Resenhas - Um Lugar Bem Longe Daqui

A.Paula.Sz 25/09/2022


"-Eu passei anos querendo estar com outras pessoas. Acreditava de verdade que alguém fosse ficar comigo, que eu teria amigos e uma família. Que faria parte de um grupo. Só que ninguém ficou. Nem você nem qualquer pessoa da minha família. Agora eu finalmente aprendi a lidar com isso e a me proteger."

"-É isso que ninguém entende. — Ela ergueu o tom de voz. — Eu nunca odiei as pessoas. Elas me odiaram. Elas riram de mim. Elas me abandonaram. Elas me atormentaram. Elas me atacaram. Bom, é verdade, eu aprendi a viver sem elas. Sem você. Sem Ma! Sem ninguém!"

..."talvez eu só esteja cansada agora. Na verdade, estou exausta. Por favor, preciso superar isso tudo sozinha... porque sozinha é o único jeito que eu sei. Eu não sei ser consolada."

Aione 14/07/2020

Um Lugar Bem Longe Daqui é o romance de estreia de Delia Owens, cientista e escritora que foi co-autora de outros três livros publicados na década de 1990 explorando suas viagens pela África. Publicado no Brasil pela editora Intrínseca, o romance foi primeiramente enviado no clube de assinatura Intrínsecos e, também, escolhido para o clube de leitura de Reese Whiterspoon.

Kya é conhecida como “a menina do brejo”. Abandonada pela família ainda criança, foi forçada a crescer sozinha em um pântano, ambiente considerado por muitos sujo e hostil, mas que, para ela, é seu lar. A solidão e o senso de individualidade definem a personalidade de Kya e moldam sua vida, também marcada pelo preconceito dos demais habitantes da cidade em relação a ela.

Um Lugar Bem Longe Daqui é um romance de formação, no qual acompanhamos o crescimento de Kya de sua infância à vida adulta. Em terceira pessoa, a narrativa onisciente é próxima o suficiente para conhecermos as emoções da protagonista em profundidade, mas afastada o bastante para que, ainda assim, ela conserve segredos e uma objetividade necessária para a trama. Os capítulos se alternam entre o final da década de 1960, momento em que Kya já é adulta e ocorreu um assassinato na cidade, e os anos entre o começo da década 1950 até o momento da investigação do caso. Dessa maneira, tanto podemos compreender a formação da protagonista adulta como, também, ter uma pitada de suspense e tensão na história, uma vez que nos vemos curiosos pela resolução do caso.

A ligação com a natureza é extremamente presente e essencial na trama. O paralelo entre a personagem e o meio onde ela vive é construído página após página. Um Lugar Bem Longe Daqui é um elogio ao pântano e ao brejo, uma apresentação de sua riqueza e diversidade. E o meio, tão complexo e renegado, acaba por ser uma metáfora da menina a quem ninguém vê e dá valor. Assim, a linguagem utilizada por Delia Owens tem um tom poético e sensível ainda maior por estar tão conectada à natureza que rodeia Kya.

Mesmo que a narrativa tenha um tom mais lento, com acontecimentos se dando aos poucos e bastantes descrições, a força das dores de Kya é tanta que essa foi uma das personagens que mais senti vontade de acolher nos últimos tempos. Sua solidão e rejeição são palpáveis, a ponto de eu senti-las em minha pele. É impossível não se compadecer por todas as dificuldades que ela enfrenta. Também, a característica histórica da obra a coloca em um momento de extrema segregação racial nos EUA, o que permite ao leitor ter esse panorama. Embora a protagonista seja branca, dois dos únicos personagens que a ajudam ao longo da trama são negros, e o racismo que eles sofrem aparece na história, mesmo que em segundo plano.

Em linhas gerais, Um Lugar Bem Longe Daqui foi uma das minhas melhores leituras deste ano, tanto por sua construção — com direito a reviravoltas e um final que me tiraram o fôlego — quanto, e principalmente, por sua escrita sensível, capaz de desenvolver tão bem a protagonista e o meio em que ela vive.

site: https://www.minhavidaliteraria.com.br/2020/07/10/resenha-um-lugar-bem-longe-daqui-delia-owens/

Thays ð 24/09/2024

Comecei a ler esse livro com zero expectativas, e acabou que me surpreendeu demais, é uma historia maravilhosa que me prendeu do começo ao fim, o final me pegou de jeito, não esperava por isso de jeito nenhum , super recomendo, eh uma linda historia

fabi_magalhaes 01/11/2021

Incrível
Atrasada no rolê da hype, mas não menos empolgada. Esse livro é incrível!!!

