A depressão tem sete andares e um elevador

A depressão tem sete andares e um elevador Isabela Sancho




Resenhas - A depressão tem sete andares e um elevador


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Galhardo 26/02/2021

Não consigo expressar o quanto recomendo essa obra. Isabela Sancho é nova demais para seu talento e escrita tão maduras. A autora destrincha os sentimentos e os momentos da depressão sem deixar se perder em estigmas e conceitos ultrapassados. Poesia de qualidade!
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Morgana Brunner 17/08/2020

A depressão tem sete andares e um elevador - Isabela Sancho
Oiii, gente, tudo bem?
Hoje é dia de trazer a resenha desse livro incrível que recebi em parceria com a Editora Penalux. Vamos saber um pouquinho sobre o que achei?



A depressão tem sete andares e um elevador é um livro extremamente cativante, cheio de poesias e sentimentos sinceros. Isabela nos trouxe uma surpresa ao lermos essa obra, a edição está em formato diferenciado e ao mesmo tempo tão único.

Além disso, nos demonstra por meios de poesias tristezas e vazios corriqueiros de quem tem depressão, é um plural de palavras, mas que se resumem a vários sentimentos e até mesmo ao lermos nos faz refletir e sentir um pouquinho de quem convive com isso.

site: http://segredosliterarios-oficial.blogspot.com/2019/09/a-depressao-tem-sete-andares-e-um.html
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Na Estante da Vanessa 03/05/2019

MARAVILHOSO
Livro: A depressão tem sete andares e um elevador
Autora: Isabela Sancho
Editora: @editorapenalux
Pags: 114
Nota: 4/5

Sinopse: Nesse novo livro de Isabela Sancho, a verticalidade de sua poesia possui forma determinante. Um corpo feminino dentro do elevador em descida, ou seria queda? Está enclausurado em poucos metros quadrados. A escrita assume versos curtos, quebras rápidas, linhas que se desdobram de cima para baixo, como o eu lírico que se afunda cada vez mais em si mesmo em um processo depressivo. Os poemas vêm acompanhados de ilustrações precisas que seguem tal verticalidade, como a água corrente do chuveiro ou mastro que mobiliza os cavalos dos carrosséis. É certamente claustrofóbico compartilhar essa descida em uma cabine que poderia abrigar tantas pessoas, mas que no fim leva apenas uma, que consegue, entretanto, ocupar todos os espaços com muitas versões de si mesma.


É um livro nascido da dor, e da escuridão que é a depressão, os poemas são sensíveis e a dor quase palpável.


São poemas profundos de uma pessoa em depressão!


? Não há painel, interfone, um botão de parada forçada, o botão de abrir já essas portas. Em caso de emergência, não tenha uma ?


? É possível, eu garanto, eu juro cavar a liberdade na parede com uma colher de chá ?


E cá está essa leitora, fora da zona de conforto, amando cada livro de poemas que lê.


E te peço, por favor, não deixe a poesia morrer.
É algo tão lindo e tocante, contém tantos sentimentos, que é impossível não se apaixonar por algo tão lindo.


Esse livro foi tão real e tocante, com carga emocional que te faz respirar fundo e pensar muito no tema proposto.
Indico muito!
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Krishnamurti 11/04/2019

Com efeito, “A depressão tem sete andares e um elevador”.
A depressão é enfermidade que acomete o ser humano de uma forma vagarosa e sutil. Em muitos casos se confunde com a vigência de outras doenças do corpo e da alma. Sabe-se muito difusamente que é um desequilíbrio psiquiátrico, crônico e recorrente, que produz alterações do humor e se caracteriza por tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, aliada a distúrbios do sono e do apetite. Todo esse quadro, uma vez não tratado, geralmente leva à falta de sentido para a vida e ao extremo do suicídio. Muito bem; a ignorância geral costuma classificar ainda, tal estado, como pura e simples doidice, ou mesmo desvãos de caráter criminoso. O certo, e certíssimo, é que continuamos esses eternos desconhecidos que ainda somos. Com efeito, é questão de difícil percepção e tratamento.

Mas a palavra ‘doidice’ mencionada acima nos leva a refletir também sobre o meio em que vivemos e onde essa verdadeira praga tem campo fertilíssimo (segundo entendidos, a cada ano, surgem 2 milhões de novos casos). Detonamos com referenciais morais e da instituição familiar e as referências (quando existem), passaram a ser meramente internas. Cada um decide, sem qualquer vestígio de responsabilidade social, o que é bom e o que é mal e acabou-se. Em um meio assim, o que vale é a performance, o homem de sucesso, e a dita ‘felicidade’ buscada a qualquer preço. Passou a valer exclusivamente o que temos. O que pensamos e no que acreditamos? Não vale nada. Arrasamos ainda com qualquer ideia de bem comum, e individualmente perdemos a noção de que se pode ser útil. Em suma, vive-se somente para si e não há qualquer papel social. “A gente somos inútil”, literalmente. Essa falta da noção de utilidade deprime muito. Eis em verdade, a nossa doidice geral.

