Patricia Pietro 24/08/2024É possível dividir esse livro em duas partes, pois cada uma tem um tom bem diferente da outra. A primeira parte é divertida, retrata uma Catherine ingênua, que se deixa confiar facilmente nos outros e que tira conclusões baseadas mais no que ela escuta de terceiros, do que naquilo que sua própria consciência lhe sugere. Enquanto para o leitor não é difícil captar as mentiras que lhe contam (principalmente pelos membros da família Thorpe), Catherine nada percebe. Há muitas idas e vindas, passeios, bailes, jantares. Essa parte ocupa dois terços do livro.
A segunda parte, que tem início quando ela efetivamente vai passar uma temporada na abadia de Northanger, uma construção com estética gótica, tem um tom mais maduro. Aqui ela finalmente passa a acreditar mais nos próprios sentidos. Ela entende que nem tudo o que as pessoas dizem é, de fato, o que disseram. Muitas vezes é exatamente o contrário.
Há diversas tramas envolventes no livro: Os conflitos entre Catherine e seus "amigos" de Bath, que pouco a respeitavam; As invencionices de Catherine na abadia; As artimanhas de Isabella para garantir um casamento vantajoso.
Já o romance entre os dois personagens principais não é muito interessante, mas o livro também não é muito centrado nisso. Senti que não houve muito desenvolvimento no relacionamento de Catherine e Henry. Eles travam poucos diálogos, e não ocorrem inconstâncias de comportamento ou de sentimentos. Nesse ponto, é o romance mais tranquilo que li da autora.