Nazaret 12/06/2013
Uma benção de intensa sacralidade
A intensa energia da vida está sempre aí, dia e noite. É uma energia sem atrito, sem direção, sem escolha nem esforço. Está aí com tal intensidade que o pensamento e o sentimento não podem capturá-la para moldá-la de acordo com suas fantasias, crenças, experiências e exigências. Está aí com tal abundancia que nada pode diminuí-la. Mas nós tentamos usá-la, dar-lhe uma direção, aprisioná-la dentro dos moldes de nossa existência e desse modo distorcendo-a para ajustar ao nosso padrão, experiência e conhecimento. É a ambição, a inveja e a avidez que reduzem sua energia e assim há o conflito e o sofrimento; a crueldade da ambição, pessoal ou coletiva, desvirtua sua intensidade, ocasionando ódio, antagonismo, conflito. Cada ato de inveja corrompe esta energia, causando descontentamento, aflição, medo; com o medo existe a culpa e a ansiedade e a interminável angústia da comparação e imitação. É esta energia corrompida que produz o sacerdote e o general, o político e o ladrão. Esta ilimitada energia, tornada incompleta por nosso desejo de permanência e segurança é o solo no qual germinam idéias estéreis, competição, crueldade e guerra; é a causa do eterno conflito entre os homens.
Quando tudo isto é colocado de lado com naturalidade e sem esforço, só então há esta intensa energia que somente pode existir e florescer na liberdade. Só na liberdade ela não causa conflito e sofrimento; só então ela aumenta e não termina. É a vida que não tem príncipio nem fim; é criação que é amor, destruição.
A energia utilizada numa direção leva a uma coisa: conflito e sofrimento; a energia que é a expressão da totalidade da vida é bem aventurança além de qualquer medida.
Diário de Krishnamurti – 09 de outubro, 1961.