Max Havelaar

Max Havelaar Multatuli




Resenhas - Max Havelaar


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IvaldoRocha 30/08/2023

“Sou corretor de café e moro na Lauriergracht, no 37.”
Assim começa o maior clássico da literatura holandesa, publicado em 1860.

A estranha frase, dita por várias vezes pelo personagem Batavus Droogstoppel um mercenário corretor de café, que recebe uma caixa, enviada pelo homem de xale, alguém que conheceu no passado e a quem ele deveria de certa forma um favor.
Ao olhar a caixa encontra alguns relatórios e anotações que falam sobre café. Para Batavus, três coisas são importantes na vida, o comércio de café, posição social e a família que trata, ou pelo menos tenta, tratá-la com toda rigidez, na verdade não é muito levado a sério.

Mas a caixa contém mais que isso, trata sobre diversas culturas e plantios, literatura, filosofia, poesia, enfim uma infinidade de assuntos tratados com discernimento e competência, e o romance se apropria de tudo isso e diferente de tudo na sua época, a história é contada, através de cartas, relatórios, documentos oficiais, teatro etc.

Livro considerado o responsável pela morte do colonialismo holandês.

Multatuli do latim “Muito Sofri”, na verdade trata-se do pseudônimo de Eduard Douwes Dekker, um ex-assistente-residente (cargo semelhante ao de vice-governador), que denuncia a corrupção e o massacre praticados pelo governo holandês nas então Índias Holandesas, atual Indonésia, ou seja, Multatuli realmente existiu e presenciou todos os desmandos cometidos.

O maior bem que uma família de nativos poderia ter era um búfalo, animal forte e resistente, único capaz de arar um solo tão duro. O chefe responsável pela aldeia tinha o direito de requisitar o animal para uso próprio e ele nunca era devolvido, se um nativo fosse reclamar às autoridades holandesas ele seria punido pelo chefe da aldeia que negaria tudo. Por vezes os próprios nativos eram requisitados para trabalhar na lavoura do chefe sem receber salário, enfim muitos desmandos foram denunciados por “Multatuli” gerando tremendo desconforto ao governo holandês

Vinte e um anos após a publicação de Max Avelaar, Multatuli revisou a obra e acrescentou centenas de notas, comentários, explicações de costumes etc. o que realmente acrescenta um valor maior ao livro e é claro as notas acompanham o mesmo tom satírico do autor.

Traduzido para mais de 40 línguas, esta edição é a primeira feita diretamente do holandês.
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Marcos606 05/04/2023

Parcialmente autobiográfico, trata dos esforços vãos de um oficial esclarecido na Indonésia para expor a exploração holandesa dos nativos. A estrutura do romance permitiu-lhe tanto implorar por justiça em Java quanto satirizar impiedosamente a mentalidade da classe média holandesa. O estilo de conversa e o tipo de humor estavam muito à frente do tempo de Multatuli, e o livro permaneceu por muito tempo um fenômeno solitário na Holanda.
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Mario Miranda 05/09/2019

Clássico Atemporal
Max Havelaar é uma obra que compõe diversos estilos literários dentro de si. É primeiramente uma narrativa de Batavus Droogstoppel, que encontra um homem disposto a vender alguns relatos referente ao período em que este trabalho na atual Indonésia; É uma autobiografia do próprio Eduard Douwes Dekker - Multatuli - quando este trabalho para a Coroa Holandesa naquela região; e, por fim, é um veemente discurso contrário ao Colonialismo e aos exageros praticados pelas Metrópoles Europeias contra suas Colônias.

Inicialmente pouco conexo, Max Havelaar inicia-se com a história do próprio Batavus, um Comerciante esterotipado: corretor de Café na Bolsa, pouco se importa com a origem e a miséria daqueles que produzem a sua fonte de renda. Após perseguir um "Homem de Xale", mais por piedade (ou desgosto?) do que por empatia, encontra alguns papéis escritos por este Homem, quando da sua estadia na Insulindia. Pede para o seu empregado, de origem alemã, que copie aquele texto como forma de treinar o seu Holandês. Desta forma, conhecemos a história de Max Havelaar, e os exageros, dos quais muitos podem sim serem considerados crimes, realizados em nome da Coroa Holandesa contra os povos que ali habitavam.

Multatuli por vezes relega a história para um segundo plano, para colocar sua própria opinião (e sofrimento, e angústia, e raiva,...) sobre a exploração dos povos. Mal remunerados, obrigados a realizarem trabalhos compulsórios para os governantes, roubados de seus bens materiais. Temos um panorama do Colonialismo distinto do nosso em Origem - são Países e Épocas distintas ao Colonialismo que o Brasil sofreu - mas em Essência e Impacto muito análogos ao nosso colonialismo em relação a Portugal.

Max Havelaar é um Clássico Atemporal, não apenas na Literatura, onde repousa no posto de Principal Obra da Literatura Holandesa, mas para todos aqueles que se interessam por História, Geopolítica, Relações Internacionais e assuntos correlatos, tão fiel e documentado é o relato deste que "Muito Sofreu" vendo o jugo da população local, sofrendo para sustentar uma Administração que, 85 anos antes da data da sua independência, ele já previa o inexorável fim do domínio holandês onde hoje é a Indonésia.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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