César 29/12/2023Há um vilarejo ali, onde areja um vento bom...Binu nasceu na aldeia do Pêssego, local em que, após um evento trágico, os habitantes foram terminantemente proibidos de chorar. Em vista das novas regras, os moradores, em especial as mulheres, aprenderam a chorar por outras partes do corpo, como orelhas, mãos, pés, ou pelos cabelos, como a protagonista.
Em certo dia, Quiliang, marido de Binu, é levado junto a outros homens para ajudar a construir a Grande Muralha, deixando seu casaco de inverno para trás. Binu, extremamente preocupada e com saudades do marido, decide vender todos os seus poucos pertences e viajar ao encontro de Quiliang, levando seu casaco, tendo como companheiro de jornada um sapo cego, provável reencarnação de uma mulher que estava à procura do filho perdido.
Durante a viagem, Binu passará pelos mais improváveis obstáculos, e ficará exposta a todo tipo de injustiças e maldade humana, que dificultarão cada vez mais sua chegada ao destino final da jornada.
A mulher que chora é uma lenda milenar chinesa, recontada por Su Tong através de uma narrativa poética e de extrema sensibilidade, que explicita toda a beleza e riqueza da cultura e tradições da China. Me envolvi com a trama desde o início, e me surpreendi tendo empatia com a história de Binu e até mesmo com um sapo cego.