No Jardim do Ogro

No Jardim do Ogro Leïla Slimani




Resenhas - No jardim do ogro


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douglaseralldo 26/05/2019

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE NO JARDIM DO OGRO, DE LEÏLA SLIMANI, OU DAS TRAGÉDIAS DA CARNE
1 - A atmosfera de degradação humana numa espécie de tragédia da carne vivida pela protagonista de No jardim do ogro dá o tom opressor e amargo do romance, que no texto reflete-se no caráter enxuto do texto e na força das palavras escolhidas com grande pragmatismo capazes de trazer o drama sem metáforas, a angústia perceptível, prisioneira de si mesma, da sociedade, e das tantas instituições que se formam no viver social;

2 - Pra ser sincero, talvez a obra tenha muito das afirmações da mãe endurecida de Adèle que ao final do romance joga-lhe na cara que "as pessoas insatisfeitas destroem tudo em volta delas". Em certa parte o romance potencializa tal afirmação diante a derrocada angustiante da alma que não compreende o mundo, tampouco a si mesma;

3 - Entretanto, a insatisfação irascível da protagonista em muito tem a ver com a opressão provocada pelos condicionantes sociais que inicialmente parecem dar-lhe as linhas da existência, que a ela é sempre um incômodo, embora procure fingir viver de acordo com "as regras do jogo". Casa-se, e mesmo trabalhando, leva uma vida dependente a do marido, um homem gelado e não menos dotado de suas contradições e complexidades psicológicas. No entanto, ao perceber e revoltar-se contra este viver burguês, enquadrada num modelo idealizado, Adèle acaba não enfrentando o problema, mas tangenciando-o numa vida secreta, proibida, que não é menos opressora e deprimente do que a vida em sua parte visível;

Saiba +

site: http://www.listasliterarias.com/2019/05/10-consideracoes-sobre-no-jardim-do.html
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Lina DC 20/05/2019

"No jardim do ogro" é uma obra intimista e ao mesmo tempo traz uma crueza única sobre a protagonista do livro, Adèle.

Adèle é uma mulher de 35 anos de idade, jornalista, mãe de um garotinho chamado Lucien e casada com o médico Richard. Quem observa essa família, acredita que tem o retrato perfeito de uma família feliz e amorosa. Mas tudo não passa de um grande engano.

Adèle é uma mulher compulsiva, que tem a necessidade não apenas pelo sexo (apesar de poder ser chamada de ninfomaníaca), mas de uma necessidade avassaladora de ser inesquecível, importante, de ter homens aos seus pés. A protagonista não se satisfaz com a vida financeiramente tranquila e um relacionamento brando. Tudo o que Adèle deseja é ter uma vida ociosa, onde possa ser venerada. Como sua vida não consegue atingir os patamares de grandeza que ela tanto almeja, a protagonista sente esse vazio constante, que preenche com uma vida dupla repleta de sexo casual. É uma pessoa egocêntrica, que não consegue nem mesmo colocar seu filho como prioridade nas situações, muito menos o marido. Todos os enganos, encontros secretos e problemas são decorrência da necessidade de aplacar o próprio ego.

"Ela acha que não é o suficiente. Que essa vida é pequena, comezinha, sem nenhuma envergadura. O dinheiro deles cheia a trabalho, a suor e a longas noites passadas no hospital. Tem o gosto das reprimendas e do mau humor. Não os autoriza ao ócio nem à decadência." (p. 13)

O livro conta exatamente essa jornada da Adèle, os casos, os problemas e todas as mentiras que a protagonista enreda para conseguir aplacar suas necessidades. É uma obra com linguagem direta, um texto bem escrito e personagens caracterizados por suas falhas e obsessões, ou seja, personagens bem humanizados.

"Ela quer ser apenas um objeto no meio de uma horda, ser devorada, chupada, engolida inteira... Quer ser uma boneca no jardim de um ogro." (p. 07)
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Nathalie.Murcia 11/05/2019

Sufocante
Recém lançado, e escrito pela franco-marroquina Leila Slimani, a mesma autora de "Canção Ninar". A temática abordada é sufocante e intensa: a ninfomania de uma bela jornalista parisiense, na casa dos 30 anos, anoréxica e com propensão ao alcoolismo, mãe de um filho pequeno (Lucien), e casada com um renomado médico (Richard). Por meio de um relato intimista e lascivo, nos deparamos com os constantes embates que Adèle trava contra seu irrefreável desejo sexual, o qual, após saciado, a alça a sentimentos paradoxais de repugnância e êxtase, dia após dia. No entanto, essa vida secreta, instrumentalizada por um telefone celular branco, é disfarçada com calculado esmero, sem deixar vestígios, e é mascarada pela aura de respeitabilidade que sua vida aparente irradia. A protagonista, portanto, se digladia física e emocionalmente para manter essa duplicidade, pois não encontra satisfação nas suas obrigações tediosas de esposa, jornalista e mãe, desempenhadas de forma mecânica, assim como o próprio sexo compulsivo e banalizado, muitas vezes praticado com homens que lhe causam até um certo asco. A autora conseguiu transparecer com acuidade as angústias e vicissitudes que habitam os escaninhos da mente de Adèle, utilizando-se de uma prosa elegante e direta. Recomendo a leitura!
Seguem alguns trechos: "Adèle não tinha glória nem vergonha das suas conquistas. Não mantém um registo de contas, não guarda os nomes e ainda menos as situações. Esquece muito rápido, e é melhor assim. Como poderia se lembrar de tantas peles, tantos odores? Suas obsessões a devoram. Ela não pode fazer nada. Porque requer mentiras, sua vida demanda uma organização extenuante, que ocupa todo seu espírito. Essa busca abolia todas as regras, todos os códigos. Tornava impossível as amizades, as ambições, o uso do tempo. O erotismo envolvia tudo. Mascarava a platitude, a inutilidade das coisas. Dava um relevo às suas tardes".
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site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Marcia.Cristina 09/05/2019

Leïla Slimani é clara e direta em sua escrita
No Jardim do Ogro conta a história de Adéle, uma jornalista parisiense, casada, mãe, que esconde de todos a sua vida dupla. Adèle é ninfomaníaca, anoréxica e compulsiva.
A autora explora esse universo com uma linguagem bem direta e nos faz mergulhar nesta história incrível.
O que mais gosto na escrita de Lëila é que ela vai direto ao ponto, sem rodeios e sem grandes mistérios. Assim como em Canção de Ninar, nas primeiras páginas ela já desenha claramente o que será o desenrolar do livro.
Adèle é uma personagem às vezes cruel, às vezes frágil, às vezes fria, mas que ao longo do livro o contexto de sua relação com os pais e com seu marido nos faz compreender o porquê de suas atitudes.
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