Dudu Menezes 11/09/2023
Um livro mágico...
Quem me acompanha, por aqui, sabe que o meu primeiro contato com a obra do escritor mineiro, Murilo Rubião, foi através do livro Quarteto Mágico, que reúne não só este, mas outros autores considerados como a vanguarda do realismo mágico no Brasil.
Rubião estaria, portanto, ao lado de José J. Veiga, Campos de Carvalho e Victor Giudice como um dos principais representantes da "literatura fantástica", muito aclamada através de nomes como Gabriel García Márquez e Jorge Luis Borges, só para ficar em dois importantes escritores latino-americanos.
Mas a obra de Rubião, que tive o prazer de conhecer de forma completa, nessa edição de comemoração ao seu centenário, lançada em 2016 pela Companhia das Letras, precisa ser conhecida do grande público.
Não vou citar os contos mais marcantes, porque estou pensando em como trazer isso, em formato de vídeo, para comentar no canal. Mas preciso dizer que a genialidade do autor está em fazer algo que eu só tinha visto em autores como os citados Borges e Gabo: revelar uma realidade "mágica" - e justamente por isso tão absurda e essencialmente tão real - por meio do nosso cotidiano.
O autor nos faz perceber que o absurdo do cotidiano é, justamente, perder a capacidade de "fantasiar ", deixar a imaginação morrer e ficar preso, "sem saída", em um mundo que, de tão "real", torna-se um pesadelo.
Será que importa saber o que somos? Será que somos o que imaginamos ou o que os outros pensam que somos e, sinceramente, o que isso importa?
Nesta obra, temos 33 contos. Eu, talvez, teria de dar atenção especial a pelo menos uns 12. Ao final do livro somos presenteados com dois textos críticos, assinados pelo professor Jorge Schwartz e pelo escritor Carlos de Brito e Mello. Os dois textos são ótimos, mas Rubião conseguiu me levar até este último, que não conhecia, e por tudo que li, aqui, me deu a certeza de que precisa ser conhecido. Não é só pelos comentários que fez sobre a obra de Rubião, mas "pela forma" como o fez.
"Se Rubião acolhe o absurdo, não é para opô-lo à condição humana, mas para reivindicà-la, formulando-o no centro mesmo de seu sofisticado artesanato literário", nos diz Brito e Melo, e não precisa dizer mais nada!