O Caso Morel

O Caso Morel Rubem Fonseca




Resenhas - O Caso Morel


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Biblioteca Álvaro Guerra 11/01/2019

A história é contada da perspectiva do artista/criminoso/anti-herói. O foco narrativo transita entre a “realidade” e o texto de Morel. Conversando sobre o processo composicional do romance e lendo os escritos que chegam em suas mãos, Vilela tem seu lado investigador despertado, interessando-se cada vez mais pelo assassinato não solucionado. Não apenas isso: nota que trajetória e ideologia do artista são parecidas com as suas. Uma história real reconstruída com os nomes das personagens trocados, mulheres que fizeram parte da vida de Morel, relações violentas e libidinosas nas quais sentimento e rebeldia se confundem.

Fonte: https://homoliteratus.com/o-caso-morel-de-rubem-fonseca/

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788574024905
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Che 08/01/2019

NASCIMENTO, CÓPULA E MORTE
Quase foi dessa vez que topei com um livro do Rubem Fonseca que não me parecesse perfeito, por conta do recurso meio besta e pedante de ficar metendo mil citações avulsas de outras obras no meio da narrativa principal.

Mas ficou só no quase. Ao terminar a última página do último livro lido em 2018, no dia 31 de dezembro, sou obrigado a admitir que o primeiro romance escrito por Rubão é praticamente irretocável, mesmo o defeito apontado no parágrafo acima me incomodou pouco.

Especificamente em termos de 'brutalismo' (o sub-gênero de narrativa policial brasileira, catapultado pelo próprio Fonseca), sexualidade e violência, chega até mesmo a superar as versões mais lapidadas e maduras de seus quatro (brilhantes) romances escritos entre "A Grande Arte" e "Agosto", com reviravoltas de cair o queixo e uma narrativa que passa voando.

O (anti)herói da vez é um certo Paul Morel, escritor satiromaníaco que faz o 'Serra comedor' do famoso vídeo humorístico de 2010 ("como ele, como a mãe dele, como a Vânia, como a Andreia, como o Damião, como a Dona Maria") parecer um virgem na zona. Morel não pode ver um buraco feminino que já quer logo preenchê-lo, ainda que seu desejo seja mais fugidio e inseguro do que parecerá à primeira vista.

A partir da apresentação do personagem, já encarcerado, vamos conhecendo sua tragédia pessoal e suas glórias sexuais com diversas mulheres, todas personagens interessantes, na qual se destaca a masoquista "Joana", que rouba a cena como uma espécie de materialização da mulher perfeitamente submissa (em mim, pelo menos, teve esse efeito), do tipo que topa até dividir o cara com as outras sem esboçar queixa.

O universo de Rubão, sempre concentrado em metrópoles urbanas (via de regra, Rio de Janeiro) é uma espécie de incursão na literatura noir ao mesmo tempo em que a transcende, porque tem uma dose ainda mais direta de violência e, principalmente, de sexo. Tenho um orgulho imenso de ser conterrâneo desse cara e saber que o erotismo contido aqui, explorando toda a glória do idioma português, dificilmente seria traduzível com metade que seja das nuances pra qualquer outro idioma. Privilégio nosso, nativos da língua, que podemos contemplar tudo isso direto na fonte.

Ah, e vou acabar lendo em breve o Chandler pra ver se é de fato melhor que o Dostoievski "e ninguém tem coragem de dizer", como Morel deixou escapar em determinado momento...
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Sanoli 20/12/2018

https://surteipostei.blogspot.com/2018/12/o-caso-morel.html
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site: https://surteipostei.blogspot.com/2018/12/o-caso-morel.html
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tray 05/06/2018

Raiva social
Gosto dessa escrita marginalizada /Rubem escreve sobre essa sociedade com tanto ódio e rancor que o texto chega a causar constrangimento, mas acho que essa é a idéia dele,o livro é confuso os dois personagens se misturam em suas narrativas o que acaba geranço uma confusão, o teto é atual o debate de classes A forma como ele fala sobre a mulher e a sua marginalidade por conta do patriarcado é fantástico e a forma como traz as mulheres negras mais marginalizadas ainda é o pulo do gato , gostei da história, mas o final não me agradou, mas acho que essa era a intensa dele, mais um livro favorito de Rubem
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Thiago Barbosa Santos 23/05/2018

Não foi o Morel!
O romance policial publicado em 1973 pelo craque Rubem Fonseca é uma espécie de experimento narrativo. Tem uma estrutura toda original e foge completamente da estrutura convencional de um livro do gênero. Encontramos preso um artista, pretenso escritor, enjaulado sob a acusação de ter assassinado uma de suas namoradas. Na cela, ele recebe a visita do escritor Vilela, ex-delegado. Morel, nome da personagem principal, meio que escreve suas memórias (ou um romance, fica meio confuso) e o amigo as revisa.

