Alana N. 16/05/2020
"Mas a expressão "violentamente apaixonado" é tão banal, tão duvidosa, tão indefinida, que não me sugere grande coisa. Aplica-se tanto a sentimentos que surgem de um conhecimento de meia hora, quanto a uma afeição real e intensa."
“Orgulho e preconceito” foi um livro que me cativou após concluir a leitura e ficar ruminando sobre a mesma. Então, mesmo não tendo se passado muito tempo desde meu primeiro contato com a obra, decidi relê-la e ver se meus sentimentos não mudavam.
Agora, revistando essa trama com muito mais calma, creio que pude olhar para o todo de maneira que a afobação da “novidade” não me distraísse, fazendo com que muitas mais nuances fossem “captadas”.
Sem falar que, com um pouco mais de familiaridade com a escrita e linguagem da obra, ficou muito mais fácil notar as diversas sutilezas narrativas que permeiam a trama.
Como a boa leitora de livros contemporâneos, estou acostumada a narrativas mais ágeis, com uma cadencia mais fluida e direta, onde o narrador e os personagens se expressam de maneira mais reta. Basicamente, quando alguém quer dizer que alguém é babaca, irá dizer exatamente isso. Mas nas obras da Jane Austen já é bastante diferente, já que existe toda uma pompa e firula para dizer, delicadamente, que alguém é, simplesmente, “desagradável”. E isso pode gerar um grande estranhamento em um primeiro momento.
Então com essa incrível diferença de ritmo e linguagem, pode ser que essa obra possa parecer “assustadora” de alguma forma. Mas posso garantir que, na verdade, ela é muito simples.
Obviamente, ao dizer que essa é uma obra simples, não quero desvalorizar os grandes passos que a mesma deu dentro da época em que foi originalmente publicada. Com toda certeza uma mocinha como Elizabeth foi muito revolucionaria, principalmente por seu senso de humor, inteligência e sinceridade. Coisas essas que poderiam ser consideradas indesejadas e “erradas”.
E, posso dizer sem peso algum no peito, de que acabei caindo nas graças do Sr. Darcy. (Tudo bem. Retiro tudo que disse sobre ele na antiga resenha. Ele é sim um amorzinho, com direito a gritar de animação com ele. Ai, ai...)
Mas um dos personagens que mais gosto, mesmo sabendo que ele não é um ser sem defeitos, é o Sr. Bennet. MEU DEUS DO CÉU, COMO EU RIA COM ELE! Sério. Ele é muito irônico! Ninguém segura a língua desse homem! Valorizo e não é pouco.
Enfim, com certeza reler essa belezinha foi uma das melhores decisões que já tomei. E olha que isso é raridade. Inclusive, como li no Kindle e naquela versão inglês-português, estou quase convencida de que posso ter pulado alguns capítulos, acidentalmente. Então, mesmo sendo uma releitura, houveram algumas partes que acredito ter lido apenas dessa vez.
Para aqueles que tem algum receio de ler essa obra, posso dizer que é bobagem. Vai lá, não desiste e posso garantir que essa pode ser uma experiencia satisfatória. Fica aí minha sincera indicação.