spoiler visualizarGabi 21/09/2024
Amor pelo amor
Vejo que inevitavelmente esse romance trata do amor em uma perspectiva de gênero.
Anna, que amava intensamente, teve de abdicar do amor maternal para viver o amor romântico, o que custou a sua vida, já que ela deu tudo que tinha, sua vida na sociedade e, principalmente, a coisa mais importante da sua vida, o Serioja, para viver ao lado de Vronsky, cuja vida social não foi abalada pelo adultério, mas permaneceu intocada, inclusive com ele regozijando sua condição em face dela.
Lievin, o ?bonzinho? da história, passou a se esconder em sua ?autêntica vida de homem? após uma única rejeição, o que o fez ser mais desejado e aclamado, ao passo que a Kitty teve quase o mesmo destino da Anna, tão somente porque acreditou no futuro com o mesmo homem, ficando, inclusive, no papel de culpada por negar Lievin, um homem que ela não amava.
Stiva, que é amado por todos, inclusive por sua esposa Dolly, mas só age em benefício próprio, sobrepondo suas prioridades a de seus filhos, deixando-os quase na ruína pelo ?seu autêntico jeito de ser?, fazendo com que a vida da esposa vire uma verdadeira prisão, o que nunca é confrontado, já que ele é tão amado que ninguém é capaz de atribuir a ele as suas próprias responsabilidades?
De um lado, o amor é um jogo; de outro, é uma devoção.
O livro é extremamente detalhado e de leitura difícil. Realmente algumas passagens são desnecessárias aos nossos olhos, mas creio que fez parte do processo criativo e do desenvolvimento da personalidade de cada personagem, o que faz com que a gente anteveja as decisões e o desfecho da vida de cada um - conhecer o personagem.