Ao longo da trama (e dos manuscritos), o leitor vai conhecendo a vida de Morel antes de ser preso, vai descobrindo seus hábitos, seu modo de vida e como ele se envolveu na confusão que o colocou na cadeia.

Morel é um artista de vanguarda, vive uma vida diferente, em meio às mulheres. Apaixonou-se por algumas, tinha um medo absurdo de "falhar na hora H". Ele propôs a algumas namoradas um casamento, todos viverem juntos na mesma casa, gozando de uma vida de prazeres. Isso aconteceu. O grupo realizou diversas fantasias até a história acabar de forma repentina, com um desfecho trágico.

Uma das moças com quem se relacionava pedia, durante as relações, que Morel batesse forte nela. No início o artista estranhou, não se sentiu à vontade, mas aos poucos foi se acostumando com aquilo.

Em um dos encontros dos namorados, na praia, ela pediu para apanhar, para ele bater forte. A moça se machucou seriamente e Morel deixou o local. Ela foi encontrada morta e Morel preso, acusado de ter cometido o assassinato.

Acompanhamos no livro duas histórias paralelas. Ora acompanhamos os manuscritos, ora o narrador assume a trama. E essas duas histórias se confundem até se cruzarem de vez em um desfecho surpreendente. Morel é mesmo culpado pela morte da namorada?


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Thiago Okan 31/08/2017

A genialidade de Rubem Fonseca manifesta em seu primeiro romance
Me tornei fã da escrita do Rubem Fonseca quando entrei em contato por acaso com seu aclamado romance “Agosto”. O fascínio se deu pela incrível habilidade com que o autor conseguiu mesclar realidade e ficção sem em nenhum momento se perder, fora a própria capacidade demonstrada de construção de inúmeros personagens palpáveis aos quais se revestiam de uma realidade tão absurda que o que parecia ter ali em mãos não era um livro mas um mundo inteiramente como o nosso.
Depois de ler “A grande arte” e ter o fascínio amplificado, resolvi partir para aquele que não sabia, até começar a ler, se tratar do primeiro romance do autor. Se tratava de algo bastante diferente daquilo que dantes tivera lido, embora a característica narrativa noir do Rubem fosse algo bastante latente. Logo no seu romance inaugural ele explorou a sua multiplicidade de personagens – ressalvo aqui a capacidade construtiva de cada um que exigiu do autor um vasto conhecimento de tudo o que ele ousou explorar, e assim o fez magnificamente. A mescla entre a narração principal do narrador oculto com a do pobre Morel, invasões de citações abruptas no meio delas, acrescentou na arte das palavras uma estética visual – era como estar vendo um filme noir, com cenas que se intercalavam a cada tom melancólico das ocasiões.
Rubem Fonseca mostrara que não viria a se tornar o que é hoje por mero acaso. Sua obra que já encantara a muitos através de seus contos, experimentava um clímax já no romance inaugural e que não decairia com o tempo em suas futuras publicações. “O caso Morel” já está na minha estante dos romances épicos os quais tive o prazer de apreciar (não à toa lido em dois dias), juntamente das demais obras aqui citadas.
Elvis Pinheiro 18/05/2018minha estante
Comecei Rubem Fonseca pelo primeiro livro de contos dele e isso se deu por acaso. Na mesma época li O Caso Morel que hj estou relendo e mais maravilhado ainda.


Thiago Okan 11/11/2018minha estante
Rubem Fonseca deve mesmo ser lido e relido sem pudor.




Wags 28/04/2017

Que hino!
Eu adoro metaficção, e todos os caminhos que esse recurso consegue fazer com a narrativa. Desde que li Teatro, também regrado nesse meio, passei a gostar muito dos usos dela, e aliar a Rubem Fonseca deixou a história ainda melhor.
O conto de Morel e Vilela, ou seria apenas Motel criador de Vilela, ou Vilela criador de Motel, em todas as vias consegue trazer tudo que o autor trazia nas narrativas curtas para o romance, está tudo lá, a violência, o sexo, a crise, a incerteza e todas as dores contemporaneas, das quais o autor faz a festa com ironia exorbitante.
Entendi porque todo mundo fala que o homem reinventou o romance policial, construindo uma narrativa com aura noir que é quase impossível de largar, tanto que comecei ontem e já estou aqui puxando o saco do autor. Huahua. Mas digo que com razão, a narrativa de Fonseca é forte, concisa, rápida e inevitavelmente deliciosa. Quem ainda não leu, pode ter em Morel, o início de uma grande paixão pelo autor.
TgOliveira 22/07/2018minha estante
Rubem = Vilela = Morel
Que livro genial!




