fcmareh 08/10/2024
Remo você sempre será grande (pena que sua autora é péssima)
Sentimentos conflitantes. Muitos sentimentos conflitantes sobre esse livro o que é muito estranho, uma vez que eu tenho opiniões muito fortes sobre Cora Reilly, nossa relação é sempre preto no branco. Ou o livro é uma bomba ou é bom (numa excelente tbm, infelizmente).
Mas dessa vez as nuances do livro me pegaram completamente desprevenida. De modo geral, não é nada muito grandioso. A Cora não consegue se livrar da sua escrita preguiçosa e plot batido. Não houve nada realmente revelador nesse livro, mas de alguma forma houveram muitos altos e baixos durante a leitura, mais baixos que altos, com certeza. Mas os altos realmente foram altos.
Portanto, acho que vou precisar compartimentar minha avaliação para que ela faça sentido!
Primeiramente, o livro de forma geral, em termos técnicos não é inivador, não é bem escrito, não é bem desenvolvido e cai na mesma mesmice da Cora: personagens com pouco desenvolvimento e as vezes nenhum, trama corrida com resolução preguiçosa, plot previsível, casam sustentado em cenas exclusivas de sexo, sem realmente terem um investimento no desenvolvimento romântico. Mas de alguma forma, houveram bons momentos na trama:
- A invasão do casamento e sequestro da Serafina foi uma coisa a ser discutida. A proposta do Remo sequestrar alguém tão importante na vida do Dante é genial! E a cena de ação é bem boa!
- Toda a tortura psicológica que o Remo infligiu contra a Outfit foi divina! Ele fazendo o video, foto, enviando o lençol, fingindo que tá torturando a Serafina para torturar o Samuel, divino! Ouro!
- O momento em que o Romero e Matteo torturam o Rocco! Poderia ter sido melhor? Sim! Mas foi muito bom para o padrão Cora!
- Quando o Adamo é sequestrado, caramba! Fiquei extremamente nervosa e ansiosa!!!! Muito muito bom!
- Serafina dando uma de durona, catando os filhos, drogando o irmão, atirando no Danilo, peitando o Dante, foi de longe o ápice da história! Realmente não dei nada por ela o livro todo, então foi gratificante ler esse momento.
- Todas, absolutamente TODAS as interações do Remo com os filhos fizeram com que eu quisesse por este homem num altar!
Agora quanto aos momentos ruins, no geral é todo o resto que é o padrão Cora, preguiça nã descrição de cenários, de desenvolvimento de relacionamentos, de caprichar em cenas de ação.
Quanto aos protagonistas, precisamos falar sobre Remo Falcone. Honestamente desde que ele foi introduzido em Twisted Loyalties, eu fiquei muito intrigada e ao mesmo tempo desconfiada. O Remo é de longe e provavelmente o único personagem verdadeiramente interessante e complexo da Cora Reilly, um verdadeiro feito. Mas acho que nem a própria soube fazer bom proveito dele.
É muito interessante ver a construção do Remo desde o primeiro livro de The Camorra Chronical?s, porque a princípio, na visão de todos ele é apenas um lunático psicopata. Ele é muito impulsivo, tem sérios problemas de confiança e é inerentemente mal e cruel.
Durante todos os livros que antecederam Twisted Pride eu me preocupei com como a Cora estava conduzindo a trajetória do personagem e com medo de ela estar pesando muito na mão e ter talvez até perdido um pouco das rédeas. Não estava muito confiante sobre como seria ver através da mente dele.
Mas no fim, foi uma surpresa muito boa. O Remo é um personagem muito interessante e cheio de nuances, ele é claramente impulsivo, levado pelo momento, emoções, pela sua autoconfiança e crença de ser inatingível. Mas ele também muito inteligente, todo o jogo psicologicamente que ele fez com a Outfit foi uma jogada magistral.
Facilmente o personagem e suas atitudes insanas carregaram o livro nas costas, proporcionando os melhores momentos e movimentando todo o enredo, não só do seu livro, mas dos outros também.
O problema dele é que ele ainda tinha como ser melhor e a Cora pecou bastante em determinados pontos, essencialmente em como ele tratou a Serafina enquanto ela estava como refém em sua casa.
Achei que naquele momento ela se perdeu um pouco na trajetória do personagem que um livro antes estava protegendo a futura cunhada de ter que dançar com seu estuprador e desafiando a autoridade de um Capo rival, para poder vingá-la e de repente, ele fica assediando a Serafina durante toda a estadia dela.
Não achei que foi bem conduzida essa parte da história, mas após ela ser libertada, tudo sobre ele voltou a ser muito interessante, a personalidade parece que retorna ao momento em que ele é um cuzão mas que ainda tem um osso digno no corpo.
Sobre a Serafina, a personagem é morna na sua totalidade. A proposta dela ser teimosa e indomável é muito boa, mas não foi bem aproveitada, o relacionamento dela com o irmão gêmeo foi insuportável, meu deus cada menção do Samuel na historia me dava vontade de morrer e (com certeza) provavelmente fiquei traumatizada com a história do Cassia e isso refletiu muito em como a Serafina se descrevia com o Samuel.
O comportamento dela enquanto refém não fez sentido algum, ela se sentindo atraída pelo Remo foi muito forçado e para mim não combinou, uma vez que o casal não teve nenhuma interação decente que pudesse aflorar um romance.
Ela teve com certeza, seu momento de gloria ao resgatar o Remo do cativeiro, inegável a importância dessa cena para o livro, mas no geral ela praticamente não exerceu nenhuma influência na historia.
A atitude dela ao retornar pra Las Vegas foi uma coisa que me surpreendeu muito positivamente, foi uma decisão muito sensata e que combinou muito com a personagem!
Mas agora, quanto ao casal, esse é um tópico bastante sensível que precisa ser analizado separadamente.
Eu senti que mais uma vez a Cora deixou a preguiça e a má-vontade vencerem ela, só que nesse caso ela não podia! Nos outros livros a química forçada do casal não influencia muito na historia, mas nesse caso ela precisava ter investido mais em gestos românticos, era obrigação da Cora criar um desenvolvimento real para os personagens, coisas que eles realmente pudesse se conectar e não apenas inserir uma atração sexual repentina, com muita cena de sexo duvidosa e rezar para dar certo.
No fim, acaba que o romance não existe nesse livro. A Serafina foi sequestrada, assediada, coagida e enfim devolvida a família.
Então ela grávida e ela e seus filhos são parias na sociedade em que ela se encontra e por uma decisão puramente logística ela retorna a Las Vegas, uma vez que mais vale um território com seu inimigo/amante onde seus filhos serão respeitados, do que viver eternamente a margem da sociedade da Outfit com seus filhos sofrendo.
Muito provavelmente se ela não tivesse engravidado ela nem teria olhado para trás e pensado no Remo mais do que como um momento de paixão induzida pela Síndrome de Estolcomo e ainda que ela muito provavelmente fosse infeliz vivendo entre a Outfit depois de tudo o que aconteceu, ela não se arrependeria.
No fim, a decisão de estar com o Remo não teve nada a ver com amor, foi apenas uma decisão racional. O que é uma merda, já que a história do casal deveria ser vendida como romance e não como praticidade.
Não há romance entre eles, há atração sexual (que é repentina e descabida) que a Cora Reilly força como um amor avassalador.
De forma geral o livro é muito bom, mesmo com seus percalços, mas poderia ter sido infinitamente melhor se fosse melhor trabalhado.