Felipe HQs e Mais 15/11/2023
Claremont escreve muito. E Bolton desenha muito!
Chris Claremont, a grande mente criativa por trás da melhor fase dos X-Men, tinha a fama de escrever muitos textos, alguns repetitivos, nas aventuras dos mutantes. Eu nunca entendia o motivo dessa queixa, mas como só o conhecia pelos quadrinhos publicados pela editora Abril, que por conta de seus formatinhos precisava ter cortes e ajustes nos textos, achava a crítica exagerada.
Hoje, ao ler 'Dragão Negro', escrito por Claremont e belamente ilustrado por John Bolton, eu começo a concordar com essa sua fama...
A HQ, publicada pela editora Pipoca & Nanquim, conta a jornada do exilado cavaleiro James Dunreith em uma Inglaterra medieval mística e repleta de lendas e seres mágicos.
O Dragão Negro do título repousa no interior de Dunreith, que ao lado de personagens clássicos - Robin Hood, Guilherme Marshal, Ricardo Coração de Leão e Morgana Le Fey, para citar alguns -, parte em uma jornada de vingança e liberdade de sua terra.
A arte de Bolton é rica em detalhes e parece congelar a ação de lutas de espadas no tempo, só pra fazer o leitor a apreciar melhor. Seu pontilhismo e técnicas de hachura deixam nas páginas verdadeiras obras de arte, daquelas que dá vontade de botar na parede!
Porém... o texto de Claremont, como mencionei lá no início, é bastaaaaaante arrastado. Não sei se essa era uma característica de escrita comum à época (o quadrinho é de 1985), mas muitos dos diálogos e falas são repetitivos e, porque não dizer, chatos! Li 'Dragão Negro' sempre com outro quadrinho da Pipoca & Nanquim na cabeça, o belíssimo 'Beowulf', como comparação. Nele, poucos textos pautam páginas de ação desenfreada, que tiram o fôlego do leitor em uma leitura de vigor. Já em 'Dragão', o ritmo é mais lento e muitas das vezes monótono...
A leitura valeu a pena? Sim, claro! 'Dragão Negro' é uma boa história, lindamente ilustrada por John Bolton, mais um artista que entra para a minha estante de grandes desenhistas. Mas a experiência só comprovou a tal teoria da fase dos X-Men: Chris Claremont escreve muito. Em todos os sentidos...