Juliana 25/04/2017

Bruto e inteligente
Uma narrativa diferente, rica, com muita cultura. Uma linguagem bruta, direta. Sexo, erotismo e violência. Morte, revelações, reflexões. Combinações ótimas para um ótimo livro.
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SABRI 26/12/2016

O livro é um romance policial, com traços de novelas noir, com uma narrativa fragmentada porém brilhantemente arranjada de modo que é possível acompanhar a lógica de todo o enredo, desde que o leitor permaneça atento aos diálogos. Há um cinismo misturado com pessimismo que é normal nos romances brasileiros, e os personagens mesmo inteligentes, parecem ser incapazes de atitudes nobres, despretensiosas ou de serem felizes. Um ex-policial, advogado e escritor é chamado para ajudar um artista preso a escrever sua biografia. Assim acompanhamos a historia de Morel, sua busca sem objetivos que culmina num assassinato no mínimo estranho e no desenlace dos acontecimentos em torno do caso.
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Jander Gomez 22/12/2016

Rubem Fonseca
Não é o melhor livro do autor, mas com certeza figura entre os melhores. A perspicácia de sua escrita e a forma crua (Muito semelhante a Nelson Rodrigues) com que narra é na minha opinião, magnífica.
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Alexandra 30/09/2015

O Caso Morel
A história de “O Caso Morel”, publicado em 1973 por Rubem Fonseca, começa com o encontro de Morel e Vilela. O primeiro é um artista que está preso, o último é um escritor que já foi policial.

Até a metade do romance, Paul Morel (nome artístico de Paulo Morais) é o principal personagem. Decidido a escrever sua biografia, aos poucos vamos descobrindo a sua personalidade, as mulheres de sua vida – que são muitas – e o que aconteceu para ser preso. Na segunda metade, Vilela assume o papel principal, numa busca para entender se o que Morel relatou é real, desvendar os fatos que antecederam o crime e encontrar as pessoas que fazem parte dessa história. Vilela se depara também com situações de sua própria vida e identifica semelhanças entre ele e Morel, tanto em relação às suas trajetórias quanto em suas ideologias.

A escrita da obra é seca e direta, similar a peças de teatro e demora um pouco para adentrar na história, mas quando isso acontece, é difícil abandonar o livro. A trama é quase pornográfica, longe de pregar valores morais. Os homens e as muitas mulheres da história jamais são condenados por sua sexualidade ou seus pensamentos.

Mesmo se tratando, a priori, de um thriller policial, o livro não segue uma narrativa tradicional onde várias pistas são dadas e por meio da lógica o crime é solucionado. A obra se dedica a falar, principalmente, sobre ideias e o vazio existencial, tanto é que seguidamente o texto é interrompido por citações filosóficas aleatórias do próprio Morel ou de autores conhecidos.

Mais de 40 anos depois, “O Caso Morel” ainda consegue chocar o leitor pelo modo como o submundo é retratado. Isso já é um indicativo da ousadia do livro, e um grande motivo para que ele seja lido.
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Vitor 30/09/2014

Retalhos dos retalhos dos retalhos
Ler O Caso Morel é ler uma narrativa retalhada, de um protagonista retalhado, de um autor retalhado por seus personagens.

As vozes dos dois principais personagens sobrepõe-se, em muitos momentos, a do autor. Flutuamos entre a narrativa do presente e o texto biográfico desesperado de Morel, ou ainda pelo relato frio de Matos.

Acabo por me deparar com um livro incomum, incômodo, pessimista, cinzento. Mas que carrega, não se pode negar, a tônica ácida e certeira de seu criador. Carrega, antes de tudo, uma crítica acerca de tudo e todos.

É uma leitura no mínimo muito interessante e que deve ter efeitos diversos em cada leitor, para o bem ou para o mal. Se pudesse indicá-lo para alguém, seria para quem gosta de um Noir daqueles pitalgados de sexo e drogas . Mas isso seria superficializar demais a obra. E, sob todos os ângulos que pude utilizar, O Caso Morel me pareceu tudo, menos superficial.

Indico, então, para os leitores curiosos. Acho que ficou melhor.
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