Acompanhamos a vida da Kya e as várias vezes em que ela é abandonada. Primeiro pelos irmãos mais velhos, depois a mãe, por fim, seu querido irmão.

Largada com o pai violento, que dentre a bagagem de guerra trouxe o alcoolismo, Kya tenta desesperadamente agarrar-se a alguma normalidade em sua nova rotina. Até que, após receber uma carta, o pai também vai embora.

Sozinha em seu barraco no brejo, a menina cria uma profunda relação com o lugar e seus habitantes (animais e plantas), enquanto cata mariscos para sobreviver, vendendo-os para Pulinho. Ele e sua esposa Mabel são as poucas pessoas com quem Kya mantém contato.

Rechaçada na única tentativa de ir a escola, a menina vai crescendo longe de tudo e de todos. É no brejo que se aproxima de Tate, seu primeiro e grande amor. É no brejo que se esconde de Chase, uma paixão mal sucedida.

É triste acompanhar tanto abandono e solidão. Senti tanta raiva das pessoas que diziam amá-la e partiam, sem nem olhar para trás. Entendi algumas, outras não. Fiquei feliz pelos retornos.

Mas quando Kya é acusada de assassinato, fui tomada pela apreensão. Durante o julgamento, parecia que eu era a ré, de tão tensa. Incrível como a autora captura não só nossa atenção como também nossas emoções.

Me peguei completamente rendida na inocência e força dessa menina.

Suspeitei do desenrolar do crime, mistério que é levado até o final do livro, mas acabei deixando pra lá ao longo da história. No fim, realmente já não tinha mais essa teoria em mente e acabou que fui pega de surpresa, mesmo não sendo tão surpresa assim.

Apesar do livro ser bem descritivo e ter algumas partes mais poéticas, achei a leitura intensa, envolvente e maravilhosa. Feliz por não ter desistido (era uma LC que não consegui acompanhar no mês certo).

?? Conteúdo sensível, sujeito a gatilhos.
[violência doméstica, abandono afetivo, tentativa de estupro]

Gabi 18/09/2021

perfeito, só leiam!
cara, esse livro é tão sensacional que eu estou sem palavras para ele, sério mesmo! é uma emoção atrás da outra, fiquei com o coração na mão o tempo todo e no final... ??

SEM CONDIÇÕES!!!!

Juliete Marçal 11/06/2020

"Em um lugar bem longe daqui, onde cantam os lagostins."
"Kya pousou a mão na terra molhada que respirava, e o brejo virou sua mãe."

Cansada de sofrer abusos físicos e psicológicos nas mãos do marido, a mãe de Kya foi embora deixando os filhos e uma vida de dor e sofrimento. Esse foi o primeiro abandono que Kya sofreu aos seis anos de idade.

Não demorou muito para os seus irmãos mais velhos seguirem o mesmo exemplo da mãe e ela viu a sua família desaparecer, restando apenas um pai bêbado e violento como sua única companhia.

"Este porquinho aqui ficou em casa."

Assim, restou a Kya somente buscar amparo na figura do pai e tentar conquistar a sua estima. Porém seu destino seria mais triste e solitário. Ela foi largada à própria sorte em um humilde barracão no meio do brejo. Kya cresceu e aprendeu a sobreviver cercada de natureza, cavando do chão seu próprio sustento e tendo as gaivotas como amigas. kya é uma força da natureza que sobreviveu da forma que a própria natureza a ensinou.

"A natureza tinha cuidado dela, protegera-a e fora sua professora quando ninguém mais quisera fazê-lo."

Com o passar do tempo a solidão passou a ser uma companheira constante na sua vida, e ela foi crescendo em uma condição de vida precária que era motivo de preconceito e repulsa pelo povo da cidade. Kya era vista como uma selvagem, a Menina do Brejo e jamais seria aceita.

