Gabriela3816 01/11/2024
Drácula, de Bram Stoker, é uma obra que não só definiu o gênero de horror gótico, mas também traz à tona complexas reflexões sobre fé, coragem e a luta contra o mal. A narrativa começa com Jonathan Harker, um jovem advogado cético que, ao viajar à Transilvânia, ignora os avisos do povo local sobre o perigo que o espera no castelo do conde Drácula. Mesmo aterrorizados, os habitantes tentam proteger Jonathan, oferecendo-lhe crucifixos e tentando chegar antes na parada, pois sabem que o Dia de São Miguel é um momento de libertação do mal. A fé e a bondade daquele povo contrastam com o ceticismo de Jonathan, que minimiza os avisos e segue seu caminho, sendo essa ingenuidade sua primeira falha na luta contra Drácula.
Outro aspecto marcante da obra é a diferença entre as personagens femininas, Lucy e Mina. Lucy é retratada como ingênua e vulnerável, em parte devido à sua criação rica e protegida, que a deixou alheia aos perigos ao seu redor. Mina, por outro lado, é dotada de uma inteligência admirável, um traço desenvolvido pela necessidade de se sobressair e apoiar seu futuro marido. Essa diferença destaca como a busca pelo conhecimento e o desejo de ser útil moldam a força e a perspicácia de uma pessoa. Mina é essencial para a luta contra Drácula, provando que a inteligência, quando cultivada, é uma poderosa arma contra o mal.
Ao começar a leitura, eu hesitei por não gostar do gênero terror, mas o livro surpreendentemente não se mostrou assustador no sentido clássico. Em vez disso, o que mais me chocou foi a luta entre o grupo de heróis unidos por valores de fraternidade e coragem e as forças do mal representadas pelos vampiros. Fiquei impressionada ao perceber como Stoker representa, através dos vampiros, características que podemos observar nas pessoas até hoje. De um lado, temos personagens que sacrificam seus próprios interesses em prol do bem maior, e, de outro, vampiros que, em vez de valores, se pautam pela corrupção e pelo prazer egoísta, seduzindo as almas ao pecado e à ruína. Essa luta simbólica entre o bem e o mal ainda ressoa com força em nossa sociedade.
Por fim, o livro conquistou um lugar especial entre os meus favoritos, não só pela narrativa, mas pelas profundas reflexões sobre fé. Uma das passagens mais tocantes ocorre quando, ao se prepararem para a batalha final contra Drácula, os protagonistas afirmam: Suas vidas pertencem a Deus, e vocês podem devolvê-las a Ele. Essa declaração não só revela sua fé inabalável, mas também sua disposição de arriscar tudo pelo bem maior, até mesmo a própria vida. A coragem e o sacrifício expressos por esses personagens são de uma beleza e emoção raras, trazendo uma lição duradoura sobre o poder da fé e da união em momentos de escuridão.