@blogleiturasdiarias 23/08/2019Resenha | Nocturna{resenha com fotos no blog!}
Nocturna me surpreendeu, a seu modo, pois a conjuntura da mistura da cultura latina com fantasia deu super certo! Ansiosa para os próximos volumes.
Alfie é o príncipe herdeiro do reino de Castallan. Mas nem sempre foi assim. Dez, seu irmão mais velho, era quem deveria estar assumindo o trono, no entanto sua morte precoce deixou Alfie como sucessor. Tendo consciência que nunca chegará aos pés do que Dez seria para o reino, ele tenta provar que seu irmão não está morto. Para isso precisa adquirir conhecimentos, e conhecimentos estão em livros. Participando de um jogo ilegal — onde o prêmio são obras que podem conter as respostas que necessita — Alfie só pensa em ganhar. Ele só não contava com a presença de uma ladra na mesa, Finn Voy.
Finn Voy é uma ladra. Graças a sua magia que a habilita ter a aparência de qualquer pessoa, ela faz uso desse artifício para roubar, arrecadando prêmios para serem vendidos posteriormente. Assim, sua vida esbarra na do príncipe Alfie. Quando por escolhas egoístas acabam libertando uma magia poderosa que estava trancada, terão que lidar com as consequências — ou no caso, tentar salvar o reino. O mundo pode acabar mergulhado na escuridão.
Se não bastasse uma capa bonita e uma sinopse instigante, seu conteúdo também merece elogios primorosos. O que me chamou atenção na obra é termos o envolvimento da cultura latina como fonte de inspiração, que não me decepcionou. Desde as falas dos personagens aos costumes, é nítido que a autora usou e abusou de uma cultura que é riquíssima — e na minha opinião poderia ter sido explorada mais ainda. Foi um desenvolvimento fácil de se lidar — apesar de apresentar algumas dificuldades em entender expressões latinas usada — e que agrada.
"Ele se livrou dos devaneios. Havia algo estranho naquilo. Não estava certo. Magia não barganhava nem fazia acordos. Não tinha desejos como os homens. Aquilo não fazia nenhum sentido. As palavras que tinha naquele livro bobo antes de Paloma o tomar dele ecoavam em sua mente: Existe magia ancestral. Magia com alma, que colore os homens com seus desejos e os manipula a seu bel-prazer." pág. 148
É uma fantasia misturada com romance juvenil, que soube trazer na medida certa as duas temáticas. Tanto a fantasia quanto o romance tem seus destaques, com uma leve ressalva no quesito fantasia. Ao longo da história foi construído um contexto que gera uma expectativa de que se tenha soluções grandes. Ou seja, espera-se que tenhamos um plot twist inovador — aquela "virada de jogo" em que todos ficaremos de boca aberta. Entretanto, não foi o que encontrei no final. Com ações simples demais, o enorme problema que foi trabalhado durante boa parte da narrativa se desfez de modo fácil, o que não me convenceu. Ficou um final "perfeito" onde tudo magicamente deu certo — o final é tão "redondo" que não sei como a autora vai tirar ideia para o sucessor.
Se fiquei com um pé atrás com as resoluções finais, não tenho o que reclamar dos protagonistas. Alfie e Finn são personagens carismáticos e verdadeiros. De personalidades e caracteres diferentes — quando conhecemos inicialmente — eles evoluem ao longo das páginas quando percebem que tem mais em comum do que imaginam. O que gostei neles foi o fato de demonstrarem possuir medos e receios, e ainda assim, esses não serem empecilhos para criar coragem e mudar um rumo previsível. Temos a presença de diversos secundários, que ganham maiores relevâncias quando necessário, e que devemos ficar atentos sobre suas atitudes.
Como falei anteriormente o final não me veio nada surpreendente, só que ele foi compensado pela ambientação fantástica — no sentido literal da fantasia. Amo enredos que envolvam aspectos de magia, de poderes próprios, dos conceitos luz e escuridão, e aqui temos o assunto sendo bem destrinchado. As informações essenciais para o entendimento do universo são apresentadas a medida que os tópicos são inseridos, o que não nos cansa. Tenho expectativas para que ele ganha maior enfoque nos sucessores.
De uma forma geral, recomendado! Sua originalidade em arriscar trazer a cultura latina, de elaborar um espaço próprio e diferente aliado a uma dupla principal cativante, fazem a obra ser uma grande opção para os fãs de fantasia. Suas 504 páginas podem causa um susto inicial, contudo a medida que a leitura flui, elas passam rapidamente. Já foi correndo adquirir Nocturna!?
"Mas ele merecia aquilo, não merecia? Quando conheceu aquela garota, se sentiu superior a ela. Pensou que o propio dela significava que era uma pessoa egoísta e imprudente. Mas ele estava errado. Ela era uma garota que se disfarçava com outras vidas para salvar a dela própria." pág. 238
Sobre a capa, nem preciso falar muito né?! É chamativa, diferente e bonita. Não fiz interligação com a parte interna, porém achei a cara do espírito latino — cores vivas, desenhos abstratos, então está valendo. A diagramação segue o padrão da editora, lembrando que realizei a leitura no exemplar de prova antecipada — muita coisa pode mudar por aqui. A narrativa é feita em terceira pessoa pelos pontos de vista do Alfie e da Finn.
Agora é aguardar o que virá a seguir! A última informação que tenho é que nem o segundo foi lançado lá fora, então temos um tempo até o próximo. Espero que tenham gostado!
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