The Mercies

The Mercies Kiran Millwood Hargrave




Resenhas - The Mercies


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Ana Cláudia 11/04/2021

"Oh, God have mercy on us. We have begun it, and cannot end it."

Revoltante demais saber que todo o contexto foi baseado em fatos reais, é absurdo o quão longe o fanatismo religioso pode ir. O livro no geral é muito bom, só um pouco arrastado em algumas partes, podia ter pegado ritmo um pouco antes.

Ps: linguagem meio complexa em alguns pontos específicos de vocabulário também, sou acostumada a ler em inglês mas tinham uns nomes de plantas e bichos que eu botava na tradução e nem o tradutor traduzia direito rs.
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Helena 29/05/2021

Uma surpresa e um sopro de inovação nas ficções históricas
"The Mercies", da britânica Kiran Millwood Hargrave, traz a história de duas mulheres em uma pequena ilha do nordeste da Noruega no século XVII, quando a caça às bruxas toma forma no país escandinavo. Foi uma surpresa ler um livro de ficção histórica que foge às concepções tradicionais e que traz, do início até o final, uma descrição tão bem feita que lendo-a no calor do Rio de Janeiro, quase sinto o frio glacial das terras norueguesas. Um sopro de inovação no gênero e uma ótima experiência.
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clarawlx 09/09/2022

Somos como homens para o mar, pegos na correnteza.
Na escola, estudei sobre as mulheres queimadas e afogadas, li sobre algumas em certos livros e relatos de historiadores, mas sempre me mantive afastada delas, pois odeio o sentimento de impotência que vinha ao lembrar delas. Esse sentimento me acompanhou por todo esse livro. Fui mergulhada nesse mar de mulheres solitárias, desesperadas por encontrarem qualquer coisa para se agarrarem, e me senti impotente porque nunca poderei aliviar a dor de mulheres que passam pelo mesmo. Esse desespero que é comum e visto claramente durante a história da humanidade, que foi constantemente usado contra essas pessoas para que certos homens acumulassem mais poder. Guerras foram travadas e religiões se formaram as custas de mortes, humilhações e choros silenciados brutalmente.

Kiran, a escritora, situou a trama no século dezessete, mas explorou não apenas os podres desse período, mas de todos os outros, e construiu uma narrativa extremamente forte e repleta de passagens devastadoras ? como, por exemplo, a descrição da morte das mulheres acusadas e o cheiro dos corpos queimados delas. Apesar da brutalidade dos atos, ela os descreveu de uma maneira bonita, arrebatadora, que emanou até mim como o calor de uma fogueira. A beleza da escrita dela alcançou até o romance entre as duas personagens centrais, que me deixou sem fôlego, torcendo loucamente pela felicidade de ambas e aos prantos com o desenrolar. Foi escrito de maneira bela, sensível, humana. Raramente vejo relacionamentos entre duas mulheres sendo colocado dessa maneira e apreciarei eternamente, assim como farei com a construção das outras personagens, imperfeitas e machucadas e amargas e esperançosas. Como Maren, a personagem principal, desejei tomar as dores de cada uma para mim.

Como qualquer trama que promete mostrar a vivência feminina de quaisquer acontecimento, funciona como cutucar uma ferida profunda com raiva e jogar álcool por cima. Entretanto, serve também para nos relembrar de algo: nunca, nunca um homem saberá de nossas dores e cuidará de nossas feridas como nós mesmas; devemos manter a união e tampar os ouvidos para o que eles falam quando notamos que é nocivo não apenas para nossa individualidade, mas para todas nós. A história, apesar de sua tristeza manumental, lembra que possuímos uma força estrondosa, que assusta homens e os afasta constantemente, mas deixa claro que só possuímos quando estamos juntas. E isso é mais que suficiente para compôr um livro arrebatador.
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