Maria Faria 23/10/2012
Lição de vida
Depois de um acidente vascular cerebral – AVC - causado por tromboembolismo, a autora ficou tetraplégica e muda, mas a sua capacidade de escrever bem e prender o leitor em nada foi prejudicada. Aliás, o livro da Luciana, além de apresentar uma história interessante, serve de alerta às mulheres que associam anticoncepcional e cigarro, causadores do tromboembolismo que a vitimou. “Sem asas ao amanhecer” é a prefeita demonstração de tudo o que a autora vivencia sem poder falar e com a grande perda de movimentos. Luciana tem apenas o movimento de um dedo, que possibilita digitar ou mostrar as letras que formam as palavras, únicas formas de comunicação que lhe restaram. Por muitas vezes revoltadas ou comoventes, as palavras de Luciana nos prendem, nos mostra a realidade de uma menina de 22 anos que perdeu uma vida agitada, com muitos namorados e perspectivas. Ela consegue reunir no livro, que é escrito em forma de diário, todas as angústias pelas quais passou: negligência médica, profissionais da saúde incompetentes, o valor da família, amigos verdadeiros e outros assuntos tão delicados quanto sua situação após o AVC. Para mim, a maior lição de “Sem Asas ao Amanhecer” é a capacidade de superação da autora. Luciana consegue nos levar para dentro da sua história e conseguimos sentir cada sentimento seu, cada revolta sua, e quando tudo no livro parece estar sendo gritado, ela nos lembra que na verdade, ela não tem mais voz. É um relato emocionante que conseguiu prender e envolver minha atenção. Fiquei emocionada e mesmo depois de alguns dias, ainda releio alguns trechos, pois são raras as histórias reais que nos deixam tantas lições.