"Quanto se está disposto a oferecer para vencer a solidão?"

O livro é narrado por uma Kya de seis anos até a vida adulta e mergulhamos na triste e emocionante história de uma menina que se transforma em mulher. Acompanhamos a sua vida sendo definida por abandonos, rejeições, dificuldades, determinação, inteligência e superação que me fez ficar com os olhos marejados por diversas vezes.

"Sua família a abandonara à própria sorte para sobreviver num pântano, mas havia alguém que ia até lá sozinho para lhe deixar presentes na floresta."

Durante o desenvolvimento da trama, os capítulos intercalam entre o crescimento e a perspectiva de Kya e uma investigação de assassinato ocorrido nas redondezas do brejo. No início não fica claro a importância que essa morte tem sobre a história, mas no decorrer da narrativa a autora vai amarrando todos os pontos soltos antes de nos entregar as respostas. Confesso que apesar da autora ter deixado algumas pistas, eu me surpreendi muito com o final.

Enfim, 'Um lugar bem longe daqui, não tem como sua forte característica apenas o drama e o mistério apresentados em seu enredo, mas também, tem o poder de tocar fundo no emocional e entregar uma história com temas importantes e reflexivos, dentre os quais: segregação racial, violência doméstica, preconceito, solidão, abandono e a relação do homem com a natureza.

Esse livro é uma lição de vida e superação! Me faltam palavras para descrever. Eu simplesmente não mudaria nada nele. Lindo demais! Meu novo favorito, com certeza!

Recomendo, MUITO!

"Um brejo não é um pântano. Um brejo é um lugar de luz, onde a grama brota na água..."

^^

Tainateixeira92 01/08/2024

Quase desidratei!!
Essa leitura foi uma experiência emocional!!

Comecei a leitura sem grandes expectativas, apenas com a curiosidade de algumas resenhas que vi no YouTube. E fui surpreendida, esse livro se tornou um dos meus favoritos da vida. Kya, a protagonista, é uma personagem inesquecível e uma das mais bem construídas que já li. A história acompanha "a menina do brejo" desde a infância até a velhice, passando por momentos de dor, rejeição e abandono. Sua luta pela sobrevivência e sua relação íntima com a natureza mexeram com o meu emocional.

A escrita de Owens é tão evocativa que pude sentir o cheiro da natureza e ouvir os sons do pântano. A riqueza de detalhes me transportou para o brejo e me fez sentir imersa na natureza. Houve muitos momentos em que desejei poder "entrar no livro" para ajudá-la e confortá-la de alguma forma. Mas é lindo de ler o modo como ela cresce, de uma criança solitária para uma idosa sábia.

O final do livro tem uma reviravolta inesperada que me deixou sem palavras. O plot twist foi surpreendente e bem construído; não apenas me chocou, mas também provocou reflexões profundas sobre os temas abordados ao longo da história.

Assisti ao filme baseado no livro depois que terminei a leitura e gostei; a adaptação foi muito fiel. Mas o livro possui uma riqueza que a tela não consegue capturar totalmente. Dar rosto aos personagens foi uma experiência interessante, mas a imaginação proporcionada pela leitura é insubstituível.

Recomendo a leitura especialmente para aqueles que NÃO estão em meio a uma ressaca literária. Pois, essa obra merece ser lida antes de assistir ao filme, para que se possa vivenciar plenamente a profundidade da história.

Clarissa Bruno Monteiro 22/07/2021

Livro incrível, tudo perfeito e conforme a história ia se desenrolando me deixou muito feliz, o final acabou com a minha vida (favoritei).

Eduarda 28/05/2020

Interessante
A história é muito interessante. Quem gosta da natureza vai amar.
A história aborda muitos assuntos relevantes; preconceito racial e social, violência contra a mulher, entre outros.
Não AMEI o livro como a maioria. Entendo que a autora é cientista e estudou a natureza por 20 anos, mas achei a narrativa cansativa e arrastada, muitos detalhes desnecessários. A autora tentou descrever a natureza de forma detalhado
,e a natureza é vasta, entao as primeiras 100 páginas é so sobre isso.
Quase desisti da leitura, mas valeu a pena a insistência.

mafe 24/07/2023

Que livro LINDO! Totalmente sem defeitos, a construção da história, o desenvolvimento dos personagens, o plot, não tenho absolutamente nada pra reclamar. E o ensinamento então? Sem palavras... estou muito ansiosa para ver o filme, principalmente pra descobrir se é tão lindo quanto o livro.

