A Cultura da Mídia

A Cultura da Mídia Douglas Kellner




Resenhas - A Cultura da Mídia


6 encontrados | exibindo 1 a 6


Luana 31/05/2024

Leitura Essencial Para Pensar o Mundo
Apesar de já fazer alguns anos desde o seu lançamento e as referências culturais um pouco ultrapassadas, as reflexões que Kellner traz são muito atuais e nos mostram que a cultura de massa não pode ser menosprezada porque essa sim, é capaz de promover sentidos e identidades no mundo, e em nós mesmos. Vale muito a pena a leitura.
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graziiffraga 22/12/2022

Impressionante
Kellner me deixa pensativa sobre o poder da indústria cultural e a mídia. A indústria acaba sendo um método para inserir supostas verdades e se transforma numa arena onde diversas visões entram em conflito por meios desses produtos. A mídia influencia os indivíduos e vende a cultura em busca do lucro. Não acredito em um poder absoluto da mídia, mas concordo com Kellner quando mostra que há sim um poderzinho ali oculto.
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Bruno Martins 28/01/2021

As mídias como ferramentas sociais
É muito interessante pensar como a mídia molda e manipula relações sociais, podendo influenciar até mesmo em preparativos de guerras, criar uma sociedade revoltada com propagação de ódio através de notícias, criar uma visão romantizada da violência através de filmes famosos do cinema, criar inimigos imaginários através de matérias de cunho político, entre outras, é uma leitura essencial que auxilia o leitor na percepção do que está por de trás das coisas divulgadas nas mídias.
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Renan 14/04/2013

