akame7 23/01/2023
''Y eso es dinero, y no es honra: que honra no la compra nadie.''
Ler esse livro tendo aulas com um professor especialista em Teatro Espanhol foi um misto de sensações. Academicamente falando, o grau de detalhes e profundidade da leitura chega a ser inquietante. Ler profissionalmente uma obra há duas facetas: a boa é olhar a construção e ver a genialidade que uma leitura leiga não nos permite; a ruim é que, com tal frieza, muitas das interações emocionais é perdida, o que acaba diminuindo o envolvimento sentimental com a obra.
Da obra em si, considerando seu período e contexto social, é sem dúvidas genial e revolucionária. Abordando, naquela época, uma temática tão delicada que é o abuso de autoridade por diferenças de classe e, em especial, a violência sexual contra uma mulher e seu impacto na vida daquela família, esse drama me fez refletir na sede de justiça de Pedro Crespo e de todas as famílias reais que passaram por tal dano.
A lição mais grandiosa de Calderón nesse escrito talvez seja nos fazer pensar sobre o real valor da honra e da moral, mostrando-nos sua faceta inegociável e inflexível, que todos devemos ter, independente das circunstâncias que nos encontrarmos. As vezes é preciso se pôr em risco a fim de conseguir o mínimo de dignidade, assim como Pedro Crespo fez por sua filha, Isabel.
É triste saber que esse foi mais um dos retratos do mundo real e dos períodos históricos que a arte conseguiu, através de mentes brilhantes, criticar ao enxergar o absurdo no imediato, de modo síncrono. Recomendo a obra e pretendo ler outras desse grandioso autor.