie e Cecília são personagens cativantes. Desses casais que é impossível não torcer para que tudo dê certo. Briony, por outro lado, é a imagem da inveja. Em nenhum momento é possível para o leitor sentir-se atraído ou simpático à sua causa. Mas não se engane achando que isso é uma falha na construção da personagem. Pelo contrário. Percebe-se em toda a leitura que Ian McEwan em nenhum momento perdeu o controle de suas crias.
Toda a trama vai acontecendo numa crescente. Primeiramente todos os personagens são apresentados – como há de ser – seus papéis vão se desdobrando, a história vai ganhando ritmo até atingir seu ápice na revelação final. Cada inserção de personagem – seja ele protagonista ou coadjuvante – cada cena mostrada, cada palavra dita tem uma consequência mais à frente. A trama é muito bem-amarrada. Não há pontas soltas.
Pequei ao assistir primeiro o filme. “Desejo e Reparação” é inspirado no livro e há nele todos os elementos principais do enredo. O diretor foi fiel à obra, o que tira completamente a surpresa da narrativa escrita. Aconselho que leiam primeiro o livro e depois vejam os personagens criar vida na tela. A história fica mais interessante.

Irene:

Em que momento, o escritor descobre a sua vocação e, o mais importante, a capacidade de manipular os acontecimentos e a reação dos personagens por ele criados?
A par da história, é isso que vemos ao longo de “Reparação“.
De início, Briony a principal narradora, está escrevendo uma peça teatral. No entanto, ela não fica contente com a interpretação que seus primos estão dando ao texto e a mudança que isso causa em sua história.
Olhando pela janela de seu quarto, ela vê uma cena que influencia grandemente a sua criação dali em diante. É a partir da cena que ela presencia entre sua irmã, Cecília, e Robbie que surge sua verdadeira vocação para o romance. É nesse momento que ela percebe que o poder que o escritor tem é o mesmo do Criador: vida e morte. E também nesse momento que ela percebe que o escritor pode mostrar a cena de várias pontos de vista: o narrador, o personagem X, o personagem Y, etc.
(Leiam a citação que escolhi, ela exemplifica esse momento da narrativa)
Nesse trecho, fica patente o uso que Ian McEwan faz da metalinguagem (usar a criação para explicar ou mostrar a própria criação, por exemplo: em uma obra de arte de um pintor pintando um quadro há o uso da metalinguagem).
Ao longo do romance ele conta a história de pontos de vista diferentes. Há o posicionamento de Cecília, o de Robbie e o da narradora principal, Briony, quem tem o poder de contar a sua versão e mais: interferir na vida dos outros personagens.
Foi isso que não me deixou muito contente com o livro. A história é linda, os personagens são cativantes, mas chega um ponto em que o autor nos enfia “goela abaixo” que é isso que eles são: personagens. E por isso ele, na sua onisciência e onipotência faz o que quer com eles e nos mostra isso.

Link: http://www.psychobooks.com.br/2012/01/resenha-dupla-reparacao.html
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Daycir 12/01/2012

Delicioso....
Que livro lindoooooooooooooooooo..............quando comecei, por se tratar de um livro de época, achei meio cansativo....quase desanimei....mas quando história comecou a esquentar, me apaixonei.
Que riqueza de detalhes!!
Que sensibilidade para tratar do amor e da guerra, da dor e da separacao....o trecho onde os protagonistas fazem amor na biblioteca é tao forte que parece que estamos bem alí, fazendo parte da trama...lindo e perfeito.
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Zé Pedro 29/12/2011

Livro excepcional. Não conhecia o autor até ouvir falar da adaptação deste romance para o cinema. Livro e filme são belíssimos. Me interessei tanto pela literaura de Mc Ewan que já li vários dos seus livros, sendo este, sem dúvida o mais marcante e cativante. Acho o trecho em que o autor narra a retirada de Dunquerque, impressionante. Ele o faz com maestria e sensibilidade em meio ao caos das mortes e do sangue, quase um poema.
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Pat 27/12/2011