Professor de Filosofia na Universidade do Texas, Austin, Douglas Kellner é um importante teórico da cultura de mídia. Em seu livro "A cultura da mídia: estudos culturais: entre o moderno e o pós-moderno" (2001) Kellner tece uma incisiva crítica à mídia na análise política dos artefatos culturais como filmes, programas televisivos e músicas, a fim de estimular o discernimento dos receptores das mensagens codificadas em signos ideológicos.
Para ele, os produtos da indústria cultural, o cinema, o rádio, imprensa, música, televisão são modeladores de paradigmas da vida cotidiana, definem identidades e os valores que permeiam a vida das pessoas. É o repertório cultural do qual o indivíduo situado na sociedade tecnocapitalista extrai suas orientações identitárias.
A orientação sensorial deste indivíduo é o da imagem, explorada em larga escala pela cultura de mídia através da audição e da visão. Em larga escala porque a medida desta cultura é a industrial, seus mecanismos de funcionamento estão sob a égide de produção de massa que pretende auferir maior margem de lucro possível de um mercado.
O autor vê a cultura de mídia como difusão ideológica em que se concretiza a manutenção de poder das relações vigentes, espaço de disputa onde políticas rivais lutam pela prevalência ideológica através do discurso do espetáculo midiático que o indivíduo vivencia diariamente.
Concomitantemente, também vê esta cultura como forma de resistência do indivíduo, não como mero instrumento estrutural de grupos sociais dominantes. Conhecer sua forma de manipulação é se prevenir de suas seduções e fortalecer a autonomia individual e, pois, forma instrumental do indivíduo de preservar seu espaço e aumentar seu poder através da crítica desta cultura. A mídia cria formas de manutenção das relações de poder vigentes, ao mesmo tempo em que seu estudo crítico desvenda as formas de resistência que o indivíduo pode praticar ao tomar ciência destes mecanismos, se posicionando contra sua redução ao acachapamento da massificação da produção dos bens culturais como consumo de mercadoria na lógica da era do capitalismo industrial.
Portanto, a cultura de mídia está pareada com a de consumo. Não é uma forma restritiva e prescritiva de comportamento; os bens consumidos veiculados por ela entretêm e agradam, induzindo o público à identificação com os valores ideológicos implicados em suas criações. Só uma teoria crítica pode elucidar esses mecanismos.
Para Douglas Kellner, uma teoria crítica decompõe as ferramentas de dominação e resistência, uma vez que o germe da mudança social está prefigurado nas estruturas da sociedade, de modo que seu conhecimento auxilia o entendimento que pode ser exercido na prática social de melhoria dessas sociedades. O estudo cultural crítico reforça as formas de resistência contra o poder da dominação hegemônica, auxiliando o progresso da democracia e liberdade. Deste maneira, o livro como um todo não se debruça apenas no modo como os produtos da indústria cultural reforçam a hegemonia predominante, mas também como as ansiedades e tensões que permeiam a sociedade se inscrevem nesses produtos.
O autor não se pretende como teorizador de uma teoria-mestre, nem como apresentador da aplicação metodológica de uma teoria unívoca. Para Kellner, a teoria deve estar em justa proporção à tarefa que se coloca. Isto é, com a vasta gama de teorias sobre a matéria, o livro não se propõe como formulador de um novo paradigma teórico para todos os problemas intelectuais da contemporaneidade; e sim como evidência do método do uso de cada teoria de acordo com sua utilidade. É o que o autor chama de “teoria social multiperspectívica” (KELLNER, 2001, p. 40), em que os conceitos e referências da tradição teórica se complementam no estudo do objeto constituído de textos e imagens que a cultura de mídia veicula através de filmes como Rambo, Top Gun, Poltergeist, slackers movies, Beavis and Butt-Head, um programa da primeira metade dos anos 1990 da MTV, a música rap, o fenômeno Madonna etc e de que forma momentos intervencionistas bélicos como a Guerra do Golfo foi publicitariamente reproduzida nos veículos de comunicação dos americanos.
Destaca-se a amplitude de teorias que Douglas Kellner reúne em seu livro, fazendo uso delas de modo abrangente. Suas influências teóricas principais referem-se à Escola de Frankfurt, os estudos culturais britânicos, os pós-modernistas e os pós-estruturalistas. Horkheimer e Adorno, da Escola de Frankfurt, que inauguraram os estudos críticos da comunicação nos anos 1930, são os cunhadores do termo “indústria cultural”. Esta expressão alude à transformação do bem cultural como produto mercadológico no desenvolvimento tecnocultural capitalista, em cujo desenvolvimento se impõe a lógica de produção massificadora. Na concepção de seus teóricos, dessa padronização em escala industrial se procede a legitimação ideológica de dominação da classe que se situa no topo do capitalismo.
Os estudos britânicos entendem a cultura com o viés gramsciniano de hegemonia e contra-hegemonia, configurando o espaço da cultura contemporânea um lugar onde vigoram relações entre concepções convergentes ao status quo e antagônicas a ele. A teoria elaborada em Birmingham, Inglaterra, nos anos de 1960 sob os auspícios pelas lutas políticas da época (antirracismo, feminismo, entre outras), objetiva o esclarecimento desse sistema para impulsionar os movimentos de resistência à hegemonia burguesa.
Com essa gama de influências teóricas, o autor pretende decompô-las e incrementá-las a fim de atender à complexidade que a análise da mídia contemporânea exige. Por exemplo, ele supera a concepção de manipulação clacissista no mundo capitalista da Escola de Frankfurt, que reduz o papel do público a passividade na relação social e de poder. Inversamente, as abordagens culturais de Birmigham, muitas vezes, levam a uma fetichização do público e da resistência, descontextualizando o público de seu âmbito histórico ao atribuir nas respostas do popular à visão dominante uma resistência mal interpretada. Douglas Kellner constantemente atenta em seu livro que os próprios prazeres que podem ser observados nos públicos que recebem a produção cultural da mídia são determinados pelo sistema de relações sociais e de poder. Um sistema de poder e privilégio condiciona os prazeres das pessoas, estes não são peças isoladas dessa configuração.
