Fernanda.Caputo 11/11/2024
Uma paródia divertida da literatura gótica
"A pessoa, seja homem ou mulher, que não sente prazer ao ler um bom romance há de ser de uma estupidez intolerável".
"A Abadia de Northanger" foi, sem dúvida, o livro mais divertido de Jane Austen que tive o prazer de ler até agora. A autora, que é famosa pela aguda observação da sociedade e suas relações, aqui faz uma verdadeira paródia da literatura gótica, ao mesmo tempo que brinca com as expectativas de heroínas dessas histórias - como a ideia de encontrar esposas encarceradas em torres sombrias de abadias antigas e misteriosas.
Catherine Morland, é uma jovem de 17 anos, residente no interior da Inglaterra, cuja vida social é limitada à sua família em um casal vizinho. Sua principal ocupação é a leitura de romances góticos, cujas tramas fantásticas e cheias de mistério alimentam sua imaginação.
Quando ela finalmente tem a chance de sair de sua vida tranquila e viajar para a cidade de Bath, o que se segue é um choque entre ingenuidade e realidade.
O enredo se divide em dois momentos centrais: o primeiro, em Bath, onde Catherine faz amizade com Isabella Thorpe, encanta-se por Henry Tilney e entra em contato com o mundo social, suas complexidades e interesses; o segundo, na misteriosa Abadia de Northanger, onde, guiada pela amizade com Eleanor Tilney, ela imagina que encontrará uma série de aventuras no estilo dos romances góticos que tanto adora. O que ela acaba descobrindo, porém, é bem diferente ? e, ao longo dessa jornada, Catherine vai amadurecendo e aprendendo com suas próprias percepções e equívocos.
Apesar de, à primeira vista, o desenvolvimento da relação entre Catherine e o Sr. Tilney parecer o foco do romance, na verdade, Austen nos oferece algo ainda mais fascinante: o processo de autoconhecimento da protagonista. A jovem começa a perceber, por meio de suas experiências e da orientação indireta de Henry, que as fantasias literárias não correspondem à complexidade da vida real.
O texto de apoio presente na introdução desta edição da Penguin foi um excelente complemento para a leitura, enriquecendo a compreensão do contexto histórico e das nuances da obra.
Em "A Abadia de Northanger" ao misturar humor, crítica social e uma boa dose de ironia, Jane Austen consegue, mais uma vez, nos conquistar.
Não há como não se apaixonar por Jane Austen.