spoiler visualizarVmonteiro 20/09/2019
Uma história assustadoramente atual...
A segunda metade da década de 80, foi sem sombra de dúvidas o ponto alto dos clássicos dos quadrinhos. Como não podia ser diferente, as melhores histórias do Morcego, também foram produzidas nessa época.
Batman - O Messias (Batman - The Cult, 1988. DC Comics), narra a primeira grande derrota do cruzado encapuzado. Essa derrota foi protagonizada por uma figura misteriosa, que se alto intitula: Diácono Blackfire. Um homem que arregimenta um imenso exercíto de párias e renegados, usando o mais antigo, batido e (infelizmente) óbvio dos subterfúgios: a crença religiosa.
O diácono se vale das mesmas coisas que todos nós, ainda hoje, ouvimos de líderes religiosos: Foi escolhido por algum deus para ser o libertador de uma nação (suas intenções verdadeiras são a tomada de poder total e subjugação de todo o povo de Gotham City), ele fala diretamente com esse deus e suas ordens aos seus acólitos são as exatas palavras dessa gloriosa divindade. Quem o contrária, desafia o próprio ser divino e pode acabar incorrendo em sua ira. Quando o homem morcego começa a investigar uma série de desaparecimentos pelas ruas de Gotham, acaba cometendo um deslize e se deixa capturar, ao acordar, se vê amarrado e vigiado por moradores de rua e um deles conta para Batman a história sobre o direito divino de Blackfire sobre a cidade. E é aqui que a derrocada de Batman se inicia.
Torturado física e psicologicamente, deixado sedento e faminto, drogado e tornado um ser delirante, Batman passa a esquecer seu propósito e começa a servir ao Diácono, que a essa altura, já conta com a maior arma a favor da religião: a opinião pública. As ruas estão livres dos seres indesejados, o crime diminuiu e ao que tudo indica, o vigilante de Gotham, está ao lado dos cruzados de Blackfire, sendo visto pela lentes da imprensa como um aliado do culto que vem se formando. Mas duas pessoas não acreditam na trama que vem se formando e procuram por Batman a todo custo: Jason Todd, o Robin e o comissário de DPGC, Jim Gordon.
Fingindo ser um dos indigentes que enxergam o diácono como um messias, Jason Todd, se infiltra no culto subterrâneo e consegue encontrar Batman, mas não antes que esse ultimo, descobrisse que a sala trancada de Balckfire, era um opulento palacete, com fartura de comidas e luxos. Ao ser resgatado com muito custo pelo menino prodígio, Batman passa por uma desintoxicação mental para se livrar do controle que haviam exercido sobre ele e se lembrar de sua missão: lutar contra o crime. Não importa que face ou ideologia esse mal assuma.
Ao se preparar para uma verdadeira guerra, usando armas com munição não letal, Batman mostra o quão determinado a acabar com as operações de Blackfire ele está. O reverendo e seu exército, finalmente percebem a estupidez de se tentar manipular uma verdadeira força da natureza. Irrefreável e incorruptível.
O roteiro desse clássico e do grande Jim Starlin (criador do titã louco, Thanos), que consegue atravéz dessa história, mostrar o perigo que está em se misturar religião com interesses pessoais. Algo que tem sido muito, muito comum ainda nos dias atuais.
A arte fica por conta do mestre do terror, Bernie Wrightson, que acerta em cheio na atmosfera caótica de uma Gotham dominada e alijada de seu maior campeão.