Mariguima 28/12/2023

Livro mais triste da minha vida, nunca te esquecerei
Gente, esse livro tem meu coração. Favorito do ano e uma das melhores leitura da minha vida toda. Só de pensar arrepia

Não sabia que eu precisava conhecer essa história até ler. Simplesmente leiam e se deliciem

A emoção no livro não é aquela de chorar horrores. Não, é aquela tristeza impregnada, que a cada página você solta uma pequena lágrima. Comovente e ao mesmo tempo inspirador. Romântico e ao mesmo tempo desromantico (se é que existe isso kkkk)

Larissa 17/09/2020

Em um lugar bem longe daqui, onde cantam os lagostins.
Esse livro foi um misto de emoções pra mim, que me deixou em lágrimas a maior parte das vezes mas também me fez torcer pela Kya a cada página, me fez ficar com raiva de cada pessoa que a abandonou e de cada coisa que fizeram de mal a ela. Mas que livro fenomenal, né? A gente consegue tirar tantos aprendizados com ele, sobre o comportamento humano, sobre abandono parental, sobre família. Me conectei muito aos personagens e me sensibilizei demais com tudo que acontece nesse livro.

Em dado momento, achei um pouco chato. Na parte do caso do Chase, por exemplo. Eu queria mais do brejo, mais das pessoas que cercavam a Kya, mais da Kya naquele ambiente então quando mudamos o foco para o caso, isso me desanimou um pouco, cogitei diminuir a nota e não favoritar o livro por causa disso, no entanto é impossível dar uma nota menor depois daquele final esplêndido que me deixou chorando igual uma criança. Recomendo demais esse livro, é maravilhoso.

Karol Alencar 24/09/2021

Onde cantam os lagostins?
Um lugar bem longe daqui tem tanto para nos ensinar?
De uma coisa eu tenho certeza, eu nunca vou esquecer essa história e nem mto menos a Kya?
Ela se tornou uma das minhas personagens favoritas e vai ser difícil alguém superar essa mulher!
O final pra mim foi mto corrido, deixou a desejar um pouco, mas eu me emocionei tanto, me apeguei tanto em acompanhar a Kya desde pequena até o seu envelhecimento que eu estou com um buraco no peito até agora? Um vazio sabe ?! Queria mais da Kya!
Durante toda a leitura eu senti todo o sofrimento dela, queria a todo mundo guardar ela num potinho e protegê-la de todo mal?
Foi tão maravilhoso, apesar de doloroso, eu aprendi tanto com essa história, ela é tão necessária que até mesmo com o final mais ou menos eu não consigo dar menos de 5 estrelas e não favoritar esse livro !
A menina do brejo vai morar pra sempre no meu coração ???
Pfv leiam essa história! Sério ! Pfv leiam ???

Gomes225 21/09/2020

Amei...
Achei esse livro lindo demais. Excelente leitura, recomendo muito esse livro!

Ana 15/12/2019

De uns dias para cá estou sofrendo com um bloqueio criativo gigantesco, que não apenas me impede de ler com a frequência que preciso, mas também me atrapalha a falar sobre os livros que ando lendo. Engraçado começar essa resenha falando isso, mas acho que precisava dizer para as coisas começarem a fluir de novo, talvez. Hoje, especialmente, falarei sobre Um Lugar Bem Longe Daqui, obra que me deixou deveras intrigada logo no seu lançamento, e que me deixou muito, mas muito pensativa assim que finalizei a leitura.

Catherine "Kya" Clark tinha apenas seis anos quando sua mãe foi embora pela estradinha minúscula que chegava até o barracão onde moravam, no brejo, em 1952. Pouco tempo depois, foi abandonada pelos irmãos, que, assim como Ma, não aguentavam mais o pai violento. Kya ainda ficou na companhia do pai por um tempo, até que um dia ele saiu e nunca mais voltou. A partir daí, o brejo passara a ser a companhia da garotinha, não apenas sua casa. Aprendeu a pescar, cozinhar, manter a casa em ordem e, principalmente, aprendeu a se esconder.

