Carla.Parreira 01/03/2024
Mentes únicas (Luciana Brites, Clay Brites). Melhores trechos: "...No cérebro autista, essa arquitetura se encontra desorganizada e apresenta uma modelagem anormal, impedindo que o funcionamento seja pleno. As pontes, as ligações e as ramificações se encontram incompletas, desviadas, ora ativadas, ora desligadas, com conexões ora perdidas, ora sobrecarregadas. As funções de cada grupo de neurônios se encontram desbalanceadas, com 'hiperfuncionamento', dependendo do interesse desse cérebro, e disfuncional para o que não interessa. O conjunto, portanto, não consegue processar direito as informações, pois tudo fica dessincronizado, e ele pode demorar para realizar as tarefas e os processos sociais do ambiente, ou, por outro lado, pode agilizá-los demais. O resultado: um cérebro atípico e pouco adaptado às necessidades exigidas pelas relações sociais, independentemente da idade... Quando minhas ações se baseiam na empatia, a estatística e a frieza dos números se transformam em informações para prevenir problemas que se tornarão maiores, piores, severamente restritivos, se nada for feito de maneira precoce... Ouvimos tantos relatos de pais que já desconfiavam que havia algo diferente com o filho quando ele tinha 1, 2 ou 3 anos e o levaram para profissionais que simplesmente disseram que não se podia detectar autismo em crianças tão novas, ou que era coisa da cabeça de uma mãe ansiosa e que, com o filho na escola, tudo se resolveria, afinal 'cada criança tem seu tempo', ou, a pior de todas as falas que já ouvimos: 'Imagina, ele não tem cara de autista', como se o TEA tivesse cara ou alguma manifestação física para se chegar ao diagnóstico. Essas falas revelam o profundo desconhecimento científico por parte de quem deveria ver com mais cautela e cuidado informações tão importantes, as quais são dadas a pessoas que serão impactadas para sempre por um diagnóstico tardio: os pais..."