Devo começar minha resenha dizendo que esse é um livro que eu gostaria de ter em minha biblioteca pessoal. Quando o vi na prateleira da Biblioteca Municipal e li a descrição na aba da capa, logo nas primeiras linhas já havia decidido que aquele seria o livro que locaria. O fato de a personagem principal querer tornar-se uma escritora, do romance se passar na Segunda Guerra Mundial e ser classificado como "drama psicológico", dera-me argumentos o suficiente para acreditar que seria uma leitura agradabilíssima. Comecei a lê-lo logo quando cheguei em casa.
Porém, no segundo dia de leitura, quando estava lá pela página cento e pouco, já estava um pouco exaurida por conta das detalhadas descrições que o autor dá às cenas (o que confesso não ser meu tipo preferido de narrativa). Mas o que me prendia era a sensação que alguns trechos me davam; aquela sensação de estar em uma casa de campo, em um dia de verão, sentindo o cheiro de ar puro me confortava. Por gostar muito desse clima, o livro me conquistou e isso que me manteve animada com a leitura, apesar de ainda achar algumas cenas longas demais.
O que também chamou minha atenção foi a destreza do autor em mostrar a personalidade e visão de três personagens diferentes, de pensamentos e idades diferentes, e ainda em vários momentos de suas vidas. Isso fez com que eu passasse por emoções distintas durante a leitura: da delicadeza e inocência dos pensamentos de Briony, passando pela mente confusa de Cecilia, até chegar na mente apaixonada e depois cheia de raiva e rancor de Robbie. O trecho de Robbie, aliás - que até chamaria de "monólogo" - foi uma história a parte. Li Reparação logo após ter lido O Pianista, de Wladyslaw Szpilman, que retrata a mesma guerra, só que em Varsóvia, e tal descrição neste livro foi uma visão adicional para mim, presenciada por uma pessoa de um outro país, com outra cultura e com uma representação diferente.
Confesso que, quando a história realmente toma seu rumo com a intriga formada, tomo raiva da personagem principal e começo a ler o livro com esse sentimento, mais forte do que devia, o que de fato me surpreende. Prefiro não dizer o motivo e nem argumentar sobre, porque estragaria a graça da estória para quem não leu ainda. Sendo assim, a única coisa que digo é que amei, odiei e senti pena de Briony durante a narrativa. Entretanto, ao final, ela me conquista de vez por ter uma mente tão vulnerável à devaneios e imaginações, durante toda a vida.
Quando beirava o final do livro, fiquei imaginando como seria seu final, e até pensei que iria me decepcionar, pois o rumo que a estória estava seguindo, não dava abertura a um final feliz ou até mesmo interessantemente dramático. Pois digo que Ian McEwan, ou até mesmo Briony Tallis, me surpreendeu demasiadamente. Não só me emocionei como também tive a certeza de que o lerei novamente.
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Carol 27/12/2011

Entendo que Ian McEwan escreva maravilhosamente, mas o enredo me parece um pouco melodramático demais.
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Kamila 19/11/2011

Ian McEwan escreve um livro denso, que mergulha na mente de seus personagens principais e que nos mostra uma dura realidade: a vivida por três pessoas que, no decorrer de sua existência, vão se deparar com uma prisão em que a vontade de voltar no tempo e modificar certas coisas é uma constante. “Reparação” é um livro que brinca com a imaginação do leitor, o obrigando a participar da construção de uma realidade, em que, como no mundo visualizado por Briony, o sentimento principal é o de que nada que possa ser feito irá apagar a dor vivida.
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Carol 17/11/2011

"Reparação" e a natureza da escrita
Leitura obrigatória para todos os escritores, críticos e leitores ávidos. “Reparação”, de Ian McEwan é um dos meus romances favoritos e o meu favorito do autor, então não esperem nem um pouco de imparcialidade (afinal, isso aqui é um blog). O engraçado desse livro é que li umas 20 páginas e desisti dele – eu raramente faria isso com livro algum, a curiosidade não me permite. Mas, por trás da lingugagem bem escolhida e dos interessantes conflitos psicológicos da jovem Briony nas páginas iniciais, eu previa um final chato e açucarado. A ideia que eu tive no meu primeiro contato com a obra foi mais ou menos assim: numa casa de campo na Inglaterra de 1935, Cecilia, de classe média alta, se apaixonaria por Robbie, filho da empregada da casa, e os dois viveriam seu amor proibido, com a desaprovação da família de Cecilia, etcetera, etcetera, muito chato, muito clichê.

Como podem perceber, eu mudei de ideia. Alguns meses depois, numa biblioteca, o livro estava lá, em cima de uma mesa, olhando pra mim – eu comecei a ler mais algumas páginas e me apaixonei. Um começo ruim, mas o resto compensa, será? Não, não. Nem de longe. Um começo brilhante. Conforme a leitura progride, as intenções do começo vão ficando claras, até que, quando você termina o livro, já está pensando na genialidade de McEwan – que começou um romance nada óbvio da maneira mais óbvia possível. Talvez o conceito dessa tal genialidade seja meio difícil de entender assim, ou até difícil de explicar. Reparação é um livro que vai do impressionismo ao realismo, com maestria.