Um Lugar Bem Longe Daqui alterna a narrativa entre presente e passado, nos contando um pouco da história de abandono da protagonista, desde quando a mãe vai embora até sua vida adulta. Fico pensando se algum dia terei contato com algum outro personagem tão determinado. Apesar da solidão e da melancolia que a consumiam, Kya nunca desistiu de sobreviver. Mesmo com todo o preconceito, já que era conhecida como a "Menina do Brejo", ela continuou seguindo sua vida, tentando até mesmo se aproximar de algumas pessoas.

Primeiramente surgem Pulinho e Mabel, um casal dono de uma pequena lojinha que se compadece da situação da garotinha e passa ajudá-la da forma como podem, seja comprando mariscos e peixes defumados sempre que ela levava, seja doando algumas roupas usadas, dando alimentos. Pulinho acaba se tornando, de certa forma, o pai de Kya. Foi um dos meus personagens preferidos. Aliás, é importante, talvez, salientar que Pulinho e Mabel eram pessoas negras em uma história que se passa em meados de 1950, 1960, na Carolina do Norte, época e lugar onde o racismo dominava. Acredito que por sofrerem tanto, os dois eram totalmente livres de preconceitos.

Outro personagem essencial para a história é Tate, o primeiro — e talvez único — amor de Kya, um garoto sensível e inteligente, fascinado pelo brejo. É ele que faz florescer o conhecimento da menina, já que é ele quem a ensina a ler. A partir daí, conhecemos uma personagem diferente, mais forte e mais inteligente. E é engraçado, porque no meu primeiro contato com o livro imaginei que acompanharia a vida de uma selvagem, mas Kya é totalmente o oposto, possuidora de uma intelectualidade obviamente desconhecida por todas as pessoas que simplesmente a viam como a Menina do Brejo.

Porém, como nem tudo são flores, Tate vai fazer faculdade em outro estado e, mesmo prometendo, não volta mais. A vida de Kya, como puderam perceber, é cercada de abandonos e muito drama. Ainda que o estilo de narrativa Delia Owens não tenha sido usado para despertar pena da protagonista, é impossível não sentir, no mínimo, empatia. Quando Tate vai embora, é a vez de Chase Andrews se aproximar da garota, que estava sensível e vulnerável. Ela viu em Chase um porto seguro, alguém em quem ancorar. Mas é óbvio que não se podia esperar muita coisa do garoto mais cobiçado da cidade, não é mesmo?

E aí que vem o ponto principal da história, que não é spoiler, não se preocupem: Chase Andrews é simplesmente encontrado morto em uma manhã de outubro de 1969 e, é claro, todas as pistas — ou falta delas — levam à Kya. Justamente por isso o estilo de narrativa, mesclando passado e presente, de forma que consigamos chegar em alguma conclusão a partir das informações que nos são dadas. Apesar desse mistério no enredo, o foco do livro está em contar a vida de Kya, e foi por isso que eu gostei tanto dele. A morte de Chase só começa a aparecer da segunda metade para o final, quando toda a colcha de retalhos da história da protagonista foi costurada.

Ai gente, simplesmente não tenho palavras para Kya, seu amadurecimento, a construção inteirinha dela. É simplesmente impressionante. Tudo aqui é impressionante e intenso. A forma como autora trabalha inclusive com o brejo, que acredito se encaixar aqui como um personagem, é de cair o queixo. A única conclusão que eu consegui chegar é que, de verdade, não sei exatamente como me expressar em relação a Um Lugar Bem Longe Daqui. Talvez não seja o tipo de literatura que agrade a todos, mas me agradou e muito. Acho que merece demais todo esse hype em torno dele.

O mistério em si não é muito impressionante ou difícil de ser descoberto. O que impacta, na realidade, é a forma como é descoberto, quem descobre, como descobre. Acho que foi esse o motivo de eu ter ficado tão reflexiva, porque eu já sabia quem era o assassino desde o início, mas ainda assim a autora conseguiu me arrebatar, me surpreender. Engraçado é que, depois, quando parei para pensar, me dei conta de que é esse tipo de coisa que torna um livro, de fato, muito, muito bom.

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