brunossgodinho 04/12/2021Primeiro livro que leio de Djaimilia e fui conquistado. Uma prosa muito bonita que fala de coisas difíceis e tristes, mas com certa graciosidade no uso da língua.
Luanda, Lisboa, Paraíso é um livro que mostra por onde nos ligamos, lusófonos, para além de uma língua herdada da violência colonial.
Ao descrever a dura vida em Luanda e em Lisboa, é (quase) impossível que qualquer pessoa com o mínimo de senso do que é o Brasil
real, o Brasil das doloridas fomes, dos entraves racistas, das lutas sociais escondidas, é (quase) impossível não ver ali nossa mesma história.
Não li ainda quantos livros gostaria ter lido nesse ponto da vida, mas, mesmo com amostragem pequena, apenas três me emocionaram ao ponto das lágrimas. O primeiro foi
Guerra e paz, quando Pierre se despede do pai moribundo, coisa que me toca pessoalmente por ter, também, tido que me despedir do meu; o segundo foi
Capitães da areia, lendo a vida daqueles meninos sofridos, meninos que estão por aí, ainda hoje, e podem ser meus alunos um dia, eu que sou professor; e esse, pela dor intensa que é possível sentir ao ler as agruras, mas, também, as pequenas delícias da vida. Um rolar de lágrimas meio agridoce, que não causa necessariamente nem felicidade nem tristeza - simplesmente comove.