Briony, a irmã caçula dos Tallis, tem 13 anos e é uma escritora prodígio. Em busca de inspiração para suas obras, ela acaba testemunhando cenas, que do seu ponto de vista ingênuo, são bárbaras. Sua irmã, Cecilia, e o filho da empregada, Robbie, discutem na beira de uma fonte na propriedade dos Tallis. Briony, intrigada, assiste à cena da janela, sem que os dois percebam. Na verdade, Cee e Robbie, no auge de sua tensão sexual, brigavam e acabaram quebrando um caro vaso da família, que Cee pretendia encher de água. Irritada, ela tira a roupa para mergulhar na fonte e resgatar os pedaços do vaso. Após mais alguns desencontros que fazem Briony pensar o pior, num jantar na casa dos Tallis, a caçula surpreende Robbie e Cee na biblioteca, transando. Pronto, sua opinião foi formada: Robbie só pode ser um maníaco sexual. E quando Lola, prima dos Tallis, é estuprada nos fundos da propriedade e não sabe dizer quem é o culpado, Briony junta as “peças” na sua cabeça e julga que o criminoso só pode ter sido Robbie. Conforme a menina cresce e amadurece, vai percebendo que sua acusação era falsa, porém as consequências vão repercurtir por toda sua vida.

McEwan usa a relação entre livro e autor e os diversos planos de realidade (a histórica, nossa realidade; a ficcional porém real no mundo de Briony; e a ficcional criada por Briony em seu livro) para discutir o papel do escritor e a natureza da escrita. Quem dará o perdão ao novelista, se ele é o criador, o deus da sua obra, e não há ninguém superior para recorrer?

(Mais em http://apesardalinguagem.wordpress.com/)
Helder 01/12/2011minha estante
Concordo com você sobre a genialidade deste livro. Só lendo mesmo para entender ao que vc se refere. Parece que o livro foi completamente pensado antes de ser escrito. Ele nos leva para um lado e nos traz de volta a realidade cruel. Obra de arte!




alberto 09/11/2011

Temos de conviver com o passado
Muitas vezes lembramos de fatos passados que de uma maneira acabaram sendo decisivos para a formação de quem somos hoje. Muitas vezes, desejamos mudar esse passado, dar a ele uma outra versão, uma versão que possa nos trazer a paz, nos livrando de uma pesada pedra que carregamos. Porém, esse passado não se altera. Nada podemos fazer para dar ele o destino desejado. Temos de conviver com ele, aceitar e saber lidar com as consequências dele. Eis a lição que podemos tirar ao terminar a leitura desse maravilhosa obra.
Reparação vem cumprir o que toda obra literária deve fazer: sacudir o leitor, fazê-lo conhecer um pouco mais a si e ao outro.
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ERIKA 04/10/2011

É possível reparar um erro do passado?
Um erro nascido da imaturidade, de uma imaginação fértil e do ciúme acompanha a personagem Briony Tallis por toda a vida. O peso da culpa a leva a procurar, primeiro perdão, e depois, expiação. No belo epílogo, descobrimos que a reparação não alcançou as pessoas que foram cruelmente injustiçadas. Mas, através da arte, Briony nos mostra que sempre há esperança de uma redenção.
Um livro escrito com maestria. Emociona e nos faz refletir.
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acidrock 04/08/2011

Traídos pelo desejo
Uma menina de 13 anos escreve uma peça de teatro. A obra deveria ser encenada em um jantar de família mais tarde. Por motivos que fogem ao controle do destino, não o foi. Essa garota é Briony Tallis. Esperta demais para sua idade, inteligente demais para pouco tamanho, perspicaz demais para alguém que ainda não saiu dos cueiros, como bem se dizia antigamente.

Briony Tallis é todo escritor. A solidão da página vazia. O barulho da máquina de escrever. A confusão de uma mente inquieta. Briony Tallis, simbolicamente, é aquele que escolheu escrever como meio de vida. Pode ser um jornalista, como eu, um romancista, um cronista e, quem sabe?, até um blogueiro, cibernética figura literária. Briony Tallis é a protagonista de "Reparação". Este livro de Ian McEwan chegou à minha mesa de cabeceira por acaso. Não foi paixão à primeira vista, mas foi eterna – da minha estante ele não deve sair nunca mais.

Em "Reparação", é Briony a responsável pelos acontecimentos descritos durante toda a narrativa. Na Inglaterra dos anos 1930, a garota esperava a visita dos primos – dois meninos, gêmeos, e Lola, um pouco mais velha do que nossa protagonista. A trupe encenaria a peça descrita antes. Curiosa, qualidade de praxe em qualquer criança que se preze, Briony Tallis observava, atenta, o mundo que a rodeava. Em uma tarde de verão, presenciou, por acaso, a uma cena curiosa. Sua irmã, Cecilia, despindo-se para buscar um vaso de estimação derrubado por acidente em uma fonte na propriedade dos Tallis enquanto era observada por Robbie Turner, filho de uma antiga empregada, bem quisto como um membro legítimo desse abastado clã. O olhar de Briony funcionava como faísca na palha seca.

