Como Deus se Tornou Rei

Como Deus se Tornou Rei N. T. Wright




Resenhas - Como Deus se Tornou Rei


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Gustavo.Arnoni 14/09/2019

Como Deus se tornou Rei
O livro do Wright pode muito bem ser enquadrado em Teologia Política, e que bela introdução bíblica ao tema.
Não é o primeiro livro que percebo no Wright a tendência de “chocar” o leitor com questionamentos a doutrinas preciosas, para reafirmá-las sob uma nova luz. Neste, ele questiona o hiato dentro dos Credos Ecumênicos. Os Credos (ex: apostólico) parecem ignorar a vida de Jesus. Evidentemente, Tom sabe que eles estão respondendo a questões específicas, doutrinas que estavam sendo ameaças. O problema é que ler o evangelho de forma tópica, guiado pelos Credos, acabou por limitar a compreensão da mensagem dos evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). Por exemplo, sabemos que João fala da divindade de Cristo (Capítulo 1), mas será que essa divindade não aparece dentro de um roteiro maior que guia os quatro evangelhos? Para Wright, sim.
A tendência de ler a partir dos Credos resultou em dar um foco demasiado na expiação (que Wright reitera), quando esta também se situa na mensagem central dos evangelhos: como Deus estava se tornando Rei em Jesus. A messianidade de Jesus não é um “apêndice” à sua divindade, morte expiatória ou promessa de vida eterna. Pelo contrário, nos evangelhos e na vida de Jesus, em seus feitos, Deus está cumprindo a promessa de habitar conosco, o Reino é inaugurado, o Templo é reabitado, agora no corpo de Cristo.
A perda do conteúdo holístico dos evangelhos criou sobreposições da teologia paulina (ou tópicos dela) na leitura dos evangelhos. Fica-se procurando “expiação”, “justificação pela fé”, perdendo o eixo central.
Wright acredita que a forma de integrar e elucidar a mensagem bíblica é unindo Reino e Cruz. Os evangélicos, progressistas e direitistas, desuniram esse tema. A direita busca impor valores cristãos ou resolver o problema do mundo por meio de armas, guerras e bala, esquecendo que o Reino de Jesus se mostra especialmente na Cruz. O seu reinado segue outra lógica. A esquerda, por sua vez, busca um reino de justiça, equidade, transformação social, esquecendo igualmente a cruz, de modo a ignorar pecados sexuais, atrocidades praticadas por governos canhotos, assim por diante. Já o evangelicalismo esquece o Reino: a salvação se torna algo “da alma”. Importa pregar o evangelho, salvar as pessoas desse mundo e levá-las para o “além”. Todas essas cisões da mensagem do evangelho ignoram que Jesus frontalmente derruba toda império, todo César, derrotando todo poder, todavia o faz pelo exemplo maximizado na morte e conquista na cruz (Wright é adepto da Christus Victor, e não crê em Cristo ter recebido a punição divina; discordo dele). A visão de dois reinos (luterana) e neoanabatistas, ambas citadas por Wright, consolidando essa cisão prejudicial entre Reino e Cruz na compreensão do evangelho.
Outro ponto que achei extremamente importante é que Wright lança luz sobre o significado da Ascensão de Cristo. São escassos os livros em português (se é que tem) e, dizem, até na literatura ocidental sobre o significado da Ascensão de Cristo (preparando uma mensagem sobre Ascensão, achei apenas um curto e rico texto do Peter Leithart sobre o assunto). A Ascensão não é outro apêndice à obra de Cristo, tampouco uma fuga da realidade física, é a final reivindicação do Rei assumindo seu trono, acima de todos os impérios.
“É hora de unirmos aquilo que jamais deveria ter sido separado. Em Jesus, o Deus vivo se tornou rei de todo o mundo. Os evangelhos não apenas falam de como isso aconteceu. Eles são o meio central pelo qual aqueles que leem e oram os evangelhos podem ajudar a fazer do reino uma realidade no mundo de amanhã. Interpretamos mal os evangelhos por muito tempo. Chegou a hora, no poder e no regozijo do Espírito, de voltar ao caminho certo.” (N.T. Wright)
Paulo Marins 16/09/2019minha estante
Excelente resenha! Obrigado por compartilhar.




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