Henrique Fendrich 13/08/2021
Concordo com o que foi dito na resenha abaixo: seria melhor ter focado em uma das duas histórias, de preferência a que envolve o casal na Tchecoslováquia.
Sob o aspecto político, a trama tem um viés interessante, porque pega os primeiros anos da queda do comunismo no país e demonstra que, mesmo após a reabertura democrática, um processo de perseguição típico do antigo regime esteve em curso. A diferença, então, é que se acusava quem supostamente teria atuado como informante do regime. Tais acusações não se baseavam em provas, eram apenas inferências que levavam a distorções e injustiças.
Sidônia, a esposa do protagonista, viu-se citada injustamente nessa lista, não obstante tudo o que havia feito a favor da literatura tcheca no exterior.
Essa é uma das tramas, a outra tem a ver com um crime em ambiente universitário, por meio do qual se cria uma tentativa de "romance policial", mas, a meu ver, sem muito sucesso. A trama é confusa e não desperta muito interesse - o que é fatal para esse gênero de literatura.
Em determinado momento, o protagonista dá a entender que poderia escrever a história de Sidônia à moda de Dickens, pois ela vinha de uma trajetória de pobreza e superação que em muito lembraria as obras do escritor inglês. Taí: seria melhor o autor ter escrito esse livro.