Robbie confessa sua paixão secreta por Cecília somente para si, em seus mais reservados momentos. O desejo o consome. Esta onda de calor, uma luxúria ainda não explícita, toma forma em palavras, e, naqueles acasos que tão bem descrevem o arco do enredo das histórias, chega às mãos de Briony.

É o primeiro passo para a mudança.

Dividido em quatro partes, o livro mostra diferentes pontos de vista para os mesmos fatos, que convergem, mais de 400 páginas depois, em um final emocionante, de arrancar lágrimas e soluços. A escrita de McEwan é primorosa. Detalhista ao extremo, o romancista não economiza páginas e páginas de belas paisagens e sentimentos íntimos.

Não sei onde li certa vez, pode ter sido em peça de Shakespeare, música de Elymar Santos ou em algum filme do Megapix, que nossa vida toda é moldada a partir de dois ou três dias específicos. Aqueles em que um instante muda tudo. Um ato. Uma palavra. Seria assim mesmo? O quanto de controle nós, nessa existência mundana, temos para conseguirmos mudar tantos rumos, tantos destinos? No caso de "Reparação", o poder da literatura, o poder de contar histórias, escondido por todo o livro, explode em seu clímax. Percebemos que somos Briony. Só nós mesmos, ao deitar a cabeça no travesseiro, sabemos os pequenos crimes que carregamos por dentro.
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Helder 01/12/2011minha estante
Ótima resenha. Deu vontade de ler o livro de novo!




Tânia Gonzales 29/07/2011

Você vai ficar com essa história na cabeça por muito tempo...
Me interessei por este livro por causa das resenhas que li. É um livro muito interessante, mas é necessário muita força de vontade para lê-lo pois o autor é detalhista ao extremo, em alguns momentos chega até a ser chato. Quando você espera que ele descreva algo ele simplesmente ignora, naquela parte que você gostaria que ele fosse sucinto ele exagera nos detalhes. Na minha opinião deveria haver mais diálogos e menos descrições de lugares e objetos. Confesso que pulei algumas partes mais enfadonhas. Mas mesmo assim vale a pena ler por causa do desenrolar da história. Achei muito interessante o jeito do autor descrever algumas situações através de diferentes pontos de vista. Briony, a menina de 13 anos que adora escrever e fantasiar situações, vê algumas cenas e cria toda uma história em sua mente e a partir daí as coisas se complicam para Robbie e Cecília. Briony acha que sempre deve ser o centro das atenções e quando não consegue dá um jeito de mudar isso; eu vi nela uma menina que não se contenta em ter apenas a idade que tem, ela quer mais; quer se intrometer na vida dos adultos. Vive obcecada pela ideia de ter uma grande história para contar e com isso ela acaba com os sonhos de outros. Em reparação aprendemos que nem sempre é possível reparar o mal feito. Há momentos que não dá para voltar atrás. Depois que se acaba com a reputação de alguém não dá para remediar por isso deve-se pensar muito antes de acusar uma pessoa de algo tão grave. Fiquei com muita pena de Robbie e Cecília. Quando terminei o livro o meu sentimento foi de frustração por não poder fazer nada para mudar o triste destino dos dois. Se você é um daqueles que começou e não conseguiu terminar um conselho: não desista da leitura, insista, pois é uma história que nos faz pensar. Vale a pena. E depois assista ao filme: Desejo e reparação. É ótimo.
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Tânia Gonzales 24/08/2011minha estante
Toda vez que eu olho para as estrelas que dei sinto que não fui justa. Reparação foi uma história que me impressionou tanto e só dou três estrelas? Será que eu posso fazer isso só porque achei a leitura cansativa em determinados momentos? Vou resolver isso agora.
Prontinho... já fiz minha reparação e ainda o coloquei em favoritos.




JP 22/07/2011

Irreparável
Pra não dizer o que todo mundo já disse - que este é um livro colossal, o melhor da década, primoroso - ele é antes de tudo uma reflexão sobre a arte de escrever e - uma linha de pensamento que foi se formando ao terminar a leitura - uma história em que os personagens veem suas vidas sucumbirem quando dão vazão aos sentimentos mais profundos e quando deixam que os sentidos norteiem suas decisões. Estaria o autor propondo o cálculo frio e racional como remédio para os problemas de relacionamento do homem com o mundo que o cerca?
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