É preciso coragem para encarar de frente tantas facetas dessa mesma moeda que constitui a depressão na vida humana. É preciso uma coragem descomunal para tocar em tantas feridas que se vão esgarçando cada vez mais. Coragem, repetimos, é o que nos vem a cabeça ante um livro como “A depressão tem sete andares e um elevador” - Poesia, da senhora Isabela Sancho. Um valioso projeto editorial que além de revelar um talento literário, investe ainda em elementos formais, qual seja o molde do volume (12 x 26cm), que sensorialmente (capa inclusive), sugere a verticalização do percurso de um elevador, além de sugestivas ilustrações da própria autora.

“A depressão tem sete andares e um elevador”, é em verdade um longo poema que se movimenta com ritmo e vigor poético em 7 andares metafóricos ( e 116 páginas), representando os estágios evolutivos da enfermidade. Curioso notar; a autora em entrevista recente e falando de uma outra obra sua, declarou a respeito de “coisas que não são capturáveis pelo olho humano”: “Crescem sem que saibamos quando e como, sem alarde, ainda que bem debaixo dos nossos narizes. Então, como se de um dia para o outro, se mostram em seu pleno vigor.” O poema inaugura-se com:

“A depressão tem sete andares / e um elevador. / Cabem dez de mim / na plataforma. // Doze, // se nos espremermos, / mas não é preciso. / Aqui há // apenas uma. // As demais desertaram.”

Mais adiante tomamos ciência da gravidade da situação: “Não há painel, / interfone, / um botão de parada forçada, / o botão // de abrir já essas portas. // Em caso de emergência não tenha uma.”

As ascensões e descidas bruscas vão revelando palavras dolorosamente conhecidas pelos que sofrem a depressão, seja no plano físico (apatia, vontade de morte, vertigem de um refluxo, necessidade de se deitar um pouco, aflições sem motivos, culpas, malogros, medos, alguém que me ame de graça), seja no plano social virtualmente propício a estados depressivos: ...“o futuro com a pressa / de um mundo.” “Não andes, perderas uma perna. Nem tentes / que te arrancam as duas.” E o que dizer, o que pensar, de versos como estes? “Urna fraudada, //caixa-preta, / cofre-forte. // Sua democracia fingida / decide por mim / sem mim.”

Vejamos aspectos das paradas de percurso: No primeiro subsolo: ... “Eu não sei de onde vem / repentino / o meu choro.” No segundo: ... “eu invento uma memória.” Sinta-se o pesado simbolismo da solidão: “A afronta do orgasmo / alheio / aos ouvidos / do meu celibato.” No terceiro, o peso do exílio: ... “em casa sozinha”. À medida que o elevador se move sem controle, dá-se conta de que:... “há toda a diferença // entre o que é só uma descida / e o que já se tornou / uma queda.”

O quarto subsolo: ... “não fica no hemisfério polar.” No quinto: “Desgovernada. // Com a sirene louca.” E; quanta tristeza, quanto exílio em uma única página: “E curioso estar viva // Conto às piscadelas de um cão / que é todo ouvidos / às minhas histórias.” No sexto subsolo: Esbarrões. No sétimo: ...“há um pequeno alçapão / para o inferno.” Veja-se nos versos da página 46, a que ponto se pode chegar: “A porta emperrada / dispensa o aviso / de interdito // no elevador. // E a escada alternativa / à minha pressa / tem apenas / os primeiros degraus // para lugar nenhum.” Já os versos da página 52 nos mostram a que nível decai o amor-próprio: “O espelho de mão, / sua moldura / de flores boleadas. / O vidro curvo / também me arredonda. // então me afina // e repuxa. // Faz os olhos saltarem, / a boca sumir. / O nariz tombar / e as narinas me abrirem. / Eu tento me capturar // em um relance / mas já não faço ideia // Com que espécie de coisa / eu me pareço?

Todavia, o ponto fulcral do longo poema (e ao final do livro o leitor perceberá porque), se manifesta na profundidade desses versos:

“Meu coração em conserva // no vidro de maionese / lavado. / Embebido em preservação, / sustado // em espera. // Eu o chacoalho, / ele não se mistura. / Quica lento e sobe / sonolento. // Resguardado em outra era, / denso de si.”

