spoiler visualizarManu 07/11/2024
?Cada um de nós tem o céu e o inferno dentro de si, Basil?
Acho que essa é uma frase perfeita pra resumir esse livro. Dorian era inocente, imaculado, cheio de beleza da alma, e a sua percepção disso foi a sua ruína.
Um livro que trata questões atemporais, mas que atualmente se tornam ainda mais reconhecíveis: o culto a beleza, aos prazeres imediatos, superficialidade, inversão de valores. Tudo aquilo que corrompe a alma e nos torna feios no nosso mais íntimo reflexo, assim como Dorian viu.
Acho que é um grande reflexo do século XXI, tão óbvio mas tão necessário, todos deveriam ler esse livro.
Eu acho interessante a disposição de personagens que Dorian convive, e acho que foi muito proposital do autor o desenvolvimento da personalidade de Basil e de Henry.
Basil era obcecado pq enxergava tudo de bonito e intocado nele, o admirava pois a sua pureza de espírito também se mostrava na sua aparência, como uma escultura renascentista, e por isso o achava exuberantemente lindo. Basil enxergava quem ele era em seu íntimo, e o retrata desse jeito, como ele o vê, e como ele é: perfeito.
Já Henry enxergava em Dorian tudo o que ele podia ser, todo o espaço em branco pra ser preenchido de todas as coisas que lhe fossem sugeridas, enxergava a grandeza que ele poderia alcançar, a maleabilidade, o poder. E assim faz, corrompe-o no primeiro encontro e o convence de que o seu maior atributo era a beleza, e que sem ela ele não seria nada.
Sim, culpada, eu adoro o personagem do Henry justamente por ser um b4baca kkkkkk ele fala muita coisa sem noção, mas muita coisa que infelizmente também é verdade sobre a sociedade. Ele é tão carismático que você entende o pq do Dorian ter acatado tudo que ele dizia.
Enfim, assim como o retrato foi feito por um adorador da alma de Dorian, que refletia em sua beleza externa, em uma prece, o quadro continua exercendo esse papel e retrata-o como realmente é, sua alma, para o resto da vida. Acaba se tornando o maior pesadelo do protagonista, que no fim esconde de todos quem ele realmente é, passando apenas uma imagem bonita e polida de si mesmo (tanto no sentido literal de sua beleza, quanto de sua alma e personalidade msm).
E isso o atormenta até o fim. A minha cena favorita com certeza foi quando ele matou o Basil. Porque, por raiva de ver cruamente quem ele havia se tornado, faz questão de eliminar o último vestígio da pureza da sua alma, o autor do quadro, assumindo a pior versão de si próprio, um assassino. Não existia mais nada que pudesse comprovar que um dia, aquele menino inocente existiu. Ele não pôde suportar a verdade de ter mudado tanto, e dá um fim pra si igualmente trágico.
Por fim, um livro maravilhoso, amei demais mesmo. Indicaria pra TODO MUNDO, leve de ler, mas com uma grande mensagem. Incrível!!