Inobstante, o autor se preveni de esses usos indicarem uma mistura compósita indiscernível e arbitrária. Alguns preceitos teóricos de metodologia são incompatíveis entre si e a opção por uma delas deve prevalecer. Ao pensar em panorama das teorias que podem elucidar aspectos que uma visão unidimensional seria incapaz de fazer, Kellner realiza a hibridez das próprias teorias, a modificação que se processa com a integração de aspectos negligenciados na ortodoxia.
Este caráter multiperspectivo é a atenção que o livro se direciona aos próprios modos de produção dessa cultura no âmbito da economia política e circulação que a indústria cultural realiza para dispor os bens para no mercado. A receptividade, a maneira que o público absorve essas mercadorias foge de uma visão exclusiva ou simplificada desse sistema. A interatividade entre público e mercadoria se faz em contextos históricos específicos da economia política e do sistema de produção avaliados pelo uso de teorias sociais.
Em outras palavras, esta é uma leitura política da cultura. Analisar a produção cultural em sua conjuntura histórica, observando nos discursos presentes os códigos transmitidos nos seus elementos estético-formais do entretenimento que induzem posições e ideologias que surtem efeitos políticos (KELLNER, 2001, p. 76). Encetar isto é partir da perspectiva do observador, do receptor que interage ativamente com os textos da cultura da mídia, de como ele se apropria dos significados à sua maneira e de como estes textos produzem efeitos em si mesmos.
Nesta interação funciona o jogo de forças entre os estereótipos dominantes das representações de classe, sexo, raça, sexualidade etc e das lutas contra as opressões que partem da contra-hegemonia. Ao optar por isso, o autor nuança o modelo assaz economicista do par dominação e ideologia vinculado pelas tradições marxistas, pela Escola de Frankfurt etc, que centralizam suas respectivas análises na legitimidade obtida pela classe dominante nas ideias que difundem.
Evitando também cair no perigo inverso, o de fetichizar as reações do público com estes artefatos culturais, o autor evita conceber que o público produz os significados isoladamente. Fica nítida na leitura do livro sua preocupação em um equilíbrio que só o contexto cultural histórico pode balancear. As relações sociais e de poder são históricas, abarcam uma estrutura político-econômica que o exclusivismo formalista de alguns pós-estruturalistas franceses dos anos 1970 na análise do texto e a restrição da análise sobre o “popular”, que os estudos britânicos realizam através de um corte conceitual entre cultura superior e popular, tendem a ignorar.
Os variegados estudos que compõem o livro se situam do inicio dos anos de 1980 até o começo da década de 1990, passando pela hegemonia conservadora de Reagan e Bush até o afrouxamento liberal com a eleição de Clinton. Os anos 1980 são caracterizados pela ascensão de governos conservadores após a recessão econômica dos anos 1970. É o período do fim do comunismo soviético e da Guerra Fria, da multiplicação das guerras nacionalistas e religiosas.
Para Kellner, a disposição dos elementos narrativos, da articulação da história e da imagem são “transcodificações” discursivas de ideologias, seja da contracultura dos anos 1960, seja da reação à visão libertária da sexualidade, do gênero e da etnia que surgiu concomitantemente aos governos conservadores americanos de Reagan e Bush.
No entanto, este é um lado da moeda. A cultura da mídia é um espaço de disputa entre diferentes grupos. Se a tendência conservadora marcou muitos filmes hollywoodianos do interregno abordado pelo autor, mesmo assim temos uma miríade de filmes que fazem frente a essa visão direitista, ou aqueles que mesmo com laivos conservadores, por momentos subvertem sua lógica direitista. Acontece que textos populares abarcam em seu conteúdo aquilo que atrai seu público e até filmes conservadores tem resquícios de práticas contestadoras da ideologia hegemônica, o que o autor chama de “momentos de emancipação” (KELLNER, 2001, p. 143).
Kellner enfatiza o caráter de disputa que os textos culturais apreendem. No nível simbólico dos produtos culturais da mídia se opera um emaranhado de leituras que são mediados pelo público e se tonam lugares de contendas entre os diferentes grupos que orientam seu significado. Desde o momento que o autor ressalta o significado político desses discursos, ele consegue traçar seus por quês (qual a razão de serem veiculados) e direcionamentos para práticas sociais que são entranhadas no indivíduo na difusão dos meios culturais contemporâneos. Como já ressaltado, esses artefatos são transcodificadores de angústias e sentimentos de determinadas pessoas sócio-politicamente contextualizadas e, por isso, multiperspectivos.
Porém, os efeitos em práticas sociais dos valores dominantes desses discursos são inegáveis. Deste modo, “O multiculturalismo crítico, portanto, alia-se às lutas pela emancipação e pela criação de uma ordem social mais livre, justa e igualitária.” (KELLNER, 2001, p. 129).
Este viés de abordagem faz parte da “pedagogia dos oprimidos” que o autor obtém de Paulo Freire. A consciência dessa dominação ideológica estruturada nos discursos disseminados pela mídia dá aos oprimidos instrumentos que possibilitarão a sua libertação desse emaranhado de amarras da sua condição como subserviente. A posição de Kellner é de conhecimento crítico dos instrumentos que imperceptivelmente moldam condutas e disposições reacionárias e conservadoras, jaz a possibilidade de transformação na subversão da ordem opressora que a estrutura econômica do raciocínio capitalista induz. O caminho para uma sociedade mais progressista se arraiga indissociavelmente nesse discernimento crítico.
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mlnetto 19/07/2009

A maior inspiração para o meu desejo de ser um acadêmico. Se um dia der aula em faculdade a primeira citação sairá deste livro.
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