Entretanto, e debaixo de todo sofrimento, ocorrem aqui e ali, lampejos de equilíbrio ante a dura realidade. Há afinal de se escolher um botão porque [o elevador ameaça despencar no poço escuro] e só há duas alternativas para essa louca viagem: “subir aos jardins / ou fazer visitas de hospital.” Que caminho escolheremos? Assim mesmo no plural? [Corações em conserva!] A grande e suprema loucura que nos ameaça desde sempre é não perceber que o mal que recai sobre nosso semelhante reflete diretamente em todos nós.

Podem os mais desavisados taxar a obra no seu aspecto meramente literário como exemplo de poesia hermética. E o é somente na medida em que tenta dar conta dos imensos labirintos do pensamento humano em seu desespero silencioso. Por outro lado, a presença de forte condensação metafórica implica no impacto que as imagens exercem sobre o ser que se expressa. Ou, como bem escreve Cláudia Alves na orelha da obra, versos que “se desdobram de cima para baixo, como o eu lírico que se afunda cada vez mais em si mesmo em um processo depressivo”, e que registra indelevelmente o desperdício do bem mais valioso que possuímos; a vida: o indivíduo ao invés de utilizar o seu potencial energético para desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, dissipa energia nos sentimentos de autocompaixão, tristeza e lamentações. Sofre e não evolui. Este, nos parece em suma, o louvável esforço de compreensão e a necessária dose de empatia, apoio, amparo, assistência, socorro e caridade, que necessitamos neste mundo tresloucado que criamos. Esta sim, a grande loucura a debelar. Não é justamente isso que falta àqueles que padecem da depressão? É a pergunta que não quer calar, e que a senhora Isabela Sancho responde na profundidade de seus 7 andares/abismos subterrâneos.

Livro: “A depressão tem sete andares e um elevador”, Poesia de Isabela Sancho, - Editora Penalux, Guaratinguetá – SP, 2019, 116p.
ISBN 978-85-5833-494-5
Link para compra e pronto envio: https://www.editorapenalux.com.br/loja/a-depressao-tem-sete-andares-e-um-elevador
Litteralux 21/04/2019minha estante
Excelente




Litteralux 06/04/2019

Sobre "A depressão tem sete andares e um elevador"
por Fernando Andrade (Escritor e crítico de Literatura)



Nosso corpo parece fixo. Preso ao chão por gravidade. Atado ao solo, só. Estaremos voando mais pelos destinos/desatinos do pensamento; uma espécie de gaivota que volta à palmilhar lugares e ares.

Mas será que a maçã descrita por Newton que cai da árvore, não por metáforas do paraíso perdido, por uma nudez que não é apenas física, mas também imagética. Como nós nos percebemos como biotipo humano?

Cada um sabe a dor que tem. Do seu núcleo, palavra arregimentadora de expectativas que pode desagregar mais que unir. O peso de um elevador faria de seu eixo de cima para baixo ou na sua capacidade de lacrar o movimento enquanto linguagem do olhar, movimento que parece livre. Cabos, roldanas, caixas, relações de falar sobre uma certa movimentação vertical, de transporte ou deslocamento.

Em seu segundo livros de poemas Depressão tem sete andares e um elevador, editora Penalux, Isabela Sancho, faz uma elegia do espaço do poema com um lindo desenho cartográfico. Há uma narradora colocada no livro ao mesmo tempo como analisada \ analista, embora faça este traçado de escrita com o que chamamos com a tela de escuta. Internalizar a própria voz, internalizar os aspectos cambiantes do lacrado\fechado corpo. Um dos aspectos do livro de Isabela é se colocar como alteridade de si. Algo como falar da sua intimidade pelo viés da terceira pessoa, ( um voz perenemente distanciada).

Os poemas são divididos em 7 andares que percorrem certos subsolos que podem ou não serem mentais, quanto sublimados de imagens poéticas. Suas imagens obedecem em tanto à construtos físicos operacionais da máquina quanto desenhar certas alegorias criativas sobre a relação da doença com a verticalidade do elevador\ movimento ocluso-do-olhar. Mas a poeta translitera esta mera questão do espaço-privativo-reclusão; do corpo que cai gravidade numa viagem ao subsolo-fundo de si mesmo.

Aspectos emocionais como uma cognição com o entorno puxam fios e novelos com cães, flores, cozinhas, elemento social de coletivização do urbano-privado. A poeta parece que procura depurar através de seus elementos intuitivos-naturais toda forma de padronização e poder que engendram perdas de energia do corpo como as vãs responsabilidades sociais como ocupar, demandar e tarefar. E outras anemias do social.

Fernando Andrade

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